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terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
30 Anos de 'The Joshua Tree': como Brian Eno mudou o U2
EU NÃO QUERIA QUE THE JOSHUA TREE SOASSE COMO UMA BANDA
Como Brian Eno mudou o U2
Por Brian Eno
Eu não conhecia muito sobre o U2 antes deles entrarem em contato comigo para 'The Unforgettable Fire', conhecia uma ou duas de suas canções. Eu gostava muito de "Sunday Bloody Sunday". Eu estava vivendo na América do Norte naquele tempo e eu não estava pensando muito sobre produzir. Na verdade, fui pego de surpresa quando eles foram colocados em contato comigo.
Lembro-me da primeira conversa que estive no telefone com eles, eu falei com Bono: "a única coisa é que, sabe, se eu trabalhar com você, provavelmente vou empurrar a música para uma direção completamente diferente." Ele me disse: "isso é exatamente o que queremos fazer", mas ainda assim me senti muito cauteloso sobre isso porque eu sou muito teimoso. Nunca fui esse tipo de produtor que se senta lá e que sorri com algo que está acontecendo e não está gostando. Sempre acreditei que a minha responsabilidade é de tentar fazer a melhor música possível que você possa imaginar.
Viemos de diferentes origens musicais. Eu estava caminhando para uma música mais calma e tranquila, que foi o contrário de onde queriam ir. Eles tinham um plano de carreira óbvia na frente deles, que eles queriam tomar e não fizeram. Eles queriam fazer algo mais do que isso.
A relação de trabalho, como de costume, precisava de tempo para se estabelecer. Os diferentes papéis que as pessoas tomaram foram muito rápidos. Claro, Bono é muito ambicioso e visionário. Uma das coisas que me impressionou sobre a banda era que eles eram muito relutantes em se contentar com algo menos do que absolutamente brilhante. Eles são muito trabalhadores. Muito determinados e obstinados. Quase teimosos. Você tende a pensar, Deus, eles dificultam as coisas para eles mesmos as vezes.
Uma das coisas que eu trouxe comigo foi que a música moderna é feita nos estúdios. Então você possivelmente perde muitas oportunidades se você só ensaiar sua música e você ficar na frente de microfones e interpretá-las. Um monte de coisas que eles estavam ouvindo e apreciando, musicalmente, realmente eram produtos de estúdio, por exemplo, gravações do Talking Heads. Eles começaram a compreender que existem essas coisas que você pode fazer em estúdios, que não poderiam ser feitas de outra maneira.
Eu não queria que 'The Joshua Tree' soasse como uma banda, nunca fico feliz quando eu ouço a música e vem uma imagem na minha cabeça de quatro pessoas tocando instrumentos. O que eu quero é algo diferente disso. Quero algum tipo de filme. Sempre quis criar grandes imagens nas mentes das pessoas e uma das maneiras em que eu pensei foi dizer, não quero que a música tenha uma moldura clara. Não quero que as pessoas só ouçam a guitarra, baixo, bateria e voz. Eu quero que esses sons sejam localizados em um mundo sônico de alguma forma. Isso foi o que pensei - tentar expandir a música de alguma forma, tornando a imagem muito maior.
Revista MOJO - Edição N° 281
Do site: U2 News (noticierou2.blogspot.com)
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