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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Uma doce e simples canção de amor

Há um sub-texto em qualquer álbum – a história do que poderia ter sido. Havia duas ou três grandes canções de rock que cada um se compremeteu em obter de ‘All That You Can’t Leave Behind’. Muito trabalho houve. Eles estavam fazendo isso. Eles tinham que fazer. Mas há algo na dinâmica de fazer um disco do U2 que desafia a lógica. Você está operando no instinto, bisbilhotando nas entranhas das ideias, impulsos, trechos de inspiração, com apenas uma vaga noção de qual é o objetivo realmente. “As pessoas tem nos contado que não estão mais comprando discos de rock”, Bono explica, sobre a genesis de ‘All That You Can’t Leave Behind’, “por causa desse rock progressivo de merda, onde o single tem sido esquecido. Em nossas cabeças nós escrevemos 11 singles para esse álbum”.
Ao mesmo tempo, havia uma chave complementar: um desejo de dar um passo para o lado do tipo dance-stances que o U2 tinha experimentado com o POP. “Só parecia certo, por enquanto“, Bono diz. “Aquele alarido de opções em dance music, e apenas a democracia dessa música, tinha desgastado um pouco as pessoas.” Incluindo a banda. E aí eles se perguntaram a questão que eles têm tentado, consistentemente, perguntar-se cada vez que estão fazendo um álbum: o que você quer ouvir? E se você pode ter quatro pessoas para responder a essa pergunta da mesma forma, então você está no caminho certo. “Nós queríamos ouvir músicas”, Bono acrescenta. “Músicas que fazem você querer sair da cama, ao invés de canções que fazem você querer ficar debaixo da cama.”
O barulho do dance e a indulgência do rock progressivo deveriam ser evitados. E havia outra frustração que eles identificaram na música que dominava as paradas de todo mundo nos últimos cinco anos ou mais. Pop!
Havia algo no ar em 1977, no verão do punk, e o U2 inalou o veneno: não era novo, mas a energia e paixão que explodiu nas ruas da Grã-Bretanha e Irlanda nesse breve apogeu do punk rock foi disparado através de um espírito anti-estabelecimento, e um sentimento de querer colocar o mundo a direita do que foi particularmente forte e infeccioso. Bono fala sobre o desafio no rock, algo que é desenhado para acordá-lo, mantê-lo motivado. Por outro lado, pop é um anestésico – em termos marxistas, um ópio do povo. Seu papel social é fazer se sentir que tudo está bem quando obviamente não está.
Mas aqueles conceitos iniciais, os parâmetros que são esboçados durante a gravação podem ser totalmente modificados até todos aceitarem que não há mais como estender o prazo a
cumprir, e o que tiver sido feito até então terá que servir. O álbum é terminado.
As mudanças de direção que ocorrem ao longo do caminho são muitas vezes uma questão de equilíbrio. Tudo está muito sombrio – Jesus, nós precisamos deixar uma pequena luz entrar.
Tudo está tão lento – havia uma ideia mais dançante que poderíamos trabalhar agora para nos tirar dessa crise? Tudo está tão pesado – o que nós precisamos é de uma canção de amor, algo doce e simples!
É um dos momentos mais estranhos do álbum, a limpa guitarra acústica introduz ‘Wild Honey’. A tecnologia está tão sofisticada agora que a tentação existe para usá-la o tempo todo. ‘Wild Honey’ foi capturada em seu estado bruto. “Nunca brincamos com ela”, Lanois diz. “É por isso que soa dessa forma”.
Há tanta melancolia em outros lugares do álbum que é uma tangente vital, enfiada no último minuto para permitir que as pessoas levantem a cabeça acima do peso absoluto do envolvente material sonoro e liríco. Não é apenas o som rudimentar que faz você pensar nos anos sessenta: há um sabor Beatle-ish na melodia e nas linhas de harmonia. E é impossível não ouvir Van Morrison, não apenas na voz de Bono mas também no panteísta sabor dos sentimentos. “Bem, Van canta muito em tom maior”, Daniel Lanois especula. E Bono soa como Van agora e de novo. Eles cresceram no mesmo quintal, então ele tem uma licença!”
“Nós pensamos que poderia ser divertido inclui-la”, Lanois adiciona, “uma boa, simples, clara canção com um sentimento adorável. Ela tem uma leveza para o álbum, mas é uma canção de agradecimento. Eu acho que é como tirar um tempo para dizer uma pequena oração. Isso é o que é.”

Agradecimento: Rosa - Achtung Zoo
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