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quarta-feira, 25 de julho de 2012

Lobão diz que o rock brasileiro dos anos 80 imitava o U2

Lobão é o tipo de artista para quem você faz apenas uma pergunta e ele já te dá uma entrevista completa. Era para falar de seus novos CD, DVD e livro, mas, verborrágico e provocador, ele não segura sua metralhadora giratória, e dispara em direção a alvos como Maria Gadú e a MPB em geral. Um polemista profissional. Sobrou até para o rock e a geração dos anos 80.
“Essa juventude que está aí desde os anos 90 sentando na boquinha da garrafa acha que hoje MPB é aquela cantora de churrascaria com cabelo igual ao do Neymar”, define Lobão, se referindo à Gadú. “Nesse tipo de MPB só entra quem é brocha, porque é música de frouxo. Um bando de provincianos de sandálias havaianas querendo ser o próximo Chico Buarque, como se já não bastasse um. É igual a uma bicicleta ergométrica: não vai levar a gente a lugar nenhum. Aí, o cara fala para mim que rock é coisa de velho e vai ouvir Luan Santana. Como pode?”, questiona.
Essas e outras cobras e lagartos o roqueiro pretende reunir nas páginas de seu próximo livro, sucessor à bem-sucedida autobiografia ‘50 Anos A Mil’. “Vai ser um tipo de guia politicamente incorreto do metabolismo artístico do brasileiro. O nome será ‘O Manifesto do Nada na Terra do Nunca’, onde o nada sou eu e a terra do nunca é o Brasil”, conta, sobre a publicação prevista para sair em março de 2013. “Antes disso, no mês que vem, eu lanço meu novo CD e DVD, ‘Lino, Sexy & Brutal’. Foi masterizado nos estúdios de Abbey Road, em Londres. Vai trazer o registro de um show que fiz em 2011 no Palace, em São Paulo, bem no dia do heavy metal do Rock In Rio, só para provocar”.
Registre-se que Lobão foi enxotado do palco pelos metaleiros na segunda edição do festival, em 1991. “Toquei quatro horas direto, fiz quatro bis e foi o show mais representativo da minha vida. Nunca tirei um som como o que vai estar nesse DVD. E é o primeiro trabalho em que assino sozinho a produção. Além disso, estou compondo muito para um próximo CD. Aliás, CD não! Vou lançar em vinil! CD já é coisa de velho, quero lançar um vinil duplo, cheio de música nova”.
Apesar do saudosista anúncio de resgatar o bom e velho LP, como foram os seus primeiros lançamentos, Lobão diz que está desapegado do passado. O show registrado em ‘Lino, Sexy & Brutal’ foca em suas composições mais recentes. “O repertório é basicamente o do meu disco ‘A Vida É Doce’ (1999) para a frente, e tem uma versão para ‘Ovelha Negra’, da Rita Lee, com participação do Luis Carlini, guitarrista dela na época. Claro que vai ter também ‘Me Chama’ e ‘Corações Psicodélicos’, além de ‘O Rock Errou’, que não tocava desde 1986, e outros desses sucessos que as pessoas querem ouvir”, detalha.
Lobão não está mesmo dando muita bola para os anos 80. “As pessoas acham que o rock nasceu nessa década. Na boa, da minha geração só se salvam Roger, Renato Russo, Cazuza, Julio Barroso e Edgard Scandurra. O resto era um bando de bundão imitando o U2, o Joy Division e o The Police. Uma década de cópias”, decreta Lobão.


Biografia: Lobão
Sua carreira começou aos dezessete anos, depois de sair de casa para se tornar músico profissional. Participou de uma peça teatral e em seguida entrou para a banda Vímana, da qual também faziam parte Lulu Santos, Ritchie, Luis Paulo e Fernando Gama. Três anos depois, com o fim do grupo, Lobão seguiu sua carreira de baterista, tocando com Luiz Melodia, Walter Franco e Marina Lima. Fundou a banda Blitz com Evandro Mesquita, Fernanda Abreu e outros, mas por divergências ideológicas, saiu do grupo antes mesmo do sucesso comercial. Foi Lobão quem deu o nome à banda, às vésperas de um show, após uma indecisão do grupo.
No filme 'Garota Dourada', Lobão aparece na bateria:

Lobão, começa sua carreira solo com o lançamento de Cena de Cinema, em 1982.

Em seguida forma a banda "Lobão e os Ronaldos" (que tinha na sua formação a cantora e tecladista holandesa Alice Pink Pank, ex-Gang 90 e as Absurdettes, além de Guto Barros, guitarrista e um dos fundadores da Blitz), que lança Ronaldo Foi Pra Guerra.
Em suas andanças pelo mundo, Alice backing vocalizou o disco 'Boy', do U2.

Apesar do estrondoso sucesso de "Me Chama", a banda tem uma vida curta e Lobão segue carreira solo mantendo alta rotatividade na mídia, lançando o single "Decadence Avec Elegance" (1985) e o álbum O Rock Errou (1986), do qual "Revanche" se torna o carro-chefe.

Logo após seu lançamento, Lobão é preso por porte de drogas, passando um ano na cadeia. Ali ele desenvolve o disco Vida Bandida, voltando aos holofotes.

Depois de um flerte com o samba-rock e participações nos festivais Hollywood Rock e Rock in Rio II (onde recebeu uma vaia histórica), Lobão passa um período fora da mídia.

Suas atitudes polêmicas voltariam a ter evidência em 1999 depois de seu rompimento com as gravadoras e o lançamento de A Vida é Doce num esquema inédito, com distribuição pela internet, bancas de jornais e lojas de departamento.

Após o sucesso da vendagem e de crítica com seus discos independentes A Vida é Doce (1999) e 2001: Uma Odisséia no Universo Paralelo (2001), lançou a revista Outracoisa, através da qual lança bandas e músicos de maneira independente, tais como Cachorro Grande, B.Negão e Arnaldo Baptista.

Seu último disco de estúdio Canções Dentro da Noite Escura, lançado em 2005, foi também lançado pela revista com tiragem inicial de 21.000 exemplares.

Em abril de 2007 lançou o álbum Acústico MTV, que foi premiado com o prêmio Grammy Latino na categoria melhor disco de rock, e como o próprio Lobão caracterizou, foi uma seleção "parcial" de sucessos do músico, contando, inclusive, com a participação especial do grupo Cachorro Grande, lançado pela Outracoisa.

No final de 2010, o cantor lançou sua biografia 50 Anos a Mil, ao lado do jornalista Cláudio Tognolli. 
O livro conta histórias inéditas e conhecidas sobre a vida do músico, além da letra de duas novas canções, Song for Sampa, em homenagem a São Paulo, e Das Tripas, Coração, em homenagem a Júlio Barroso (1953 - 1984), Cazuza (1958 - 1990) e a Ezequiel Neves (1935 - 2010). Junto com seu livro, Lobão, em parceria com a Sony Music, montou um box com 3 CDs mais o DVD do Acústico MTV, contendo as canções mais significativas dos 10 primeiros anos de sua carreira, todas as músicas escolhidas por ele e remasterizadas pelo produtor americano Roy Cicala, famoso por trabalhar com grandes nomes do Rock mundial, como John Lennon e Jimi Hendrix, e com os Brasileiros Nasi e Ciro Pessoa. Em meados de 2011, prestes a completar um ano de lançamento, 50 Anos a Mil chegou a marca de 100 mil cópias vendidas.

Desde o início de 2011, Lobão vem fazendo a turnê "Elétrico 2011". Em comemoração aos 30 anos de carreira solo, o cantor gravou em outubro de 2011, um DVD em São Paulo, no Citibank Hall. O registro será lançado e distribuido pela Deckdisc em setembro de 2012.

Lobão ainda regravou a canção "Por Tudo Que For", para a trilha sonora do longa 'Cilada'. Plinio Profeta, responsável pela trilha sonora, explica a escolha da música: "Para a música-tema do filme, o José Alvarenga tinha na cabeça uma música do Acústico do Lobão e ouvindo acabamos optando pela canção "Por Tudo o que For", porque a letra combina perfeitamente com o personagem do Bruno. É a historia de uma cara que pisou na bola e está arrependido. A melodia e a harmonia são ricas e perfeitas para a trilha. Fizemos várias versões. Como a gravação do Lobão era antiga e não muito boa, liguei para ele e perguntei se estava a fim de gravar de novo. Lobão é um velho amigo e foi o primeiro cara a me convidar para participar do disco dele, quando eu estava começando, em 1996. Ele falou 'Claro, vamos regravar!' Depois de ouvir, ele me disse que está muito feliz e que a gravação nova é muito melhor que a original."
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