Desde o início, nem o diretor Phil Joanou e nem os membros do U2 pareciam ter certeza de que tipo de filme fazer com 'Rattle And Hum'.
Houve um consenso instantâneo, porém, que a predileção do típico documentário de rock mostrando camarim, hotel, aeroporto e imagens de entrevistas, deveria ser evitado. Cenas com as famílias dos membros da banda foram proibidas, assim como qualquer filmagem na sede do grupo em Dublin. E, surpreendentemente, Bono ficou mesmo desconfiado do material do concerto: a maioria das imagens ao vivo do U2 que tinha visto pareciam para ele, "pornografia."
O plano de Joanou era compor o filme em três partes. Haveria o preto-e-branco filmado em 35 milímetros com imagens dos dois concertos na arena de Denver, o colorido com dois espetáculos ao ar livre nos shows em Tempe, e um documentário, filmado em preto e branco com uma câmera de mão de 16 milímetros, para que Joanou e o diretor de fotografia Robert Brinkmann pudessem acompanhar a banda em turnê e não tem que perder a espontaneidade de cada situação.
Joanou desejou também que mais imagens fossem registradas durante a gravação do álbum em Los Angeles na primavera.
O desejo do Joanou tornou-se realidade: ele registrou 140.000 pés adicionais de filme de 16mm, cobrindo o U2 nas gravações de novas canções em um setup remoto de 48-faixas, em uma fábrica enorme e vazia em Dublin. "Eu sugeri de voltar lá, ao invés de fazer tudo na América, e eles concordaram", explicou o diretor.
Convencer os membros da banda para permitirem que eles fossem gravados para documentário, pelo medo do clichê, foi meio trabalhoso. Mas eles não queriam um filme-concerto em linha reta, então eles concordaram.
Somente quando as câmeras prejudicavam a música, que o grupo pedia à Joanou para desligá-las.
"A única coisa que nos tranquilizou foi saber que era um filme que estávamos envolvidos nele", disse The Edge. "Ninguém iria fugir com essa filmagem e explorá-la de uma forma que ficaríamos envergonhados por isso."
"Estar num palco é um lugar especial, um lugar à parte", disse Bono. "É onde eu alcanço dentro de mim e trago as coisas. Isso é muitas vezes desordenado. Lá há luz e escuridão. Há momentos no palco, que me perco completamente. Eu escrevo muito sobre violência, e quando estou cantando aquelas músicas, eu posso ser pego naquilo. Ao longo dos anos, e não me orgulho disso, eu já joguei o kit de bateria para o público, incendiei a guitarra. Eu sabia que eu poderia fazer uma coisa que eu me arrependeria com o tempo, então eu tinha que ter certeza que ali estava alguém filmando isso, e que seria sensível a isso."