Faleceu a radialista e DJ britânica Annie Nightingale, da BBC Radio 1. Ela tinha 83 anos.
A sua morte, com origem numa "doença súbita" não especificada, foi confirmada pela sua família. Em comunicado, Annie Nightingale é descrita como "uma pioneira e uma influência".
"Nunca subestimem o modelo a seguir em que ela se tornou. Quebrou barreiras, ao recusar se curvar à discriminação de gênero, e encorajou gerações de jovens mulheres que só queriam, como ela, mostrar à vocês canções incríveis que tinham ouvido", se lê.
Annie Nightingale, que era até hoje a mais veterana das radialistas da BBC Radio 1, e a primeira a entrar para a estação, começou a trabalhar lá em 1970. Ao longo das décadas, ficou conhecida pelo seu apreço pela música eletrônica dance e pelo apoio prestado a novos artistas e sonoridades, como o acid house, que ajudou a popularizar no final da década de 80. Na última transmissão do seu programa, em 9 de janeiro, deu destaque a artistas como Deadmau5, Jorja Smith e Ice Spice.
Para Tim Davie, diretor geral da BBC, Annie Nightingale era "uma radialista com um talento único, que nos abençoou com o seu amor pela música e a sua paixão pelo jornalismo ao longo de meio século". "Foi uma campeã para as radialistas mulheres, apoiando e encorajando outras a entrar para a indústria", acrescentou.
Além da rádio, apresentou vários episódios do programa de televisão The Old Grey Whistle Test, destacando nomes como os Ramones, Siouxsie and the Banshees, Talking Heads, Public Image Ltd., Blondie, Spandau Ballet, U2 e The Clash, e dirigiu uma transmissão especial dedicada à morte de John Lennon, em 1980. Em 1985, foi apresentadora do Live Aid para a BBC, no evento realizado em Filadélfia, EUA.
Em 2020, ao jornal britânico The Observer, deixou bem clara a sua filosofia de trabalho: "Se puder passar na rádio aquilo de que gosto e dizer o que quero, e encorajar os mais novos a fazer o mesmo, isso é o meu sonho".
Em vida, publicou três livros de memórias - 'Chase The Fade', 'Wicked Speed' e 'Hey Hi Hello' e um livro a acompanhar os álbuns 'Tug Of War' e 'Pipes Of Peace', de Paul McCartney, de quem era próxima.
Em entrevista à Radio BBC na época do lançamento do disco 'Rattle And Hum', Annie Nightingale parabenizou o U2 pela coragem de assumir um cover dos Beatles no álbum, e por fazê-la soar diferente e tão bem.
Bono e Edge disseram que não se lembravam de ter ensaiado a canção para tocá-la. Mas Adam afirmou que eles ensaiaram a música pelo menos duas vezes.
Bono então falou sobre a performance presente no álbum: "Eu realmente sinto que é importante que as pessoas saibam que Charles Manson roubou isso do Beatles e nós roubamos de volta. Mas nós não estamos nos colocando em pé de igualdade com os Beatles.
É provavelmente muito rude fazer uma versão cover de uma canção dos Beatles. Mas pensamos que o rock 'n' roll não é sobre ser reverente, e de fato o profano é tão importante como o sagrado, e realmente fizemos como fãs, fizemos como fãs dos Beatles. E porque é uma canção de Paul McCartney, e Paul McCartney, ele é tão importante para os Beatles como qualquer um dos quatro deles foram, mas certamente como John Lennon, e eu acho que foi ótimo fazer um cover de uma canção de Paul McCartney."
Annie então pergunta: "Curioso é que "Helter Skelter" não estaria no disco, não é mesmo?"
The Edge respondeu: "O conceito inicial do álbum era que teríamos um registro ao vivo de músicas do U2, com talvez duas ou três canções originais, mas entramos no estúdio e nós simplesmente não conseguimos parar de escrever. Tinhamos seis músicas de estúdio, e de repente, passou para nove músicas.
Nós não sabíamos como lançariamos o disco, até quatro dias antes de colocarmos ele em conjunto".