Especial 15 anos de Popmart no Brasil - Parte 05
Em agosto de 1997, Franco Bruni, piloto da empreitada para trazer o U2 pela primeira vez ao Brasil (e a quem todos os fãs do U2 deveriam ser eternamente gratos), contratou o escritório de advocacia Carnide & Associados para prestar assessoria jurídica e tributária para a vinda da banda ao país.
O show do U2 no Rio de Janeiro tinha sido anunciado para o Estádio do Maracanã. Mas em 8 de janeiro de 1998, 19 dias antes da apresentação, e com ingressos já vendidos, os organizadores da turnê do U2 no Brasil, Franco Bruni e Fran Tomasi, anunciaram que o show havia sido transferido para o Autódromo Municipal Nelson Piquet, em Jacarepaguá.
Segundo Bruni, o motivo da mudança foi técnico: o túnel de acesso à pista do Maracanã não dava passagem ao guindaste utilizado na montagem do palco.
A Suderj (Superintendência de Desportos do Rio de Janeiro), administradora do estádio, apresentou outra versão. O presidente da Suderj, Raul Raposo, disse que recebeu fax de Bruni pedindo desconto de R$ 40 mil para alugar o estádio.
No fax, segundo Raposo, Bruni justificava o pedido afirmando que as vendas estavam ruins e só 7% dos 120 mil ingressos tinham sido vendidos.
Mas segundo os próprios produtores, haviam sido vendidos 20 mil ingressos até aquela data.
Os produtores já haviam pago à Suderj R$ 125 mil pela reserva do estádio. Segundo Raposo, a quantia seria abatida do total do aluguel do estádio (aproximadamente R$ 280 mil, que seriam pagos em janeiro mesmo). Com a transferência do show, os R$ 125 mil não foram devolvidos aos organizadores.
Na entrevista realizada, os produtores negaram qualquer problema com o aluguel e atribuíram a mudança ao guindaste.
Ainda segundo Franco Bruni na mesma entrevista, seria pouco provável que haveria uma banda de abertura tocando antes das apresentações do U2 no Brasil, o que não aconteceu, claro.
Paul McGuinness ficou irritado com toda a situação e declarou: "O promotor anunciou a mudança de local (do Maracanã para o Autódromo) à imprensa antes de comunicar a banda".
Irritado com as declarações do empresário do U2, o promotor Franco Bruni afirmou que toda a negociação foi feita com a TNA, empresa responsável pela turnê internacional do U2. "Devo satisfações à TNA e não a ele", disse. De acordo com McGuinness, o cancelamento do show no Rio chegou a ser considerado pela banda. "Tudo o que queriamos era tocar no Maracanã", afirmou.
Bruni também disse que a TNA errou no planejamento da distribuição do público e na iluminação dos portões.
"Nessa parte de ingresso, eu não meto a mão. Eu acho que eles erraram. Os técnicos vieram aqui e viram que lugar era melhor. Eles estão nisso", afirmou.
Desde o anúncio da mudança do show para o autódromo, ficou claro o desentendimento entre Bruni e os produtores internacionais.
Bruni disse que não tinha números de bilheteria, porque, desde o início das vendas, a C&A -onde os ingressos eram vendidos- repassou os dados com atraso.
Bruni insistiu que o autódromo era mais adequado para sediar o show que o Maracanã. "Veio quem quis, eu avisei que devolveria o valor do ingresso, não avisei?".
Sobre o fracasso do esquema de trânsito e estacionamento, Bruni disse que as autoridades públicas haviam sido avisadas. "Não tenho culpa de engarrafamento", afirmou o produtor.
Segundo ele, a realização do show numa terça-feira foi uma exigência de adequação à agenda do U2.
Apesar de todos os problemas, Paul Mcguinness declarou: "O show do U2 tem várias surpresas, mas a principal delas é a música".