A guitarra acústica que abre "Seconds" e a acompanha foi uma ideia de The Edge. “uma jogada inteligente”, Bono observa, “há um sentido em que todos na banda queriam ser outra coisa. Adam é uma exceção, mas eu amaria ser um guitarrista, Larry amaria ser cantor e The Edge amaria ser o baterista. Todas essas coisas de guitarra nunca significou muito pra ele.
Eu me lembro de B.B.King falando para Steve Cropper, que é um rhythm player, e ele se virou e disse, “Esse é o maior guitarrista do mundo” apontando pra The Edge, que quase caiu, porque isso é realmente onde ele está. Ele estava trabalhando nisso, e nós estávamos tentando fazer isso acontecer em 'War'."
Adam fez uma boa coisa acontecer com o baixo também, e a canção começa a tomar uma boa forma. “Isso é engraçado”, Bono diz, “muito poucas pessoas mencionam "Seconds". Normalmente não seria considerada uma das grandes canções do U2, mas eu encontrei o vocalista do Oasis, Liam Gallagher. Ele veio até mim e ele estava cantando a linha de baixo de "Seconds". Ele disse: ‘Isso é um encaixe ruim, é um encaixe ruim’. E é”.
"Seconds" é uma tour-de-force de The Edge. Pela primeira vez (de apenas três na história do U2) ele lidera o vocal. Bono calcula que seu parceiro de crime cantando era subestimado: agora que ele estava à frente, um monte de pessoas não conseguem perceber a diferença e assumiram que era Bono nos vocais.
A faixa oferecia ampla evidência de que a tela do U2 estava ampliando. Havia uma ironia musical na justaposição de The Edge na confecção de um vistoso pop acústico com letra sobre a iminência de uma catástrofe nuclear. Há muito humor também em referência a uma faixa por seus colegas de gravadora, Troublefunk: "Eles estão fazendo a bomba atômica/Eles sabem de onde a dança vem?" E em um movimento que, em muitos aspectos estava à frente de seu tempo, eles levantaram uma amostra de um documentário de TV em 1982, intitulado 'Soldier Girls'.
Todo o espetáculo dessas meninas passando por esta incrível rotina de treinamento parecia perfeito para escapar na metade. The Edge disse a Carter Alan na WBCN em 1983: “Não está óbvio, mas se você ouvir melhor você pode ouvir o refrão ‘I want to be an airborne ranger/I want live the life of danger.’ É muito perturbador”.
“Eu me lembro assistindo isso no Green Room em Windmill”, Bono recorda. “Aconteceu de estar ligado e fizemos uma gravação dela. Algumas vezes coisas como essa apenas caem no lugar.”
De qualquer forma, todos os elementos encaixados completam a faixa, curiosamente era reminiscente dos Beatles, uma recomendação positiva na pior das hipóteses. Para não ser superado, um colaborador próximo insiste em que o grupo estava inconscientemente influenciado pelo Human League, que tinham também feito uma gravação com o mesmo nome "Seconds" (sobre o assassinato de John F.Kennedy) em seu álbum 'Dare'. Entretanto, em termos de política global, durante o início dos anos 80, havia razões para acreditar que lunáticos tinham tomado conta do hospício. Sob o regime belicoso de Margareth Tatcher, a americana Pershing Cruise de mísseis tinha sido instalada na Grã-Bretanha. E nos USA, havia a imagem assustadora de Ronald Reagan, um presidente fundamentalista de direita que foi claramente cambaleante e incompetente no negócio. Com seu dedo no botão, você tem a impressão de que o Armagedom poderá ser desencadeado a qualquer momento. Talvez até por acidente.
“Eu sempre me senti fisicamente doente com conceito de restos nucleares”, Bono diz. “Nós somos a primeira geração de pessoas que temos que viver com essa possibilidade. Está tudo ao nosso redor, está em nossas cabeças. E afeta a maneira como as pessoas sentem o mundo. Eu sempre vi em termos apocalípticos. Pela primeira vez, tornou-se possível - é possível - destruir tudo.”
AGRADECIMENTO: ROSA - U2MOFO