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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Experiência: A entrevista com Adam Clayton em Vancouver


Steven Hyden, do site Grantland, entrevistou Adam Clayton nos bastidores da Rogers Arena em Vancouver, horas antes da segunda apresentação do U2 no local pela turnê iNNOCENCE + eXPERIENCE.
Ele fala sobre o público na nova turnê, sobre o lançamento de 'Songs Of Innocence', sobre a volta ao passado nas letras do disco, sobre a nova maneira que os álbuns são lançados e as canções são obtidas, sobre o porque do U2 querer lançar discos e como pode ser o futuro da banda.

O U2 é uma raridade em que sua marca é forte o suficiente para vender ingressos, onde quer que eles toquem. Gary Bongiovanni da Pollstar me disse: "são uma atração global. Eles podem tocar na Estônia ou leste da Austrália, não importa."
Esperando por mim dentro da sala de recepção está Adam Clayton. Ele me cumprimenta calorosamente, oferecendo-me um assento no sofá enquanto puxa uma cadeira de escritório para si mesmo.
"Olhando para o público, eles pareciam um público muito revitalizado do U2", disse Adam sobre a noite de abertura da turnê. "Eles pareciam mais jovens ou os mesmos que a última vez que saímos em turnê. A maneira que o álbum foi lançado para as pessoas, acho que muitas delas ouviram as músicas. Acho que é um grande álbum. Acho que todo mundo realmente se esforçou para fazer um grande disco. Eu acho que o Bono foi para um lugar que foi doloroso e difícil e ele foi lá e ele tem coisas realmente boas que estão nestas canções."
"Acho que é sempre um pouco perigoso quando artistas voltam tão longe, porque sempre estávamos cientes de que tínhamos que evitar sermos nostálgicos. Tínhamos que ter um motivo para voltar. A razão da volta para o anos de formação da banda foi que tínhamos que entender como chegamos onde estamos agora. Lembro-me o tipo de fé cega e a ignorância que tivemos onde estávamos e o que era a nossa visão. Eu acho que as canções representam uma ingenuidade e uma fragilidade, mas também uma força e uma veracidade que às vezes você não se dá o crédito."

A estratégia de lançamento de 'Songs Of Innocence' resultou de um melancólico desejo de reviver um mundo desaparecido.
De certa forma, o U2 tentou recriar condições de mercado que beneficiaram discos como 'The Joshua Tree' de 1987, 'Achtung Baby' de 1991, e 'All That You Can't Leave Behind' de 2000, que estabeleceu canções nas paradas de rádio populares e continuou a manter uma presença na cultura por meses, até anos depois.
O objetivo de U2 foi tentar transformar de forma igual, 'Songs Of Innocence' em um evento.
Adam Clayton disse: "Eu me sinto parte de um mundo diferente, onde costumávamos ver os álbuns serem lançados, estávamos acostumados a ver faixas indo para as rádios e aqueles álbuns se tornariam cada vez mais populares. Este novo jeito, eu realmente não entendo. Estamos fazendo parte de uma geração que já não obtém música da maneira que nós gostamos de ouvir. Isso significa que todos os outros que obtém a sua música de uma forma diferente não estão experimentando a intensidade de uma experiência? Eu realmente não sei a resposta para essa questão.
Acho que, infelizmente, o que vemos acontecer é, álbuns como coleções de música tinham um significado cultural que contava uma história e conectava com as pessoas, e agora tem esse papel de enchimento de mídias sociais. Música não tem mais aquele lugar social ou político na comunidade. Passou a ser uma novidade e uma trilha sonora porque acho que não há mais qualquer lealdade verdadeira investida. É uma relação diferente."

O que motiva o U2 à continuar fazendo gravações?
"Bem, em parte, a resposta é, é a única coisa que faço. Eu amo música. Eu amo ouvir música. Eu amo fazer música. Isso não vai mudar. Se não fosse com o U2, não sei o quanto motivado eu estaria, mas eu ainda encontro um zumbido no modo que Larry toca bateria, no modo que Edge escreve canções, como Bono canta elas. É gratificante e estimulante pra mim. Talvez um dia não será. Por enquanto é estimulante, as ambições para a música podem mudar, mas a apreciação verdadeira não."

O que quer dizer "as ambições para a música podem mudar"?
"Você pode fazer música por razões diferentes. Até agora, inclusive este álbum, queríamos fazer música em que poderíamos nos comunicar com mais pessoas, que pode ser tocada no rádio. Estávamos conscientes de que queríamos ser relevantes desta vez. Isso não é algo que sempre queremos. Temos um público muito fiel, poderoso e inteligente. Talvez façamos música só para eles no futuro. Podemos não querer nos conectarmos com outras pessoas."

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