PARA VOCÊ ENCONTRAR O QUE ESTÁ PROCURANDO

terça-feira, 31 de julho de 2012

A letra de "Angel Of Harlem" remete à primeira visita do U2 à América em 1980

Um dia frio de dezembro, aterrisar no aeroporto JFK, neve no chão, rádio BLS tocando Billie Holiday, Nova Iorque com muitas luzes como uma árvore de natal, esta noite a cidade pertence à mim. 
Entenda agora o porque destas citações presentes na canção "Angel Of Harlem", de 1988:


Do livro U2 BY U2:


Paul Mcguinness: A idéia de fazer uma turnê preliminar na América em 1980 surgiu mesmo antes do primeiro álbum ter saído, só para todos irem pensando na América e viver isso antes de ter qualquer pressão. Durante a gravação de Boy fui à Nova York pela primeira vez para encontrar com Frank Barsalona. O maior e mais importante agente na América nos anos 70. Foi uma aventura um tanto esperançosa da minha parte. No entanto, meu pai morreu repentinamente, no dia após a minha chegada. Por isso, tive que dar meia volta e voltar à Dublin sem completar a minha missão. A perda de um pai é sem duvida algo comovedor e que transforma com completo a vida de uma pessoa. Todos da banda estiveram presentes no funeral e eu fiquei muito agradecido pelo apoio deles. O Bono e o Larry já tinham passado por uma situação de perda idêntica. A mortalidade parece ser um dos elementos que sustenta o U2 e talvez tenha ajudado a cimentar a relação entre todos. Algumas semanas depois, quando voltei para Nova York, o Frank Barsalona não teve outra opção senão me encontrar, devido às circunstâncias trágicas que cancelaram o nosso último encontro. Na verdade, nos tornamos bons amigos e a relação profissional com ele e com a Bárbara Skydel, o seu braço direito, foi a base da erupção do U2 na América como banda ao vivo. O mesmo se aplica ao nosso agente, Ian Flooks, no resto do mundo.


Adam: O Frank Barsalona era um caso exemplar. Nos contava histórias sobre os Beatles, The Who e o Led Zeppelin, pois já tinha sido agente deles. Nós achávamos que ele era o grande conhecedor da América.


Paul: Nos anos 60, ele tinha sido agente dos Beatles na GAC (General Artists Corporation) e mais tarde, formou a sua própria agência, a Premier Talent. Foi o agente da invasão britânica e lançou todas as grandes bandas de rock. Estabeleceu uma rede de promotores por toda a América: Bill Graham em São Francisco, Don Law em Boston, Barry Fey em Denver, Michael Cohl em Toronto, Arnie Granat e Jerry Michaelson em Chicago. Essa rede de promotores teria que arrumar shows para as bandas do Frank. O Frank ligava e dizia: “Tenho uma nova banda chamada U2. Quero que você Don, arrume um show para eles no Paradise” – que era um lugar pequeno, um clube em Boston - e os promotores acompanhavam a banda à medida que ela ia alcançando diferentes níveis de capacidade. E foi exatamente isso que fizemos desde 1980 até a turnê Zoo Tv, nos anos 90. E tudo começou com uma pequena turnê pelo nordeste em uma van.


Bono: O Paul enchia nossas cabeças com a América. Ele já tinha percebido que as bandas de rock, no seu sentido comum – Os Beatles, os Stones e The Who já tinham passado de moda na Europa, mas continuavam sendo adoradas na América. Nós não criamos singles virados para o pop e o Paul acreditava que haveria maior probabilidade de passarem a nossa música na rádio da universidade nos Estados Unidos do que na rádio 1 do Reino Unido. Daí enviou algumas cópias do nosso álbum para estações de rádio universitárias americanas e eles gostaram do trabalho. Foi graças a isso que nos apresentamos na América.


Edge: Os irlandeses estão na orla da Europa e há uma ligação sentimental muito forte com a América por ter servido de abrigo às inúmeras ondas de imigração saídas da Irlanda. Era como a terra prometida. Por isso, indo lá era uma forma de explorar esse lugar mítico. Mas é também a cultura dominante da comunicação social mundial, com todos os programas de televisão, filmes e música, e a minha primeira impressão foi de que é tudo exatamente como vemos na televisão. Cheguei a suspeitar que a América dos programas e filmes era uma espécie de exagero. Mas, ao andar pelas ruas, é como se estivéssemos andando por entre inúmeros programas de televisão. Está tudo lá. Fiquei fascinado com os diferentes sotaques, com a arquitetura e até mesmo com coisas banais como o café.


Bono: Escrevi uma música sobre isso: "Angel Of Harlem". Aterrissamos no aeroporto JFK e foram nos buscar de limusine. Nunca tínhamos entrado em uma e com o ruído ainda do punk rock presente nos nossos ouvidos, sentíamos uma espécie de satisfação comprometida ao chegar. E íamos sempre com um sorriso nos lábios, por achar tudo aquilo tão divertido. Atravessamos a ponte Triborough e observamos o perfil de Manhattan. O motorista da limusine era negro e tinha sintonizado a WBLS, uma estação de negros. Estava tocando uma música do Billie Holiday. E ali estava ela, a cidade das luzes ofuscantes e corações de néon. No céu passavam propagandas de bandas como nós, tal como em Londres no ano anterior. E estava nevando. Paramos na porta do Gramercy Park Hotel e entramos todos.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...