Bono fez uma aparição surpresa no Festival de Cinema de Berlim para homenagear Steven Spielberg, já que o diretor recebeu o Urso de Ouro Honorário do evento pelo conjunto da obra. Bono, que esteve no festival nestes últimos dias para a estreia mundial do documentário 'Kiss The Future', revelou um amor especial pela obra de Spielberg.
"Existem muitas razões pelas quais as pessoas amam Steven Spielberg. Todos eles são válidos. Aqui está a minha. É muito pessoal, mas tomei duas vodcas, então vou compartilhar com vocês", disse Bono na cerimônia de premiação.
Ele nomeou o drama de Spielberg de 1974, Sugarland Express (Louca Escapada), estrelado por Goldie Hawn, como um filme que teve um lugar especial em sua memória cinematográfica.
Nele, uma mulher busca reunir a sua família e ajuda o marido a escapar da prisão, para que juntos possam ir até Sugarland na intenção de recuperar o filho, que foi adotado por um casal local. A fuga de ambos provoca uma caçada policial sem precedentes na história do Texas.
"Toda a situação se torna uma sensação na mídia quando eles sequestram um policial e o mundo espera e assiste para ver o que vai acontecer", disse Bono.
"É uma situação muito Spielbergiana. No cinema, no 'ventre' com uma visão que é cinema. Eu observo o rosto da mãe e é projetado naquela tela enorme. A mãe é interpretada pela grande Goldie Hawn, mas tudo o que vejo é minha própria mãe, como a via quando criança, gigantesca, imperfeita.
Choro com o coração cheio de alegria porque sei que minha própria mãe sempre virá me procurar. Isso é cinema puro. Não, isso é puro Spielberg. O substantivo já está virando um adjetivo".
Bono sugeriu que Spielberg tinha um outro mundanismo sobre ele.
"Ele é meio que fora deste mundo. Ele não é realmente uma celebridade, é? Graças a Deus por isso. Sabemos que ele é um dos maiores figurões de Hollywood, mas temos a sensação de que ele não pertence a esse lugar e estamos meio que aliviados. Mas a conquista de sua vida não é apenas seu trabalho. É sua vida real, sua família real", disse ele.
Referindo-se ao filme AI (Inteligência Artificial) de Spielberg de 2001, Bono mencionou o personagem central do menino robô David, que é programado para mostrar amor incondicional com consequências inesperadas.
"Em IA, o menino é uma máquina que desenvolve uma alma, para que ele possa amar sua mãe de volta à vida. Na máquina que é Hollywood. Steven Spielberg é a alma da máquina e é certo homenagear essa figura histórica aqui, na mais histórica das cidades, Berlim", disse ele.
Bono disse que Spielberg passou grande parte de sua carreira cavando no passado para que ele pudesse ver melhor o que o assusta no presente, referindo-se a filmes como A Lista de Schindler, Império do Sol, O Resgate do Soldado Ryan, Amistad, Lincoln e Cor Púrpura.
Ele também mencionou o último filme semi-autobiográfico de Spielberg, The Fablemans.
"Os críticos adoram esse ângulo autobiográfico e eu também. Só discordo de uma sugestão de que, com este filme, Steven Spielberg finalmente contou sua própria história. Ele tem contado sua própria história o tempo todo", disse Bono.