Do livro U2 BY U2:
Edge: "Crumbs From Your Table" começou como um padrão de acordes. O Bono e eu a terminamos na França, lunáticos. Foi a única vez que conseguimos escrever uma canção, entre muitas outras, em um teclado. Todos sabem que não temos jeito nenhum.
Bono: Tínhamos saído, e era muito tarde, o sol estava nascendo. Eu não sou uma pessoa de varar a noite. Pelo contrário. Gosto de levantar de manhã cedinho, mas o Edge é uma coruja. Podia ficar ali sentado e deixar os dias passarem sem necessidade de dormir. Como ele não queria dormir, acabamos pegando na guitarra e ficamos cantando, desvairados. Um daqueles momentos em que dois companheiros não dizem nada que faça sentido, mas vão falando ao mesmo tempo, e for fim, tudo se coagula em um pensamento. É então que surge uma bonita música, a letra, o título, a melodia, a publicidade. Surgiu tudo no meio daquela noite lunática. Percebi logo que continha amargura. You were pretty as a picture, it was all there to see, then your face caught up with your psychology, with a mouthful of teeth you ate all your friends, and you broke every heart thinking every heart mends. Quando ouvirem uma canção em que explico algo é quase sempre sobre mim, embora não nesse caso.
Eu fiquei trabalhando para tentar conseguir que os países africanos conseguissem uma representação política adequada. Lembro que fiquei muito zangado por os países pobres terem que estender a mão ao ocidente. Pensei que não era essa a vontade de Deus. Deus não faz distinção entre o presidente do conselho de administração de uma grande empresa e um pobre agricultor na África. Achei que devíamos respeitar mais os pobres. Porque é que eles não têm a mesma representação em Washington e em Londres do que a National Rifle Association ou a indústria de tabaco? Porque o maravilhoso e extraordinário povo africano não pode rebater. Se alguém se mete com a National Rifle Association é perseguido até no churrasco de domingo em seu círculo eleitoral e tentam expulsá-lo do cargo. Quero que os pobres estejam bem representados de modo a não terem de mendigar as migalhas da nossa mesa. Andy you speak of signs and wonders/ but I need something other/ I would believe if I was able/ but I’m waiting for the crumbs from your table. Essa estrofe visava a igreja, porque na época parecia que ela não estava fazendo nada quanto à emergência da Aids. Digo com alegria que o gigante adormecido já acordou.