Niall na entrevista contou sobre os primeiros anos da banda:
"Houve uma pequena confusão quando o U-2 - como eram conhecidos na época! - ganhou uma competição de bandas em Limerick. Alguns "músicos de verdade" ficaram indignados com o fato de que o que eles viram como um bando de jovens bandidos arrogantes e musicalmente ineptos fora aprovado pelos jurados. Essa foi a primeira coisa que escrevemos sobre Paul, Adam, Larry e David na Hot Press. Mas eles estiveram em contato desde o início, tentando fazer amigos e influenciar pessoas - então falaram com Bill Graham, da Hot Press, que logo se interessou por eles.
Eles tinham um tipo de energia especial. Eles estavam dispostos a correr riscos artisticamente. Eles estavam curiosos. E eles eram ambiciosos. O Boomtown Rats tinham acabado de passar de tocar no Moran's Hotel em Dublin para ter sucesso e estrelar no Top of the Pops, na BBC no Reino Unido – então, de uma certa forma, tudo parecia possível. Mas, realmente, ninguém tinha ideia de quanto tempo isso duraria, ou quão emocionante a carreira do U2 - e sua arte - iria se desenvolver.
As pessoas falam sobre os shows no Dandelion Market, do qual escrevemos uma review na época. Mas estou mais inclinado a me lembrar da série Jingle Balls no McGonagle's. A banda teve uma grande atitude em que eles estavam dispostos a tentar - e falhar. Havia uma teatralidade sobre o U2 naquela época, que se tornou underground até certo ponto quando eles gravaram 'Boy', e só ressurgiu totalmente em 'Achtung Baby'. Estes foram ótimos shows.
Já tínhamos colocado o U2 na capa na época do lançamento de seu primeiro EP, o 'U23', em setembro de 1979. Então, tínhamos acertado em cheio. Pensávamos que a banda tinha algo muito especial a oferecer. 'Boy' confirmou isso. Declan Lynch escreveu uma review e ele era duro, difícil de satisfazer. Mas ele amou o disco. Era o som de uma banda dando um grande salto no desconhecido, e fazendo isso em um estilo espetacular. É uma ótima estreia por todos os tipos de razões, mas principalmente porque foi realmente distinto. Desde o início, o U2 soou exatamente como o U2, e mais ninguém.
Foi uma decisão difícil de fazer (para a primeira capa deles na Hot Press). Sabíamos que os fãs do U2 estavam engajados. Sentimos que o U2 estava construindo algo único. Nós realmente gostávamos deles como banda e como pessoas. Mas, quando o empresário deles, Paul McGuinness, nos abordou sobre a capa da revista, houve um medo persistente de que ir com eles logo de cara poderia ser um tiro no próprio pé comercialmente. Mas eles construíram uma campanha muito boa em torno do 'U2-3', envolvendo o Dave Fanning Show da rádio RTÉ 2, em escolher a música principal e trabalhar nela. Jackie Hayden, que mais tarde trabalhou com a Hot Press, era o cara de marketing e promoções da gravadora CBS Records, e ele nos convenceu de que eles estavam totalmente por trás disso. E assim, deixamos nossos corações governar nossas cabeças - e nunca nos arrependemos nem por um segundo. Gostei muito da entrevista. Eles eram muito diferentes da maioria das bandas na franqueza e sinceridade. Mas eles também podiam rir - o que é muito importante!
Algumas das capas com o U2 estão entre minhas favoritas de todos os tempos. Há em particular uma de 1993, de Bono vestindo um capuz. A foto, tirada por Anton Corbijn, é horizontal em vez de vertical, então nos deparamos com um dilema. Cortá-la teria arruinado a imagem! Houve um grande debate quando sugeri que viraríamos a revista de lado, reposicionaríamos o logo e iríamos fazer uma capa em formato de paisagem. Como isso ficaria nas bancas? Estaríamos dando um tiro no próprio pé (de novo?)? Só me lembro de uma outra vez em que fizemos isso, mas com aquela foto em particular de Bono funcionou de forma brilhante. Não colocamos nenhum outro título na capa. Não precisava disso. Era uma imagem realmente poderosa e, eu acho, uma ótima capa.
Uma das coisas mais marcantes sobre o U2 desde o início é que eles realmente se importavam. Eles se preocupavam intensamente e profundamente com o lugar deles no mundo e com o que tudo isso significava - ou significa. O interesse da banda pela religião fazia parte disso. Quase separou a banda, enquanto Bono e The Edge lutavam com a aparente dicotomia entre seguir os impulsos religiosos e estar em uma banda de rock 'n' roll - mas felizmente eles superaram esse escrúpulo em particular! Como ateu, para mim o que importa é o carinho e o que você faz com isso. Gostei e admirei muito o fato de o U2 não possuir um grama de cinismo".