PARA VOCÊ ENCONTRAR O QUE ESTÁ PROCURANDO

segunda-feira, 15 de abril de 2019

130º aniversário de Charles Chaplin: o discurso de 'O Grande Ditador' em áudio e texto em 'The Europa EP' do U2


'The Europa EP' do U2 foi lançado neste final de semana no Record Store Day 2019.
O EP apresenta um novo mix exclusivo de material inédito da eXPERIENCE + iNNOCENCE Tour do U2: o eletrizante discurso de Charlie Chaplin do filme 'The Great Dictator (1940)' destacado com um mash-up de "Love Is All We Have Left" do álbum 'Songs Of Experience' e o clássico de 1993 "Zooropa", levando a uma performance de "New Year's Day" ao vivo em Dublin em 5 de novembro do ano passado.



A arte da capa do EP é uma homenagem Chaplinesque à arte da capa com tema europeu do álbum 'Zooropa' de 1993 do U2 e apresenta a figura 130, em comemoração ao 130º aniversário de Chaplin, que acontece em 16 de abril de 2019.
O logotipo apresenta o nome de Chaplin, com um grande 130 abaixo, e o 0 é feito para se parecer com Chaplin, com seu bigode e chapéu reconhecíveis.


O U2 licenciou do escritório de gestão de Charles Chaplin o uso do discurso final de Chaplin em 'O Grande Ditador'. Além do áudio, a banda incluiu no EP a versão escrita do discurso:

"Me desculpem, mas eu não quero ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não quero governar ou conquistar ninguém. Gostaria de ajudar a todos — se possível — judeus, não-judeus, negros e brancos.
Todos nós queremos ajudar uns aos outros. O ser humano é assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo — não para seu sofrimento. Não queremos odiar e desprezar uns aos outros. Neste mundo há lugar para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O estilo de vida poderia ser livre e belo, mas nós perdemos o caminho. A ganância envenenou a alma do homem, criou uma barreira de ódio e nos guiou no caminho de assassinato e sofrimento. Desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos. A máquina, que produz abundância, nos deixou em necessidade. Nosso conhecimento nos fez cínicos; nossa inteligência nos fez cruéis e severos.
Pensamos demais e sentimos muito pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de gentileza e bondade. Sem essas virtudes, a vida será violenta e tudo será perdido.
A aviação e o rádio nos aproximou. A natureza dessas invenções grita em desespero pela bondade do homem, um apelo à irmandade universal e à união de todos nós.
Mesmo agora que a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora, milhões de desesperados, homens, mulheres, crianças, vítimas de um sistema que faz o homem torturar e prender pessoas inocentes.
Aos que me podem ouvir eu digo: "Não se desesperem!" O sofrimento que está entre nós agora é apenas a passagem da ganância, a amargura de homens que temem o progresso humano.
O ódio do homem vai passar e os ditadores morrerão. E o poder que eles tomaram das pessoas, vai retornar para as pessoas. Enquanto os homens morrerem, a liberdade nunca se acabará.
Soldados! Não se entreguem a esses homens cruéis. Homens que desprezam e escravizam vocês, que querem reger suas vidas e dizer o que pensar, o que falar e o que sentir, que treinam vocês e tratam com desprezo para depois serem sacrificados na guerra.
Não se entreguem a esses homens artificiais. Homens-máquina, com mente e coração de máquina. Vocês não são máquinas, não são desprezíveis! Você é homem! Você tem o amor da humanidade no seu coração. Você não odeia, só os que não são amados e não naturais que odeiam.
Soldados! Não lutem pela escravidão! Lutem pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito: ‘o Reino de Deus está dentro do homem’ — não de um só homem ou de um grupo de homens, mas de todos os homens, em você!
Vocês, o povo, têm o poder — o poder de criar máquinas, o poder de criar felicidade! Vocês, o povo, têm o poder de fazer desta vida livre e bela, de fazer desta vida uma aventura maravilhosa.
Portanto — em nome da democracia —vamos usar desse poder, vamos todos nos unir! Vamos lutar por um mundo novo, um mundo decente, que dê ao homem uma chance de trabalhar, que dê um futuro a juventude e segurança aos idosos.
Foi prometendo essas coisas que cruéis chegaram ao poder. Mas eles mentiram! Não cumpriram sua promessa e nunca cumprirão! Ditadores libertam eles mesmos, mas escravizam as pessoas. Agora vamos lutar para que essa promessa seja cumprida, vamos lutar para libertar o mundo, acabar com as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à intolerância.
Vamos lutar por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso vão levar à felicidade de todos.
Soldados, em nome da democracia, vamos todos nos unir!"


'O Grande Ditador' foi o primeiro filme de Chaplin com diálogos. Chaplin interpreta tanto um barbeiro judeu, vivendo no gueto, como Adenoid Hynkel, o governante ditador do país fictício Tomainia. Em sua autobiografia, Chaplin cita a si mesmo como tendo dito: "Não é preciso ser judeu para ser anti-nazista. Basta ser uma pessoa humana, decente e normal".
Chaplin e Hitler nasceram com diferença de quatro dias um do outro. "Havia algo estranho na semelhança entre o Little Tramp (Carlitos) e Adolf Hitler, representando pólos opostos da humanidade", escreveu o biógrafo de Chaplin, David Robinson. "Cada um é um espelho distorcido, um para o bem e outro para um mal incontável".
Chaplin passou muitos meses elaborando e re-escrevendo o discurso para o final do filme, um apelo à paz do barbeiro que foi confundido com Hynkel. Muitas pessoas criticaram o discurso, e pensaram que era supérfluo para o filme. Outros o acharam edificante. Lamentavelmente as palavras de Chaplin são tão relevantes hoje como em 1940.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...