PARA VOCÊ ENCONTRAR O QUE ESTÁ PROCURANDO

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Segredo Revelado: Alice Pink Pank gravou vocais para "Shadows And Tall Trees" do U2


"Uma garota holandesa em uma banda new wave brasileira no começo dos anos 1980? Que estranho!", admirou-se alguns anos atrás o colecionador de discos e DJ holandês Jorn Konijn quando soube de Alice Vermeulen — a Alice Pink Pank , bailarina, cantora e tecladista que viveu entre São Paulo e Rio na primeira metade dos 80 e foi tanto uma das absurdettes da Gang 90 quanto um dos Ronaldos, banda de Lobão.
Musa de duas célebres canções do rock brasileiro ("Noite E Dia", para ela e Marina Lima, parceria dos seus ex-namorados Lobão e Júlio Barroso, o líder da Gang; além de "Me Chama", de Lobão), Alice acabou sendo encontrada por Jorn nas redes sociais e a ele confiou suas memórias. Elas serviram de base para o volume da série 'O Livro Do Disco', da Editora Cobogó, sobre 'Essa Tal De Gang 90 & Absurdettes' (1983), álbum de estreia da banda, que recentemente voltou aos palcos.
Alice, o escritor, Luiz Fernando Borges (produtor do LP) e o jornalista Antonio Carlos Miguel participam de um bate-papo quinta-feira, às 19:00, na Residência do Cônsul-Geral dos Países Baixos, na Lagoa, no lançamento carioca do volume.
Hoje aos 59 anos, trabalhando na Holanda como Coach de Mindfulness, Alice é mãe de Lotte, moça de 22 anos. E não canta mais.


— Ninguém está interessado em ver uma mulher envelhecida no palco — diz ela, com o bom bocado de português que lhe resta, em entrevista por WhatsApp.
Há 17 anos sem vir ao Brasil, Alice estava ansiosa pelo reencontro com os amigos que fez no país, desde que chegou em 1980, aos 20 anos, animada com o relato de uma amiga paulistana. Garota aventureira, que anos antes em Dublin conhecera o iniciante grupo U2 (e chegou a gravar vocais na música "Shadows And Tall Trees" de 'Boy', o álbum de estreia), ela caiu em São Paulo diretamente na danceteria Pauliceia Desvairada, cujo DJ era Júlio Barroso.
— Ele me viu dançando e pensou "quem é essa menina?" — conta Alice, que não demorou a ser enredada para virar não só uma absurdette mas também sua namorada.
Com um novo nome (que pegou emprestado de Liesel Pink-Pank, bailarina alemã da década de 1930), ela viveu com a Gang toda a rotina de sexo, drogas e rock’n’roll da época. De quebra, aproveitou o sucesso de músicas como "Perdidos Na selva", "Telefone" e "Nosso Louco Amor". E ainda posou duas vezes para a Playboy:
— Na primeira vez, fiquei meio em dúvida e não achei muito bom, eu estava muito nua. Na segunda, fui eu que disse como queria fazer, e recebei bastante dinheiro por isso. Foi uma foto com as outras meninas do rock.
Quando o caso de amor com Julio Barroso (que morreria em 1984 ao cair da janela do apartamento, em São Paulo) ia ladeira abaixo, ela conheceu Lobão. Os dois se apaixonaram e comporiam juntos músicas que entraram no LP 'Ronaldo Foi Pra Guerra' (1984). Mas a mais famosa do disco, o cantor fez sozinho numa noite, esperando por um telefonema de Alice, que tinha ido visitar a família na Holanda: "Me Chama".
— Na época eu nem sabia que ele tinha composto ela para mim — revela a holandesa, que resolveu voltar de vez para casa depois de acabar o namoro com Lobão e de ter um compacto solo engavetado pela gravadora. — Mas eu tinha muitas saudades do meu país. E estava cansada de tanta festa.

Do site: O Globo
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...