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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
A experiência em ouvir a fita original de meia polegada do álbum 'The Joshua Tree' que o U2 enviou ao Windmill Lane Studios para ser duplicada
Do blog de Rowan Manahan:
"Muitos anos atrás, fiz um consulting gig com o Windmill Lane Recording Studios na Irlanda. O Windmill era um estúdio analógico na época e logo solicitei os pedidos de artistas, produtores e gravadoras em relação ao nosso conjunto de equipamentos, então eu tive que aprender o que tudo fazia. Perguntei a um dos jovens engenheiros: "Qual é a diferença entre o analógico e o digital e ver como tudo o que gravamos aqui vai acabar em CD de qualquer maneira, por que ainda usamos analógico?" Um pedaço de papel foi devidamente providenciado, um som wave foi desenhado e uma explicação clara e simples foi fornecida para mim. Mas a lição não terminou.
Alguns dias depois, Conal, o engenheiro, me chamou para a Copy Room (Sala de Cópias). "Você queria saber qual a diferença entre o analógico e o digital, Rowan? Puxe uma cadeira."
Ele me explicou que o U2 acabara de nos enviar a fita original de meia polegada do álbum 'The Joshua Tree' para ser duplicada (a fita analógica se degrada ao longo do tempo). Eu teria a oportunidade de ouvir a música completa, como Brian Eno, Daniel Lanois e a banda pretendiam que fosse ouvida. Então eu sentei-me neste perfeito ambiente de escuta ao vivo/inoperante com a minha xícara de chá e Conal apertou o Play. A faixa de abertura na fita era "In God's Country", uma música que eu gosto bastante, mas não uma das escolhas para minha ilha deserta. Alguns segundos, meus olhos começaram a ficar inchados. Mais um minuto e lágrimas começaram a escorrer no meu rosto.
"Conal", perguntei nervosamente: "O que diabos está acontecendo comigo?"
Ele sorriu para mim. "Analógico".
Conal deixou a música tocar um pouco e depois baixou suavemente o som. "Isso não acontece com muitas pessoas na mesma medida, mas para pessoas que são facilmente afetadas pela música, essa não é uma reação incomum. Agora ouça isso."
Ele mudou o sistema para o CD player e apertou o Play sobre isso. Mais uma vez, "In God's Country" preencheu a sala, mais uma vez, agradável e alta.
Mas não teve nenhum efeito sobre mim.
Conal explicou que só porque não podemos ouvir certas coisas não significa que nossos corpos não reagem a elas. Há harmônicas em jogo muito acima do registro humano e tons profundos que são igualmente inaudível, mas que pode literalmente criar vibrações em nossos corpos - e reagimos emocionalmente a eles. É por isso que a performance ao vivo é tão convincente, seja música ou palavra falada. Quando você está ouvindo alguém sem samplers, sem filtro, voz com o seu pleno efeito sonoro ressonando em todo o seu corpo, o efeito é muito diferente de ouvir essa voz em uma TV ou computador. Buskers na rua podem te fazer parar com as músicas porque os instrumentos que eles tocam te alcançam de uma forma que o seu iPod nunca conseguirá.
Às vezes você só tem que parar e ouvir.
Windmill Lane é o nome associado com o U2, especialmente em seus primeiros dias, onde no antigo havia a famosa parede graffiti U2 onde os fãs de todo o mundo iam prestar homenagem. Eu trabalhei no novo Windmill Lane que tinha uma facilidade muito maior e mais grandiosa, com dois estúdios analógicos de serviço completo, um dos quais poderia acomodar até uma orquestra de 80 peças. Os Stones fizeram o álbum 'Voodoo Lounge' lá. Riverdance foi ouvido pela primeira vez lá. The Cranberries, Elvis Costello, The Chieftains, Mark Knopfler, Thin Lizzy e, claro, U2. Todas essas pessoas, e muitos outros, gravaram no Windmill e fui pago para escutá-los fazendo sua música extraordinária. Bom show...."
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