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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
A história de Matt Simmons na noite em 1985 que tocou com o U2
Imagine isso: você tem 15 anos, um desengonçado colegial usando um shorts, tênis rosa e um poderoso mullet e abandonou a sala de aula só para ver a banda de rock mais quente do mundo. No meio do show, o vocalista escolhe você — você! — de uma multidão de 11.200 pessoas, e o puxa no palco para tocar com a banda.
Matt Simmons tem de imaginar. Muito.
Ele agora tem mais de 40 anos de idade, e ele mesmo não consegue adivinhar quantas vezes ele foi convidado para contar sua história. Às vezes deseja que ele não precisasse fazer.
"Não quero que essa coisa que me aconteceu quando eu tinha 15 anos, me defina como uma pessoa", diz Simmons, de São Petersburgo. "Ninguém gosta de admitir que aos 15 anos aconteceu algo que foi a maior coisa".
Ainda assim, quem poderia esquecer a noite que chegou a tocar com o U2?
Na primavera de 1985, na Lakewood High School, Simmons tocava sua Fender Stratocaster 1979 usada, há dois anos. Ele gostava do Rush e tinha visto shows do Kinks, Stones e Who.
A irmã mais velha de Matt, Rosemary, funcionária da Asylum Records, o apresentou ao U2 através de discos importados e bootlegs ao vivo.
"Eles estavam realmente fazendo algo diferente", disse Simmons. "Com o Rush, foi tudo sobre o heroísmo da guitarra. The Edge estava fazendo coisas realmente simples, mas que serviam as músicas, criando uma atmosfera e clima".
Então chegou o dia 2 de maio de 1985. U2 no USF Sun Dome em sua turnê The Unforgettable Fire. Matt e Rosemary, de 17 anos, faltaram à aula, chegaram cedo e garantiram um lugar na frente. E na medida que o U2 tocava I Will Follow, Sunday Bloody Sunday e New Year's Day. eles se aproximavam cada vez mais do palco.
Mais a frente no show, Bono — que é conhecido pelas suas não habilidades na guitarra — entra para o bis carregando uma de seis cordas, dedilhando quatro acordes básicos: G, D, A-menor e C. "Esses quatro acordes numa guitarra são mais importantes do que todo esse equipamento de iluminação, amplificação, estádios chiques, tudo", diz ele. " Porque eles são os mesmos quatro acordes que alguém na plateia que tem uma guitarra de seis cordas pode tocar".
O bit serve como introdução para uma das canções mais simples da história da música rock: Knockin' on Heaven's Door de Bob Dylan.
Depois de alguns versos, Bono entra no assunto outra vez. "Algum guitarrista aqui?"
"Multidões de pessoas levantaram suas mãos", Simmons conta. "A diferença foi que eu tinha algumas pessoas em volta de mim, meus amigos, e eles sabiam que eu tocava guitarra. Então eles estavam apontando para mim".
Bono olhou Matt, e então, pediu aos seguranças para puxá-lo para o outro lado da barricada. O vocalista então entregou a guitarra nas mãos de Matt e sussurrou os acordes em seu ouvido. "Esperem para ver isto!", Bono gritou para a multidão.
A música toma corpo. Simmons segue os acordes. E para surpresa da banda, flui, ele não tem problemas com os acordes. O garoto está tocando com o U2.
Então Bono deixa o palco. O mesmo acontece com o baixista Adam Clayton e com The Edge. Por um momento, ficam apenas Simmons e o baterista Larry Mullen Jr. tocando para os fãs.
Mas em breve Simmons tem um momento de pânico: ele não se lembra de como a música termina.
"Ia ser um grande final rock n roll, dava pra sentir aquilo chegando. E olhei para o Edge e ele inclinou o pescoço dele e me olhou tipo, vai ser um G".
É a memória que mais tem destaque para Simmons — um dos maiores guitarristas ao vivo, o vendo tocar, lendo sua mente, empurrando-o na direção certa. É o momento que ele percebeu que ele estava, na verdade, tocando com a banda e que ele não era apenas um rapaz que acertou na loteria dos concertos de rock.
Seu tempo no palco durou dois minutos e vinte e três segundos — e, de certa forma, os próximos 40 anos.
"Depois disso", Simmons ri, "eu era uma grande coisa".
Uma jornalista foi atrás dele na escola no dia seguinte (ele estava usando uma camiseta do show do U2). Algumas bandas o chamaram para se juntar a eles. "Não se transformou em un contrato de gravação, para minha surpresa", diz ele.
Pessoas reconheceram-o em público. Na verdade, ainda reconhecem. O Facebook o ajudou a se conectar com os fãs que estavam no concerto, incluindo um que enviou para Simmons uma foto de si mesmo no palco.
Desde então, Simmons tem tocado com várias bandas locais. Hoje em dia ele é um guitarrista do Semis, uma banda de rock de São Petersburgo conhecida pelo seus shows selvagens.
Simmons — agora casado e um diretor de TI para a Pinellas Realtor Organization — diz que tocar com Bono e The Edge foi o catalisador para uma vida de fazer música. Mas ele não assiste mais o U2.
U2, diz ele, ficou um pouco grande demais para ele.
Do site: Tampa Bay Times
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