Em um conflito, mesmo a maior banda de rock do mundo só consegue levar sua mensagem até certo ponto

Nenad Cicin-Sain é o diretor de 'Kiss The Future'. No momento do conflito, o U2 estava na maior turnê de sua carreira, a Zoo TV Tour. E eles tiraram um tempo todas as noites para acender uma luz, para entrevistar pessoas que estavam em Sarajevo, para ampliar e amplificar essas vozes. 

'Kiss The Future' é ousado o suficiente para mostrar que mesmo a maior banda de rock do mundo só consegue levar essa mensagem até certo ponto.

Nenad Cicin-Sain diz: "A certa altura, acho que a intenção deles é criar uma espécie de base, para ativar as pessoas. No fundo, eles são ativistas e acho que isso se deve à natureza do ambiente onde foram criados e ao período de tempo na Irlanda em que foram chacoalhados sobre as questões que estavam acontecendo lá. 

Esse foi o seu condicionamento e o seu ambiente e isso os transformou em ativistas. E é isso que a música deles é. Acho que as pessoas esquecem o quanto a sua música trata da injustiça e da desigualdade social e do quão significativa essa música pode ter na sociedade. 

Um dia, no Natal, eu estava em casa e as crianças estavam brincando, e comecei a ler os 100 melhores artistas de todos os tempos da Rolling Stone e todos os melhores artistas, de Otis Redding a Sam Cooke, a Bob Marley, U2 - todos eles eram cantando sobre injustiça social. Acho que isso tem uma ressonância que tem um propósito para nos inspirar, para nos ativar.

Há aquela grande afirmação no filme de The Edge onde ele diz que a arte pode inspirar as pessoas a fazerem a diferença, como uma arma. Na minha juventude, isso teria parecido uma coisa teórica legal de se dizer ou acreditar. Mas quando você realmente vê isso, quando você realmente testemunha isso, e está acontecendo novamente como na Ucrânia... Bono e Edge foram para a Ucrânia e cantaram no metrô com um soldado, que é um músico famoso, que veio do front para cantar no metrô. 

Christiane Amanpour fez um ótimo episódio sobre o balé na Ucrânia e como eles estão usando o balé para fazer as mesmas coisas que em Sarajevo e tenho certeza absoluta de que isso está acontecendo em Gaza e em Israel também. Acho que é uma extensão da nossa humanidade. Você pode optar por olhar para o lado feio da humanidade ou para a beleza. E isso se enquadra na categoria da grandeza de quem podemos ser".