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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Quando o U2 quase se separou em 1981

O álbum 'October' refletiu o momento em que o U2 quase se desfez devido à dedicação de Bono, Edge e Larry ao Cristianismo carismático, para o desapontamento de Adam e Paul McGuinness.
Edge, Larry e Bono estavam em dúvidas sobre se era legal para eles como Cristãos, dedicarem a vida a uma banda de rock."
"Era conciliar duas coisas que pareciam para nós, naquele momento, ser mutuamente exclusivas," diz Edge. "Nós nunca resolvemos as contradições. A verdade é esta. E provavelmente nunca iremos. Há ainda mais contradições agora.
Mesmo na época de 'October', o U2 resistia a falar em público sobre a sua Cristandade.
"Eu ainda estava muito nervoso com relação ao rótulo de Cristão," diz Edge. "Eu não tenho problemas com Cristo, mas eu tenho problemas com muitos cristãos. Este era o problema. Nós queríamos nos dar a chance de ser vistos sem isto pairando sobre as nossas cabeças. Eu não acho que estamos preocupados com isto agora. Também, naquela época estávamos passando pela nossa fase mais aberta, espiritualmente. Era incrivelmente intenso. Nós estávamos tão envolvidos naquilo. Foi uma fase das nossas vidas onde estávamos realmente concentrados naquilo mais do que em qualquer outra coisa. Exceto o Adam, que simplesmente não estava interessado."
O distanciamento de Adam do resto da banda naquela época era fácil de notar. O cara mais interessado na diversão em ser um rockeiro encontrou-se na ridícula posição de finalmente ver a sua banda ter um contrato de gravação, fazer turnês internacionais e começar a construir uma grande reputação - quando os outros três caras começaram a falar em rejeitar tudo aquilo. Adam não estava contente. Um amigo de Bill Flanagan tinha recentemente sido forçado a sair de uma grande banda estava passando uns tempos em sua casa, quando se deparou com 'October'. Ele olhou para a foto da capa, apontou para o Adam, e disse, "Este cara vai ser dispensado. Olha como os outros três estão formando um círculo e ele está fora."
Bill disse isto ao Edge e ele ficou surpreso. "Bem, ele estava errado, mas também estava certo," diz Edge sobre a análise do amigo do amigo. "Nós nunca cogitamos despedir o Adam. Isto teria sido completamente ridículo. Mas, eu acho que o Adam se sentia meio isolado, marginalizado durante aquele período. Não era a nossa intenção fazer aquilo, mas eu suponho que era inevitável que ele se sentisse um pouco como o cara esquisito."
Mesmo depois de Bono e Larry decidirem que estava bem continuar com o U2, por umas duas semanas em 1981 espalhou-se o rumor que Edge havia desistido. Bill Flanagan: "Eu lembro de um silêncio completo nas comunicações descendo sobre o acampamento do U2, ao final do qual eu recebi um telefonema da Ellen Darst dizendo que o fogo tinha se extinguido, o Edge continuava no grupo."
"Eu, na verdade, não abandonei a banda," diz Edge, "mas houve um período de duas semanas em que eu coloquei tudo em espera e disse: 'Neste momento, em minha consciência eu não consigo continuar nesta banda. Portanto esperem. Eu quero me afastar e pensar sobre isto. Eu apenas preciso de umas duas semanas para reavaliar para onde estou indo e se eu posso realmente me comprometer com esta banda ou se este é simplesmente o momento para eu me afastar." Porque nós tínhamos muita gente nos nossos ouvidos dizendo: 'Isto é impossível, vocês são Cristãos, vocês não podem estar numa banda. É uma contradição e vocês têm que ir por um caminho ou por outro." Eles disseram muitas coisas piores do que isto também. Então eu queria apenas descobrir. Eu estava enjoado de pessoas que na verdade não sabiam e eu sem saber o que era certo pra mim. Então eu tive duas semanas. Em um ou dois dias eu simplesmente soube que aquilo era bobagem. Nós eramos a banda. Ok, é uma contradição para alguns, mas é uma contradição com a qual eu sou capaz de viver. Eu simplesmente decidi que eu ia viver com isto. Eu não ia tentar explicar porque eu não podia. Então eu segui em frente a partir daquele ponto, e foi ótimo no sentido de eu me livre de todas aquelas idiotices. Era tipo: 'Acabou-se. Certo, esta banda vai em frente, não há dúvida na cabeça de ninguém.' Então fomos em frente.
"Eu lembro de caminhar pela praia e dar a notícia para o Bono. 'Ouve, amigo, eu realmente preciso pensar sobre isto. Eu não consigo ir em frente se eu não conseguir entender.' Ele tipo que olhou pra mim e eu pensei que ele ia sair da real, mas na verdade ele disse: "Ok, tudo bem. Se você não está a fim, não está a fim. Nós vamos desfazer a banda. Não faz sentido irmos em frente.' Eu acho que ele se sentia exatamente como eu, simplesmente queria saber que caminho seguir. Então, uma vez tomada a decisão, seria assim, não haveria mais dúvidas, não haveriam mais questionamentos. Não haveria mais aceitar o conselho dos outros. Este era o caminho que tínhamos escolhido."
"Eu acho que mudamos muito as nossas atitudes desde aquela época," diz Edge. "A fé central e o espírito da banda é o mesmo. Mas eu tenho cada vez menos tempo para a legalidade. Eu apenas vejo que vivemos uma vida de fé. Não tem necessariamente nada a ver com as roupas que você veste ou se você bebe ou fuma ou com quem você convive ou não convive."

Do livro: U2 At The End Of The World, de Bill Flanagan

Tradução: Fórum Ultraviolet Brasil
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