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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Ellen Darst: Uma Guia Nativa

Do livro "U2 At The End Of The World", de Bill Flanagan

"Observando a poderosa empreitada da ZooTV, eu tenho que me abanar para relembrar que em 1981 eu precisei apenas do meu pequeno e ferido Dodge Dart para transportar o U2, eu mesmo e Ellen Darst do Holiday Inn de Providence, em Rhode Island, para um almoço em Warwick, para uma entrevista de rádio na Brown University, para a passagem de som num bar chamado Center Stage do outro do lado do rio em East Providence. Nós eramos um pouco menores naquela época.
Minha amiga Ellen parecia saber o que o U2 seria desde o momento em que ela os ouviu pela primeira vez. Em 1980, ela havia recém sido promovida de uma representante de rua da Warner Brother Records para um emprego no escritório de Manhattan. Eu ainda vivia em New England naquela época, mas eu a visitava quando estava em Nova Iorque. Um dia eu fui visitar Ellen e ela disse, "Você tem que ouvir isto" e colocou "I Will Follow" para eu ouvir. A Warner estava distribuindo para a Island Records e o chefe da Island Chris Blackwell tinha esta nova banda, U2. Eu achei que o single era bom, mas Ellen achava que era a segunda vinda de Cristo. Ele me fez prometer que eu iria voltar para ver o U2 quando eles tocassem no Paradise, um clube em Boston.

No palco, o U2 era excitante, ainda bastante crus mas tão cheios de energia e convicção que o público era arrebatado e estava de pé, dançando e se empurrando para chegar ao palco e alcançar Bono. Na minha memória eles tocaram "I Will Follow" e "Out of Control" duas vezes no pequeno set list, o que não era muito incomum na época do punk. As bandas começavam a fazer shows antes de terem uma hora de músicas que valessem a pena. Mais tarde eu descobri que o U2 tinha muitas músicas que precediam as gravações do contrato, mas eu acho que eles queriam se dedicar ao que tinham de melhor para os primeiros shows na América.
Um monte de gente que comprou Boy, o primeiro álbum, quando ele saiu e que viu aqueles primeiros shows gostam de andar por aí agora dizendo que o U2 nunca foi tão bom como naquela época e dizem para os netos, "Se você tivesse visto o U2 quando eles eram adolescentes, assim como eu vi, vocês não se impressionariam por toda esta parafernália da Zoo TV."
Na verdade isto é mentira. O jovem U2 era carismático pra caralho, mas elas ainda se apoiavam na paixão (e no som marcante da guitarra do Edge) para conseguir superar a escassez de grandes músicas e a falta de coesão musical. Quando defrontados com uma audiência que não estava interessada em acolher a convicção deles, o jovem U2 soava bastante normal. Mais tarde Larry repetiu o que o Adam havia dito há um tempo - a banda, na verdade, não era tão boa quando eles vieram para a América pela primeira vez. As pessoas se envolviam não com o que o U2 era mas com a promessa do que eles poderiam vir a ser.
Eu prometi a Ellen Darst, depois do show no Paradise, que iria publicar um artigo, como freelance, sobre o U2 em uma das revistas de rock para as quais eu estava escrevendo. Foi muito difícil encontrar alguém interessado. Finalmente a revista Output, de Long Island, disse tudo bem. No dia em que o U2 chegou a Rhode Island, onde eu morava, tentando dar a entrevista, uns amigos meus, uma banda local chamada Shake, estavam fazendo um grande churrasco na casa deles e eu não queria perdê-lo. Então eu me ofereci para buscar o U2 no Holiday Inn e levá-los comigo. Era um calorento e húmido Memorial Day e quando eu apareci no motel para buscá-los, Bono, Larry e Edge estavam na piscina. Adam estava a minha espera na porta da frente. "Vamos," Adam chamou os outros, "vamos para uma queima!"
"Um churrasco," eu corrijo. "Um churrasco é comida feita na rua, uma queima é um problema legal envolvendo drogas."
"Ah," diz Edge, "e vão haver queimas no churrasco?"
Nós passamos a tarde comendo cachorro-quente com as bandas locais e seus familiares na casa do pessoal do Shake, em um dado momento, o U2 e eu fomos para a sala de ensaio, porão, e fizemos uma longa entrevista na qual eles me contaram a história deles até aquele momento. Considerando que o mais velho deles, Adam, tinha acabado de completar 21, não era uma história muito longa. Eu fiquei impressionado com o fato de eles escreverem todas as músicas deles improvisando juntos num quarto, eles pareciam determinados a manter tudo igual entre eles. Bono era enfático em afirmar que as bandas naquela época não eram bandas verdadeiras, onde é um por todos e todos por um. Era um ou dois líderes e acompanhantes contratados. Ele de muita ênfase ao fato de o U2 sempre ser o que eles cresceram acreditando que os Beatles e os Stones eram: uma verdadeira banda. O Shake tinha um pôster colorido dos Beatles no início da carreira pendurado na parede e eu lembro do U2 olhando para ele, fascinados pelo fato de neste pôster todos os Beatles terem cabelos completamente pretos. Eles estavam impressionados com a possibilidade de os Beatles terem pintado o cabelo para ficarem mais parecidos uns com os outros. (Na verdade, eu acho que a companhia que fez o pôster foi quem pintou-os, não Brian Epstein).
De volta lá em cima, Edge me perguntou sobre o Shake e eu disse que eles eram mesmo uma boa banda que tocava seis noites por semana, cinqüenta semanas por ano, na esperança de conseguirem um contrato de gravação. Ele disse que aquela não era a maneira de se fazer isto. Edge disse que um single, mesmo um feito em casa, com uma grande música faria mais por uma banda do que cinco anos tocando em clubes. "I Will Follow" era a prova."
Agradecimento: Forum UV Brasil
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