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terça-feira, 20 de junho de 2017
Quando o U2 vem ao Brasil, os cambistas fazem "a festa" com venda ilegal de ingressos
No ano de 2006, o U2 trouxe ao Brasil a 'Vertigo Tour', com dois shows no Estádio do Morumbi em São Paulo.
Em noite de estádio lotado, os cambistas e os golpes aplicados por eles do lado de fora, marcaram aquelas datas especiais para os fãs da banda.
A organização da turnê do U2 no Brasil informou que já tinha detectado a comercialização de ingressos falsos para os shows dos dias 20 e 21 de Fevereiro.
Segundo a produção, os ingressos estavam nas mãos de cambistas e em sites de leilão da Internet.
Os ingressos oficiais, que já tinham sido todos vendidos, possuíam itens de segurança (códigos de barras e marcas diferenciadas), que seriam verificados na hora da entrada do público.
Quando os ingressos começaram a ser vendidos, uma funcionária que indicava cambistas foi demitida. A rede de supermercados Pão de Açúcar demitiu uma funcionária que indicava cambistas a clientes que queriam adquirir ingressos para o show.
A funcionária terceirizada, que trabalhava na loja da Avenida Ricardo Jafet, em São Paulo, informava a fãs da banda que os ingressos para a apresentação estavam esgotados. No entanto, ela sabia quem poderia vendê-los.
Segundo a publicação, o cliente interessado recebia um número de telefone celular que pertencia a um cambista que se identificava como Edvaldo. Ele alegava ter desistido de ir ao show e que estava vendendo dois ingressos a R$ 500,00 cada. O vendedor ainda afirmava poder conseguir mais entradas para o show.
O comércio não autorizado de ingressos também aconteceu na internet. Em alguns sites, eles chegavam a ser oferecido por preços a partir de R$ 400,00.
A ação dos cambistas irritou os fãs da banda, que se manifestavam com mensagens nos sites de leilão e em comunidades do site Orkut.
Cerca de 70 mil pessoas garantiram os ingressos de maneira oficial pelo telefone, antecipadamente. Porém, horas antes do show, centenas de pessoas se aglomeravam em frente aos portões, em busca de algum ingresso que havia sobrado.
Os cambistas eram muitos, e muitos estavam sem ingressos para venda. Fãs e cambistas gritavam "compro ingresso", simultaneamente. Os poucos disponíveis estavam caros.
O preço médio para uma entrada de arquibancada era de R$ 400. Na pista, R$ 600, mas uma pessoa chegou a oferecer à reportagem da Folha de São Paulo um ingresso por R$ 1.000, já com o show de Franz Ferdinand começando. Os ingressos oficiais custavam R$ 200 para pista e R$ 230 para arquibancadas.
Apesar dos preços salgados e dos alertas de fraude, o desejo de assistir ao show da banda irlandesa falou mais alto, e a reportagem acompanhou, ao lado de muitos fãs que ficaram do lado de fora do Morumbi, a procura pelo ingresso no "mercado negro".
A primeira proposta era de R$ 300 por um ingresso de arquibancada. Mas o cambista não tinha o bilhete na mão. Disse que conseguiria um, e depois outro. Foi uma espera de aproximadamente uma hora, e nada.
Sem a concretização da promessa, a reportagem e um grupo de fãs abandonou o cambista e procurou outras ofertas, mas os preços altos desanimaram.
Em meio ao vai-e-vem, outra esperança surgiu para o grupo. Um ambulante disse conhecer uma pessoa que "colocava" fãs no show. Eles entrariam "escondidos" no estádio, por um dos portões. Apesar da ilegalidade, o preço também era alto: R$ 400 por pessoa, mas a espera também era grande.
Ao perceber que a "fila" não andava, o grupo seguiu para outra tentativa. Foi então que apareceu um cambista que oferecia dois ingressos de arquibancada. O preço pedido era de R$ 400 cada um, mas com a negociação baixou para R$ 300. Na ocasião, o U2 já estava na quarta música e centenas de pessoas ainda estavam do lado de fora do Morumbi.
Com a presença intensa da polícia no entorno do estádio, a negociação ocorreu em um trecho escuro de uma rua, atrás de um carro. Em seguida ele desapareceu. O ingresso, porém, tinha data de segunda-feira. Antes da entrega do dinheiro, um ingresso com a data correta chegou a ser mostrado, mas, sem que ninguém percebesse, acabou trocado pelo vendedor.
Pior que o prejuízo foi a frustração dos fãs, que não conseguiram assistir ao show. A reportagem também presenciou situações de fãs que já haviam comprado ingresso falso e, apesar de terem perdido dinheiro, voltaram a procurar os cambistas. Em outro caso, os vendedores pediam dinheiro antecipado para "buscar" o bilhete.
Até por volta das 23h30, a Polícia Militar não soube estimar quantas pessoas ficaram do lado externo do estádio. Segundo ambulantes e taxistas ouvidos pela reportagem, a movimentação de fãs foi maior na terça, segundo dia do show.
No ano de 2011, a banda voltou ao país, com três shows também no Estádio do Morumbi em São Paulo, pela turnê 360°.
De acordo com denúncia enviada para o site O Globo, agências de turismo estavam agindo como cambistas e revendendo os ingressos para os shows a preços exorbitantes. "Simplesmente estão revendendo os ingressos por até 4 vezes o valor original", denunciou um leitor.
Várias agências foram consultadas e foi constatado que elas estavam revendendo ingressos com preços acima dos originais, inclusive para o show do dia 13 de Abril, que nem sequer estava confirmado no momento.
Na primeira noite de apresentações, muitos ainda tentavam vender ou comprar ingressos e contavam com a ajuda dos cambistas. A estudante Juliana Khaled, de Belém (Pará), contou que comprou um ingresso para a arquibancada dois meses antes, mas há dois dias do show conseguiu um para cadeira e, em frente ao Morumbi, tentava vender o ingresso por R$ 200, valor que diz ter pago.
O cambista ofereceu R$ 150 pelo ingresso. Eles negociaram por algum tempo, mas ela negou a proposta. "Eu não quero levar prejuízo. Então, vou negociar até conseguir o que paguei". Juliana não sabia o que faria se não conseguisse vender - a entrada era para o segundo show. O cambista, que não quis se identificar, diz: "moça, vou ter que achar alguém com carteirinha, porque o ingresso é de estudante!". Mesmo assim, ela não se convenceu. Muitos negociavam os ingressos por preço médio de R$ 500 (pista), cadeira saia por R$ 400 e arquibancada R$ 300. O cambista queria comprar o ingresso de Juliana para revender pelo dobro do valor.
"Quando a Polícia chegar, a gente disfarça, fica tranquilinho, não chama a atenção", disse ele, que não considera a compra e venda de ingressos dos fãs irregular. "A gente não está fazendo nada de errado nem está vendendo ingresso falso. Estamos ajudando quem não tem (ingresso)". Ele disse que a procura é grande.
Cambistas, polícia e muito tumulto marcaram as vendas de ingressos para a segunda data dos shows.
Cerca de mil pessoas, segundo contagem da Polícia Militar, esperavam em fila na calçada da Av. das Nações Unidas para comprar, nas bilheterias armadas no estacionamento do Credicard Hall, as entradas sem a taxa de conveniência.
As vendas estavam marcadas para as 10h. Mas, a essa hora - e dali por diante - os portões que dão acesso à bilheteria já não seriam mais abertos ao público que aguardava desde as 9h do dia anterior.
"Eu e meu amigo chegamos aqui às 10h [do dia anterior], estávamos em décimo lugar na fila. E não conseguimos entrar", disse Rita Passos. "A gente estava aqui numa tenda quando a fila foi invadida por cerca de cem pessoas."
O tumulto começou. Segundo relato de Raimundo Nonado, pessoas começaram a ser agredidas pelos seguranças e duas mulheres chegaram a desmaiar. A Polícia Militar foi chamada por volta da 0h30. "Eles não ajudaram nada, vieram jogar pimenta nos jovens. Isso é organizar?", pergunta Nonato.
A assessoria de imprensa da Polícia Militar confirmou um chamado à meia-noite por uma "confusão generalizada", que foi "resolvida na hora". Disse que não tinha mais detalhes da operação.
Segundo outros fãs que estavam no começo da fila, os portões foram abertos por volta das 4h. Entraram cerca de cem pessoas.
"Botaram só cambista lá dentro. A gente viu eles pagando os seguranças e sendo liberados [para entrar]", afirmou Valéria Oliveira, que chegou ao Credicard Hall por volta das 19h do dia anterior.
César Augusto continua: "Era na cara dura. O cambista puxava um bolinho [de dinheiro] e dava na mão dos seguranças. Só essa gente entrou. A organização está sendo conivente com isso".
Muitos fãs se mantiveram por mais uma hora na Av. das Nações Unidas em protesto, à espera de uma resposta oficial da Time for Fun, empresa que organiza o evento.
"Vim de Taubaté às 15h de anteontem e não consegui comprar por causa dessa falta de respeito", chorava Adriano Rodrigues.
Assim o público começou a se dispersar, por volta das 11h15, cambistas já vendiam ingressos de pista para o show de 10 de abril. O preço já estava "reajustado" -passou de R$ 180 para R$ 400.
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