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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Trabalhando nas diversas versões de “If God Will Send His Angels” nas sessões de gravação de 'Zooropa'

Do livro 'U2 At The End Of The World', de Bill Flanagan:

Sessões do álbum Zooropa no Factory, Dublin, 1993 - O U2 retornou a trabalhar em uma faixa intitulada “If God Will Send His Angels” ("If God Will Sent His Angels", segundo Flood). Ela claramente ainda faz parte da tradição de grandes músicas do U2, o que pode ser que a torne difícil de se encaixar com as novas músicas mais desarticuladas das sessões. Essa música também precisa de um refrão, e o Bono possui planos de como conseguir um. Ele quer que a banda pare em um certo ponto e repita uma frase várias vezes enquanto ele canta sobre isso a linha do título. Ele pede ao Larry para esconder o seu sino de tal forma que afete essa grande mudança dinâmica. O Edge e o Adam estão tentando descobrir o que eles devem tocar para reproduzir esse gesto dramático que o Bono quer e ainda sim, prover a energia necessária para que o refrão alcance os ouvintes – e não o empurre através de um repentino alçapão sônico.
“Isso não precisa ser uma grande coisa,” diz Brian Eno. “Você poderia apesar sustentar o E por mais duas horas.”
“Larry”, diz Bono, “tente uma das suas viradas no final dessa sequência.” Bono gesticula a batida que ele quer rat-ta-tat-ta-tat e então canta, “OO-OOH, GO-OOOOOH”.
Eles tentam isso algumas vezes. Flood diz que funciona. Ele tocam de nocv. Flood diz que eles estão perdendo isso – o refrão agora é uma queda, “Não é a elevação que eu imagino que você queira.”
Bono sugere que eles entrem na sala de controle e escutem as diferentes versões gravadas. Sentados no sofá durante a audição, a banda concorda que a música não está funcionando. Bono diz que uma progressão circular como essa precisa de uma guitarra que eleve, enquanto os acordes dão voltas circulares. (Em outras palavras, deixe o Edge resolver o problema). Eno diz que o problema pode ser Bono. Ele está empurrado contra o início da fila. Ele tem que ir mais alto no refrão, “Gritando”. Eno observa que a música está em E, um tom difícil para Bono.
“Sim”, diz Bono, “E é um tom difícil, mas guitarristas e baixistas o amam e, infelizmente o U2 começa com a música. É uma discussão que nós temos freqüentemente.” Bono diz que é bom em G, A e B, mas Edge e Adam não gostam de tocar nestes tons. Edge é impassível. Ele não deixa que Bono mude de assunto e escape da questão de seu problema vocal.
Depois de ouvirem diversas versões da música, Eno e Bono concordam que uma gravação rústica mais antiga é melhor que as últimas porque nestas todos saberiam exatamente onde eles queriam chegar e as transposições entre os versos e o refrão estavam muito sombrias. Enquanto a versão mais antiga tocava, Eno a reverenciava dizendo, “Veja, ela é tensa sem ser violenta. A forma como você está cantando agora é intimidadora.”
Impressiona a forma como Eno usa a semântica para fazer o julgamento musical. Um produtor diferente ouviria a mesma versão e diria, “Veja, ela é nervosa sem ser furiosa. A forma como você está cantando agora tem fibra.”
Então, com a música de fundo selecionada, Eno começa a exigir que Bono descubra como vai solucionar seu problema com o tom, e encontrar “um verdadeiro perfil vocal” para a canção. Bono se esquiva, permitindo que Eno estreie sua própria pauta. Enquanto fazia alguns experimentos mais cedo no estúdio, Eno aglutinou diversos efeitos e obteve “um som vocal novo e grandioso – fino e forte.” Ele acha que isto é exatamente o que Bono precisa para “If God Will Send His Angels.”
Bono pergunta receoso se este novo som de Eno tem alguma coisa a ver com o Vocoder (um aparelho que altera vocais eletronicamente). Eno o assegura que não. Bono tenta desviar do assunto sugerindo que ele recite o refrão, “If God Will Send His Angels,” como um daqueles evangelista da TV americana ou como o Mirrorball Man, “ao invés de como eu estou fazendo agora, como um mau cantor de rock.” Bono experimenta a idéia, soando como Foghorn Leghorn. Esta é uma tentativa escorregadia de usar uma caricatura para evitar sua responsabilidade de verdadeiramente acertar o tom.
Eno, sentindo a fraqueza de seu oponente, retorna com mais um golpe semântico: “Este novo vocal, eu o achei parecido com um... um...” ele finge procurar por uma descrição exata mas sabe muito bem o que vai dizer, “um evangelista psicótico!”
Os olhos do Bono se iluminam. “Isto é o que eu quero!” Primeiro round para Brian Eno.
Enquanto Eno está montando seu som, Bono diz para Edge que a guitarra devia parar completamente durante este novo refrão pausado e estridente. “Não importa se você estiver tocando acordes diferentes,” Bono diz, “se você tocá-los da mesma forma.”
“Os acordes são o contorno da música,” diz Edge, com sua postura zen. “Que forma você quer dar para este contorno?”.

Agradecimento: Forum UV Brasil
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