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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

U2, por Adam Clayton

Adam Clayton fala sobre cada integrante do U2, sobre ele mesmo, e sobre a banda: "Bono é, sem dúvida, a força motriz. Não importa a forma como tentamos descrevê-lo, as palavras são sempre insuficientes, pois ele é muito mais do que se possa dizer. Afirmar que é apenas um aglomerado de contradições não seria fazer-lhe justiça. Ele é bastante inteligente e competente como estrategista, com uma lógica inflexível, mas não sabe como cozinhar um ovo. Não faz mal, acho que nem sequer está interessado em aprender. Ele tem como poderia ser descrito como a clássica programação Macho Alfa. Não tem qualquer dificuldade em decidir o que quer e esforça-se por consegui-lo. Não vê limitações, apenas possibilidades. De certa forma, ele é o espírito do U2, representa coisas que fazem parte de todos nós.
O Edge também é muito ambicioso e empenhado, mas pode não dar para perceber isso a menos que o conheçam bem, pois é uma faceta ligeiramente turvada para a sua humanidade e bondade. Põe sempre as outras pessoas à frente. É bem capaz de estar concentrado com o seu trabalho, no meio da noite, mas se lhe pedirmos ajuda em alguma coisa, ele nos dedica toda a sua atenção para resolver qualquer que seja o nosso problema. É um amigo e colega fantástico, com uma mente bastante perspicaz. O Bono é mais virado para os resultados enquanto o Edge dá mais importância aos pormenores. Isso origina uma excelente combinação de forças criativas.
O Larry é uma pessoa muito sensível e um amigo fiel. Para ele é tudo preto no branco. Ele pensa no mundo da mesma forma que pensa na bateria: as coisas ou estão no tempo ou estão fora dele, não podem estar ligeiramente no tempo ou ligeiramente fora. A propósito, geralmente, sou eu que estou fora do tempo. O Larry é um amigo muito fiel e um baterista bastante dotado. É difícil perceber como é que ele consegue, pois se limita a aparecer e a tocar. Pode até estar chegando do ginásio, se senta e lá começa ele. Faz com que pareça terrivelmente simples.
Não sei dizer qual é a minha contribuição para o U2. Não é necessariamente a minha forma de tocar baixo. Às vezes, o Edge toca baixo, outras vezes é o Bono. Não é um território exclusivamente meu. Vence sempre a melhor idéia, seja ela de quem for. Mas há algo de especial quando tocamos juntos. É algo inexplicável, mas sempre foi o que mais me entusiasmou. É a base sobre a qual construímos o U2, a faísca de emoção e energia entre nós, e é preciso estar lá para isso acontecer.
Não diria que é divertido gravar com o U2; é trabalho. As sessões não são propriamente preenchidas com gargalhadas e jovialidade. Geralmente, temos o Bono dizendo que fomos um fracasso – e ele se inclui nesse grupo. A atmosfera no estúdio é tensa. Temos de avaliar as coisas de forma bastante rápida e, a menos que seja algo brilhante, nunca está suficientemente bom. Por vezes pode ser um mau ambiente para se trabalhar. Temos de estar preparados para defender as nossas idéias ou para recuar quando estas estão a ser criticadas de forma fundamentada. O processo de criação é exaustivo. É como se tivéssemos de experimentar todas as possibilidades e explorar todos os percursos até estabelecermos uma versão final."
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