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segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Os segredos de "Sunday Bloody Sunday", a canção de John Lennon de 1972


"Sunday Bloody Sunday" é o nome da canção que o U2 compôs em 1983 em memória da tragédia que se abateu sobre os irlandeses no dia 30 de Janeiro de 1972 quando, durante uma marcha de protesto pelos direitos civis da Northern Ireland Civil Rights Association, após a publicação de um decreto do Governo Britânico que permitia a prisão de elementos suspeitos de terrorismo sem julgamento.
Às 14:50, 10.000 católicos reúnem-se no bairro de Creggan com o objetivo de prosseguirem em protesto até à praça de Guildhall. O 1º Batalhão do Regimento de Pára-Quedistas do exército Inglês destacado em Derry, na Irlanda do Norte, recebe ordens para avançar sobre os manifestantes, prender o maior número de desordeiros e dispersar os restantes. A partir daqui as versões divergem; o exército afirma que foi recebido a tiro disparando em legitima defesa. Os católicos, que foram os Pára-Quedistas que iniciaram os disparos indiscriminadamente. A verdade é que, após 25 minutos de intenso tiroteio, 26 ativistas, todos desarmados, tinham sido alvejados. 13 católicos (6 dos quais menores) estavam mortos, tendo 5 deles sido alvejados pelas costas e um 14º viria a falecer posteriormente na sequência dos ferimentos.
Bono já revelou sobre a música, dizendo que as canções de Bob Marley, Bob Dylan e John Lennon o inspiraram. "As coisas não tem que ficar como estão", ele disse.
Antes do U2, em 1972, John Lennon lançou uma canção sobre o tema e com o título de "Sunday Bloody Sunday" no disco 'Some Time In New York City'. Outra faixa do disco, "The Luck Of The Irish", foi escrita em apoio ao movimento republicano na Irlanda do Norte, uma causa que John Lennon sentiu afinidade no início dos anos 1970. Foi inspirada em uma marcha de protesto em Londres que Lennon atendeu em agosto de 1971. Começou a escrever a música três meses depois.
"Eu sou um quarto irlandês ou metade irlandês ou algo assim, e por muito tempo, muito antes do The Trouble começar, eu disse a Yoko que é onde iríamos nos aposentar, e eu a levei para a Irlanda. Passamos pela Irlanda um pouco e ficamos na Irlanda e tivemos uma espécie de segunda lua de mel lá. Então eu estava completamente envolvido com a Irlanda."
"Sunday Bloody Sunday" foi a última canção que Lennon compôs para o disco, quando se sentiu compelido a escrever uma resposta mais específica sobre o massacre.
"A maioria das outras pessoas se expressam gritando ou jogando futebol no fim de semana. Mas eu, estou em Nova York e ouço sobre as 13 pessoas mortas na Irlanda, e a minha reação é imediata. E sendo o que eu sou, eu reajo com uma guitarra."
Lennon na música tomou a liberdade de se identificar como um porta-voz da causa republicana.
Em setembro de 1971, quatro meses antes do Sunday Bloody Sunday, Lennon explicou sua dificuldade em conciliar o pacifismo com a violência da luta republicana irlandesa.
"Eu entendo por que eles estão fazendo isso, e se é uma escolha entre o IRA ou o Exército Britânico, eu estou com o IRA. Mas se é uma escolha entre violência e não violência, estou com a não-violência. Então, é uma linha muito delicada ... Nosso apoio do povo irlandês é feito, realmente, através dos direitos civis irlandeses, que não é o Ira. Embora eu condene a violência, se duas pessoas estão lutando, eu provavelmente vou estar de um lado ou do outro, apesar de eu ser contra a violência."
Lennon e Ono doaram seus royalties de "Sunday Bloody Sunday" e "The Luck Of The Irish" para o movimento de direitos civis na Irlanda e Nova York.
Foi revelado que John Lennon já se preocupava com o episódio antes de ocorrer, a ponto de ter se oferecido para cantar em um show para arrecadar dinheiro para o Exército Republicano Irlandês (IRA), grupo que promovia atos terroristas contra a Inglaterra e pedia a separação da Irlanda do Norte do Reino Unido.
A revelação está no livro 'Lennon: The Albums', do jornalista Johnny Rogan, biógrafo do músico inglês. Rogan entrevistou Gerry O'Hare, jornalista irlandês que se encontrou com Lennon em 1972, em Nova York.
O’Hare foi enviado a Nova York para falar sobre o massacre na Irlanda do Norte e, através de contatos do IRA na cidade norte-americana, em dois dias encontrou-se com o ex-Beatle, a quem os irlandeses do IRA consideravam um aliado útil.
"Ele levou bastante a sério a ideia", disse O’Hare ao jornal inglês 'The Guardian'. "Até porque ele se ofereceu para fazer dois shows, um em Belfast (capital da Irlanda do Norte) e outro em Dublin (capital da Irlanda)."
As apresentações não foram realizadas porque Lennon tinha medo de que, se fosse para a Irlanda e fizesse os shows, não pudesse mais voltar aos Estados Unidos. O IRA ficou de resolver a questão, mas com o tempo o projeto foi deixado de lado.
Rogan também descobriu arquivos confidenciais do FBI que confirmam que o serviço secreto inglês espionou John Lennon por causa de seu apoio à causa irlandesa.



Agradecimento: www.beatlesbible.com
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