O britânico Tim Palmer, produtor musical e engenheiro de som, trabalhou em 'All That You Can't Leave Behind' do U2. Seu talento e criatividade chamou a atenção da banda na época das gravações do disco.
Tim Palmer conta: "Uma das coisas sobre a mixagem que mudou tão dramaticamente é que originalmente um produtor mixaria o disco também. Os mixers sendo separados do produtor vieram mais tarde. Quando comecei no estúdio o produtor estava lá para a gravação, pré-produção e depois o engenheiro mixava o disco e o produtor ficava com ele e eles terminavam o disco juntos. Então foi um negócio único, você sabe.
E aí começou nos anos 80, começou com a ideia de separação de "vamos arranjar alguém que traga frescor" para entrar e ver o que está gravado e ser especialista em mixagem. Tudo isso veio depois. Quando comecei a trabalhar com produção, a mixagem era muito preciosa, no sentido de que você passava horas acertando os sons e tendo uma visão. Então a mixagem foi apenas equilibrar o que você fez e fazer com que soasse o mais legal possível.
Hoje em dia, mixar é algo totalmente diferente. Mixar particularmente agora é uma situação muitas vezes em que se espera que você traga mais para a mesa do que apenas equilibrar uma música.
Você meio que usa um chapéu de produtor e diz enquanto mixa: "Eu realmente acho que no verso você não deveria ter essa parte e eu vou retirá-la e tentarei outra coisa para você". Isso é algo realmente novo na mixagem comparado a como era quando começou.
Para mim, o início disso estava acontecendo até nos discos do U2, porque você sabe que às vezes é preciso ser corajoso como engenheiro de mixagem. E você está aproveitando a oportunidade porque silencia algo que eles fizeram e coloca algo que você acha melhor. Se o artista com quem você está trabalhando não tem ego para lidar com isso, você pode ofendê-lo, e ele pode dizer: "Quer saber, ele está fora, não queremos esse cara". Então você está se arriscando ao dizer: "Silenciei essas partes e adicionei algo novo". Mas se você não for corajoso, também poderá não chegar onde precisa.
Quando trabalhei, por exemplo, na música "The Ground Beneath Her Feet", Bono não gostou da forma como a bateria eletrônica soava. Então aluguei partes de uma bateria e toquei uma batida aleatória nos versos e fiz um loop com isso. Aí coloquei e tirei a bateria eletrônica e pensei: "Bom, vou em frente". E felizmente para mim eles gostaram muito e ficou do jeito que a música é. É sempre uma chance quando você está mixando. Você está tocando com as emoções e egos das pessoas e, no final das contas, fará o que acha que é a música certa e espero que eles estejam com você".
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