Em maio de 2010, enquanto o U2 ensaiava para a volta da turnê para a parte norte-americana da 360º Tour, Bono machucou as costas, tendo que se submeter à uma cirurgia de emergência em um hospital localizado em Munique, na Alemanha.
16 shows que o U2 faria pelos Estados Unidos e Canadá em 2010 foram adiados para 2011.
Durante a recuperação de Bono, The Edge declarou que os produtores Steve Lillywhite e Brian Eno já haviam discutido a possibilidade de a banda tocar canções inéditas ao vivo. "Nas sessões do No Line On The Horizon, Steve Lillywhite e Brian Eno disseram: 'A diferença quando você toca canções ao vivo é enorme. Vocês considerariam tocá-las ao vivo antes de gravá-las?'. Nós sempre pensamos, 'Que ideia maravilhosa', mas nunca tivemos a chance", declarou o músico.
Antes da volta da turnê, The Edge declarou: "Aproveitamos muito bem este período de pausa. Agora temos 25 novas músicas e duas ou três delas já apresentaremos ao vivo na volta da tour", contou o guitarrista para o jornal "La Repubblica".
Um áudio captado no Estádio Olímpico em Turim, local que o U2 realizava os ensaios para a volta da turnê; trouxe uma música nunca ouvida anteriormente até aquele momento; e que segundo sites de fãs do U2 e baseado no que se podia ouvir aos 25 segundos desta gravação, seria uma nova canção chamada "The Flowering Rose of Glastonbury".
"Escrevemos essa música dois dias depois do concerto em Berlim pelo 20º aniversário da queda do Muro", confirmou Bono.
"Glastonbury", título oficial confirmado pelo U2, é uma canção que permanece inédita em sua versão de estúdio e ainda não lançada oficialmente pela banda, e é dedicada ao célebre festival inglês. Foi escrita para ser tocada pela banda cujo line-up o quarteto estrearia em 2010, mas que teve sua participação cancelada por causa da lesão de Bono.
Então ela apareceu em 7 shows da turnê 360°, todos no ano de 2010 (Itália, Dinamarca, Alemanha e Finlàndia).
Na letra da canção, um verso parece resumir a tristeza da banda por perder a chance de se apresentar no célebre festival britânico: "Há algumas coisas que você não pode controlar/Em alguns momentos, você tem apenas que deixar tudo acontecer".
A introdução, com um riff metálico do guitarrista The Edge e um grito de Bono, parece um decalque do Led Zeppelin.
Bono também canta na canção sobre o milagre de Glastonbury (na linha 'You are the miracle I came here to find'). Então vamos entender melhor:
Glastonbury é uma pequena cidade situada no sudoeste da Inglaterra, aproximadamente a 150km de Londres em Somerset, sendo um ponto de peregrinação importante (Bono canta sobre isto na linha 'Down by the river where the pilgrims lay sleeping') no Ocidente desde a Idade Média, é o local onde se encontram enterrados santos que ali haviam vivido, como San Patrício, San David, San Dunstan, San Benedictus e Santa Brígida.
A cidade de Glastonbury é particularmente notável pelos mitos e lendas a respeito da colina próxima dali, a Glastonbury Tor, na montanha verde (Bono canta sobre ela na linha 'take me to the mountain green'), que reina solitária em meio ao resto completamente liso da paisagem de Somerset Levels.
Esses mitos são a respeito de José de Arimatéia, do Santo Graal e do Rei Artur. Historiadores afirmam que o rei Arthur foi enterrado na Abadia de Glastonbury.
A lenda de José de Arimatéia diz que Glastonbury foi o local de nascimento do Cristianismo nas ilhas britânicas e que a primeira igreja britânica foi construída lá, para guardar o Santo Graal aproximadamente 30 anos após a morte de Jesus.
A lenda também diz que um José mais jovem havia visitado Glastonbury com Jesus quando este ainda era pequeno. A lenda provavelmente tem origem na Idade Média, quando relíquias religiosas e peregrinações eram negócios lucrativos para as abadias. No entanto, William Blake acreditou nessa lenda e escreveu o poema que deu suas palavras à patriótica música inglesa "Jerusalém".
Diz-se que José chegou a Glastonbury num barco pela inundada Somerset Levels. Ao desembarcar, enfiou seu cajado no chão. O cajado floresceu miraculosamente numa árvore santa (Bono canta sobre isto na linha 'I came to find the flowering rose, the flowering rose of Glastonbury'), cujo nome é, literalmente traduzido, pilriteiro de Glastonbury (ou Sagrado Pilriteiro).
Essa é a explicação por trás da existência de uma árvore híbrida que só cresce dentro de algumas milhas de Glastonbury.
Essa árvore floresce apenas duas vezes ao ano; uma vez na primavera e outra na época do Natal a depender do clima. Cada ano um galho da árvore é cortado por um padre da Igreja da Inglaterra local e pela criança mais velha da escola St John's, e é depois enviado à rainha para que possa adornar sua mesa.
A árvore original era um centro de peregrinação na Idade Média, mas foi cortada durante a Guerra Civil (um soldado teria atirado na árvore ao ter sua visão bloqueada). Uma árvore substituta foi plantada no século XX em Wearyall Hill (originalmente em 1951, para marcar o Festival da Bretanha). No entanto, a árvore teve de ser replantada no ano seguinte, já que a primeira tentativa não vingou. Mas muitas outras mudas, simbolizando a original, crescem por Glastonbury, incluindo os dos terrenos da Abadia de Glastonbury, da Igreja de St John e Chalice Well.
Os fãs do U2 aguardam ansiosamente e estão à espera pelo lançamento oficial da canção em algum álbum ou single da banda.