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quinta-feira, 7 de maio de 2015

A peça de Bono chamada 'Rage Is Not A Great Reason To Do Anything But It’ll Do'


Em entrevista para Oprah na década de 2000, Bono disse: "Eu tenho muito pouca memória da minha infância, então quando criei os meus filhos, as memórias voltaram de maneiras muito bizarras. Como quando você está cantando uma canção para seu bebê e não sabe por que você se lembra dela, mas de alguma forma você faz. Você nem sabe a melodia, mas de alguma maneira canta.
Eu pensava que meus 20 anos de idade foram turbulentos, mas não sabia que a turbulência real vinha mais tarde na vida quando você tem uma chance – quer seja através de seus próprios filhos ou outros – para revisitar o que fez você ser quem você é."
Foi então que Bono revelou: "Eu escrevi uma peça sobre isso, chamada 'Rage Is Not A Great Reason To Do Anything But It’ll Do' (A Raiva Não É Um Grande Motivo Para Se Fazer Algo, Mas Eu Vou Fazer).
É uma história minha aprendendo a escrever canções quando criança. Não fui para a escola de música, porque eu não era deste tipo de família e lembro-me da frustração de ouvir uma melodia na minha cabeça, mas não ser capaz de tornar aquilo real. Então você aprende a confiar em outras pessoas – a banda – e você começa a pensar que é uma fraqueza. Mas é uma força para contar com os outros."

Bono leu sua peça em 2003, no Rockefeller Center, durante um leilão de pinturas de Peter & The Wolf, um livro com desenhos feitos por Bono, Jordan e Eve:

"Eu tenho uma lista de frustrações usuais com Deus e Deus comigo. Lá no topo da lista das coisas que me motivam está a distância entre onde estou como compositor e onde eu quero estar. A diferença entre a nota e a traste, suponho. Tive algumas dificuldades no meu caminho para ser um músico, se é isso que eu sou — às vezes não sei se sou — mas eu me lembro de estar com minha cabeça bem abaixo do nível das teclas pretas e tabaco do piano da minha avó e eu poderia alcançá-las, mas eu não podia vê-las. Literalmente, minha cabeça estava bem abaixo delas. E eu podia ouvir o martelo bater a corda e a máquina de osso, mas eu não sabia que depois de escolher um marfim, eu podia ouvia uma espécie de rima para ela na minha cabeça, levando-me através do ding e clangor das escolhas para uma melodia. Uma composição. Uma canção escrita por acidente. E se eu ficasse sobre o pedal de sustentação no piano, a sala mudaria para o formato de uma catedral. Eu soube então que a música é um playground, que para o resto da minha vida, eu vou estar perseguindo-a. Reverb, eco, o som da sua voz. O único problema era que eles venderam o piano. Não havia lugar. Dois pra cima, dois pra baixo, do lado de fora do toalet, tijolo vermelho para música. Eu perdi o argumento para trazê-lo para nossa casa em Ballymun. Eu queria aprender a tocar as melodias que ouvi na minha cabeça. Pobre Bono. Não, pobre vocês. A megalomania para mim começou em uma idade muito precoce, provavelmente esta idade. Todo mundo vai ter que pagar por isso.
Todo mundo vai ter que me ouvir. Vingança como esta leva uma vida inteira. Vingança contra meu pai, um belo tenor que conduziu nosso estéreo com agulhas de tricô e um homem que nunca imaginou que música pode ser transmitida através do DNA, como sua dor nas costas ou seu mau humor, e nunca se preocupou em nos incomodar sobre a aprendizagem de um instrumento. Vingar-se de educação musical, que ensina as crianças a imitar, ao invés de criar. É bom conhecer a voz dos mestres, mas não para ter sua própria voz abafada."
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