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sábado, 29 de dezembro de 2012

As gravações do terceiro videoclipe de "One" - Parte 1

É inverno, 1992. O U2 aterrisa em Nova Iorque e vagabundeia pela Times Square com um ar urbano para a câmera de vídeo do seu antigo documentarista, o diretor Phil Joanou. Depois do filme 'Rattle And Hum' tê-lo elevado muito, Joanou dirigiu o Hitchcokiano 'Final Analysys', com Richard Gere, e o Scorceseano 'State Of Grace' com Sean Penn e Gary Oldman. Ele concordou em dar uma escapada daquela terra do alto cinema para salvar "One", a faixa do Achtung Baby que mais provavelmente dará ao U2 um single número um nas paradas, o que não aconteceu com os outros dois singles do álbum. O primeiro videoclipe de "One" tinha os membros do U2 vestidos de drags, não era o tipo de coisa que a banda imaginou que a MTV iria se importar de propagar na América. O segundo videoclipe de "One" era um filme em câmera lenta de um búfalo correndo sobre um precipício. - uma bela metáfora para a epidemia de AIDS, talvez, mas não uma grande promoção. A tarefa de hoje é fazer um vídeo de "One" que a audiência adore. Depois de vaguear um pouco por Manhattan, a banda, o diretor e a sua equipe retiraram-se para o Nell's, um clube noturno de Manhattan que era chique nos anos 80, quando o dinheiro corria como champanhe em Nova Iorque e a cocaína era encarreirada como libertinas soltas. Nell's foi desocupado esta noite para que Joanou possa criar a sua visão de "One". Para qualquer pessoa não empregada estar aqui seria uma empreitada chata se não fosse por: (a) o suntuoso banquete; (b) o generoso bar e, acima de tudo, (c) os extras: lindas jovens modelos e os espalhafatosos travestis do submundo de Nova Iorque.
No andar de cima, luzes e câmeras estão montadas e Bono, com alguns dos lindos extras em torno dele, está sentando à uma mesa balbuciando a letra da música vezes sem conta enquanto a fita playback toca. No andar de baixo, as salas de festa no porão estão cheias de mulheres lindas e homens vestidos de mulher. Edge está sendo maqueado por uma maquiadora enquanto bandejas e mais bandejas de comida são servidas. Há grandes pratos de M&M's e Hershey's Kisses e cookies com pedaços de chocolate e chiclete Bazooka. Os bares estão abertos e bebidas grátis são bombeadas por barmaids tão lindas quanto as modelos.
Lá em cima, Bono tem que fingir cantar "One" por sete horas. Lá em baixo, o resto da banda e a sua equipe e os amigos e as modelos e os travestis fazem festa e esperam para ser chamados para o palco e fazer um pouco mais de festa.
O que pode alguém dizer de um encontro onde todas as mulheres são belezas profissionais e todos os homens são gays? Um contente Adam Clayton explica: "Se você não conseguir arrumar nada esta noite, você pode perder as esperanças". Toda vez que o cameraman troca o filme, Bono foge escada abaixo, tentando fazer parte da diversão. Então, justo quando ele leva um copo aos lábios, gritam o nome dele e ele tem que voltar e fazer um pouco mais de mímica sobre as quentes luzes dos holofotes.
Às 10 da noite, Bono salta para o colo do produtor musical Hall Winner e começa a contar grandes histórias, quando ouve uma série de vozes, como ecos através do Grand Canyon, vindo do andar de baixo: "Bono! Bono! Bono!" Ele suspira e volta para o trabalho. Uma gigante, divinal drag queen sorri maliciosamente para o traseiro do baterista do U2 e diz para o seu amigo: "Eu tenho o número do quarto do Larry Mullen!"
À 1:30 da madrugada, Edge está sentado numa cadeira no meio da sala no andar de baixo conversando atentamente com uma modelo. Uma das drag queens tirou a sua gigantesca e pesada peruca em formato de elmo com penas de avestruz e deixou-a na cadeira atrás do Edge. Hall Willner, quem tem bebido cerveja a noite toda e agora está vendo ligeiramente desfocado, pega a peruca, pesa-a nas mãos e estuda a parte de trás da cabeça do Edge. Hal caminha sorrateiro para trás de Edge como Hiawatha e começa uma manobra para deixar cair a gigantesca cabeleira no teto do guitarrista. De repente, uma voz de harpia soa através da festa: "Larga a minha peruca!" Hal olha para cima e vê uma drag queen violenta e careca crescendo ameaçadoramente em direção a ele. Ele larga a peruca e se manda.
Pelas 3:00, Larry, Adam, Edge, os travestis e as modelos começam a se dar conta que nunca serão chamados para o set. "One" está se tornando rapidamente num vídeo só de Bono. O humor no andar de baixo começa a ficar um pouco intenso. Parece que Nell deixou alguns dos seus clientes habituais entrar. O autor Jay Mclnerny aparece, arruma uma bebida e tenta começar uma conversa com uma jovem mulher dizendo, "Quando eu escrevi o meu primeiro livro, Bright Lights, Big City..."
Paul McGuinness identifica uma pessoa do estilo de Manhattan tirando fotos disfarçadamente. Ele prensa ela e ela diz numa vaga maneira de falar estilo Vogue que ela apenas trouxe a câmera porque estava vindo de uma festa na casa da Anna Wintour... McGuinness não está acreditando. Ele não acredita que ela é realmente a socialite desligada que ela diz ser - ele imagina que ela seja uma fotógrafa de algum jornal e ataca-a verbalmente.  Bill Flanagan acha que o empresário está sendo paranóico, mas na noite seguinte ele mesmo vê a mesma mulher novamente, fotografando um evento beneficente do Sting para as florestas tropicais para um tablóide de Nova Iorque. Sim, ela diz - a sua desligada maneira da sociedade substituída pela atitude foda-se - McGuinness desmascarou-a. É por isto que ele é um dos grandes empresários. Todos no Nell estavam fingindo ser algo que não eram.

Do livro 'U2 At The End Of The World', de Bill Flanagan

Agradecimento pela tradução: Forum UV Brasil
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