Em 1992, nas páginas da revista Details, o jornalista Sean O'Hagan detalhava a transformação do U2 com 'Achtung Baby' e citava a opinião de Bono:
"Uma das coisas mais difíceis que ser parte do U2 implicava era não pertencer a nenhuma tradição. No passado fomos em busca de uma tradição onde nos pudéssemos nos encaixar. Quer dizer, nos sentimos próximos do soul por causa da espiritualidade e do sentido de abandono. Nos sentimos próximos do rock n roll porque é capaz de confrontar qualquer assunto de frente. Até sentimos uma empatia com o folk porque lida com ideais intemporais, não com matérias juvenis. Mas, em última análise, os pontos de referência do U2 nunca fizeram sentido. Agora já não procuramos nos encaixar em nada. Já nem nos consideramos sequer uma banda de rock n roll."
Em 'At The End Of The World', livro de Bill Flanagan que documenta atentamente esta fase da banda, Larry Mullen abordava as convulsões internas de forma franca e direta:
"De repente, tratava-se de desligar aquele mundo diferente de 'Rattle And Hum' para nos ligarmos a outro. E isso é muito complicado de fazer. Quando nos ligamos a 'Rattle And Hum', perdemos o contato com as nossas origens que foram sempre uma demanda de novos caminhos. Alguns de nós levaram menos tempo para encontrar a direção do que outros e isso causou imensa tensão dentro da banda, porque pela primeira vez não havia um consenso musical. Enquanto no passado, mesmo se todos pudessem não concordar, havia sempre um grau de entendimento do que se estava passando. Mas ninguém sabia do que raio os outros estavam falando. E essa foi a base de todos os problemas."
Brian Eno escreveu sobre este álbum na Rolling Stone e elegeu a atmosfera de Berlim como um dos fatores dominantes da temática do álbum:
"A cidade de Berlim se transformou em um cenário conceitual para o álbum. A Berlim dos anos 30, decadente, sensual e sombria, ressoando contra a Berlim dos anos 90, renascida, caótica e otimista. Tudo isso sugeria uma imagem da cultura em uma encruzilhada".
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