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terça-feira, 16 de maio de 2017
Um olhar através da 'The Joshua Tree Tour 2017' - Parte I
Tour Review: 'The Joshua Tree Tour 2017' - Por Sherry Lawrence, do site @U2 (www.atu2.com)
A 'The Joshua Tree Tour 2017' teve início em Vancouver, que é um local estranho para iniciar uma turnê que se trata de uma viagem ao coração das Duas Américas — uma frase cunhada em materiais promocionais para 'Rattle And Hum', que documentou a turnê de The Joshua Tree de 1987 do U2. Logísticos, sendo o que são, a banda encontrou o BC Place para ser um local que eles poderiam passar mais do que apenas a noite de abertura, então a cidade trabalhou para eles. O local foi decorado com materiais promocionais em suas paredes, mastros e telas digitais. Cartazes de concertos foram colados em placas de sinalização. A publicidade pôde ser encontrada na parte traseira de Moto Táxi, acima de locais publicitários onde ficavam bicicletas de aluguel, e em telas digitais no centro da cidade.
Há duas semanas, moradores no centro de Vancouver vinham ouvindo os ensaios vazando do local — tão alto que pelo menos um hotel no local ofereceu protetores para os hóspedes, para combater o "ruído sonoro".
Usando Vancouver para estas preparações, pode ter tirado do U2 alguma pressão, porque eles poderiam atrasar a elaboração da sua carta de amor para a América. The Joshua Tree foi inspirado pelas viagens da banda em todo o país em meados dos anos 80. A vastidão das diferentes paisagens, todas interligadas em um continente geograficamente coeso, foi um pano de fundo que nos últimos 30 anos definiu a interpretação visual do álbum.
É onde começa a 'The Joshua Tree Tour 2017'. O U2 começou o show no meio de mais de 40.000 pessoas no BC Place, tocando no Tree Stage, o palco da árvore (ou B Stage) para as cinco primeiras músicas. Era como se eles fossem um de nós, descendo ao nosso nível (o palco da árvore é muito menor e mais baixo do que o palco principal), começando com "Sunday Bloody Sunday" e iniciando a conversa com o público dizendo: "Não acredito nas notícias de hoje..." cada membro foi se posicionado em uma parte diferente da árvore, quebrando a quarta parede desde o início. Luzes brancas inundavam o estádio cada vez que a linha "hoje à noite, seremos como um" era cantada para destacar essa abrangência. O mesmo tratamento aconteceu durante "New Year's Day" com a linha "eu estarei com você novamente". Ambas as canções são bem conhecidas para o público, as fizeram se mexer no estádio. Estas duas músicas com temas políticos do álbum 'War' partilham um sentimento semelhante ao que os EUA estão sentindo neste momento: quanto tempo devem cantar esta canção? Porque nada está mudando.
Se a guerra não é a resposta, então o que pode nos trazer essa paz que estamos procurando? Vêm "A Sort Of Homecoming", a faixa de abertura de 'The Unforgettable Fire'. Pessoas estão fugindo da guerra e conflitos, à procura de casa. "Vamos construir uma ponte entre o mar e a terra" — compromisso e conexão. "Esta noite com você, eu estou indo para casa." As próximas duas músicas, "MLK" e "Pride (In The Name Of Love)", continuam essa transição pacífica para a coexistência e compromisso. Com o U2 ainda no palco da árvore, o telão finalmente ganha vida com palavras sendo roladas, começando da direita para a esquerda durante o "Pride (In The Name Of Love)", com partes de discursos do Dr. Martin Luther King e palavras simples tais como "cantar", "compaixão" e "promessa".
Ouvir as cinco primeiras músicas traz um sentimento como o de estar em uma igreja quando se canta músicas de adoração à frente do sermão do pastor. As músicas são para preparar o coração, alma e mente para receber o espírito através do ensino do pastor. A participativa abertura para o show foi projetada para nos preparar para as próximas 11 canções, que todos estavam lá para ver na sequência.
Quando a banda sobe para o palco principal no início de "Where The Streets Have No Name", a tela ficou vermelha, evocando a mudança de preto e branco para o colorido que foi visto no filme 'Rattle And Hum'. No primeiro dos muitos acenos de nostalgia da noite, silhuetas em preto da banda contra o pano de fundo vermelho levam você de volta para 1988. Como um bônus, eles até atravessaram a frente da tela e assumiram as suas posições no palco principal, de forma semelhante ao filme-concerto. Traz uma euforia enorme para aqueles fãs mais geeks do U2!
Quando o telão foi totalmente preenchido com o primeiro filme da noite, se tornou semelhante a um simulador de realidade virtual quando o primeiro verso da canção começou. A imensidão da tela, combinada com a clareza e a resolução, fazia sentir como se estivesse realmente se movendo ao longo da estrada por trás da banda.
Para a totalidade da música, você estava apenas indo junto em uma paisagem em preto e branco em uma rua sem nome, passando por pessoas que estavam andando ao lado dela. A banda não era o foco da performance: a estrada era. Era o início desta jornada através do coração das Duas Américas (o álbum chegou a ter o título de trabalho de 'The Two Americas'). Pouco sabemos o que descobriremos ao longo do caminho.
"I Still Haven’t Found What I’m Looking For" teve um tratamento semelhante, onde a banda não era o foco. Em vez disso, o filme que acompanhou a performance nos levou através de uma espécie de viagem etérea através de diferentes tipos de cenas da natureza em preto e branco da região centro-oeste dos Estados Unidos. Neste ponto, as pessoas nas cadeiras começaram a sentar. A banda não estava animadora, eles queriam que as pessoas absorvessem aquilo. Estar consciente do que está em sua volta e dar um passo atrás para olhar ao seu redor.
A mudança para um filme colorido em "With Or Without You" foi simbólica. O filme retratou um dia na vida de uma paisagem montanhosa em Midwest com pontos altos e baixos, uma região plana entre dois conjuntos de montanhas. "With Or Without You" é sobre relacionamentos — nada é preto e branco. O ambiente da cor de ferrugem também pode simbolizar a questão da terra ter que viver entre nós. O tema da interconexão, que todos se encaixam nesta "paisagem de sonho" (de "A Sort Of Homecoming"), redefine "With Or Without You". A apresentação fez a música parecer maior do que as relações pessoais. A própria terra está se transformando em nós: aquecimento global, doenças, fome, extinção.
O 'The Joshua Tree 2017 Tour Book' dedica 12 páginas (mais de um terço do livro) para a história de "Bullet The Blue Sky". Nos últimos 30 anos, é uma canção que as pessoas comentam no dia seguinte sobre a performance, por causa da intensidade da mesma. A banda parecia ter uma abordagem mais sutil desta vez. Ao contrário do que muitos esperavam, não tivemos o discurso retórico estilo o apresentado no Dreamforce em 2016. Muito pelo contrário: A banda voltou para a performance de 1987 da canção, mais verdadeira, sendo o centro único das atenções, e com a coreografia de 'Rattle And Hum'.
A pose da arte da capa de 'Rattle And Hum' até foi replicada.
O filme que a acompanha começou em tela cheia com pessoas ao lado de um velho abrigo fechado. O abrigo tem uma bandeira americana, que poderia simbolizar como o país é fechado e incapaz de abrigar o viajante cansado. Então a tela é dividida em três, com um close-up de um indivíduo de um lado, e um foco de todo o corpo do outro. Indivíduos de várias origens (idade, raça, sexo) foram vistos vestindo um capacete de guerra na frente à uma bandeira americana pintada, com olhares frios, sem emoção, fazendo você pensar sobre sua finalidade e motivação (voluntariamente ou forçado) para colocar o capacete. No centro da tela, há imagens da câmera ao vivo da performance, semelhante ao efeito de "Raised By Wolves" na iNNOCENCE + eXPERIENCE, mas com mais caos. O esquema de iluminação é vermelho, branco e azul (as cores da bandeira americana). O solo de guitarra de Edge, que é normalmente com a luz vermelha, agora é azul: uma cor mais fria, mas uma chama mais quente. A raiva e a angústia é direcionada através da guitarra, não um discurso verbal. O holofote de luz que Bono usa também tem uma câmera anexada, então quando ele aponta o foco para si mesmo, a mudança de perspectiva se parece mais com um relatório de primeira mão do que está acontecendo no momento. Desta vez o foco em "Bullet The Blue Sky" não é o personagem que o cantor retrata, mas um pouco sobre o que está acontecendo na realidade e o cantor como historiador documentando-o. Desde a ZooTV, "Bullet The Blue Sky" tem sido cantada por meio de um personagem. Agora eles redefiniram a canção e a performance.
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