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segunda-feira, 10 de abril de 2017
A história não contada da gravação em Las Vegas do videoclipe de "I Still Haven’t Found What I’m Looking For" - Parte 1
Ele canta sobre escalar a mais alta das montanhas, das profundezas do centro da cidade, seu terno preto como o sombrio beco em que ele está parado. Um flash dos faróis de motos da polícia de Las Vegas iluminam Bono por trás... ele caminha, sua voz e braços se erguem em uníssono, quando uma súbita explosão de cores de néon piscando engole a escuridão.
A câmera se move em círculos e filma num ritmo extremamente lento — seis quadros por segundo em oposição ao padrão 24 — criando um redemoinho de luz e som que imita visualmente o que está ocorrendo na frente daquele cassino ou o que for, onde quaisquer limites entre artista e público estão sendo desfocados de forma semelhante.
É 12 de abril de 1987, e o U2 está prestes a se tornar a maior banda do mundo.
Cinco dias antes, o quinto álbum de estúdio dos roqueiros irlandeses, 'The Joshua Tree', atingiu o n º 1.
Ele iria ficar lá durante nove semanas.
Cinco dias antes, a banda deu início ao que se tornaria sua turnê transformadora pelos EUA, em Tempe, Arizona.
Mas agora estão aqui nas ruas de Las Vegas logo após seu primeiro show local que aconteceu no Thomas & Mack Center, com seu vocalista beijando estranhos, subindo em cima do capô de carros esportivos que estão parados no trânsito, brincando com uma criança que já passou de sua hora de dormir.
Seus companheiros de banda são mostrados com expressões sérias e as vezes preocupadas, como parte da gravação do vídeo para "I Still Haven’t Found What I’m Looking For" que se tornaria um de seus clipes mais emblemáticos. O vídeo foi uma sensação instantânea, nomeada para quatro MTV Video Music Awards no ano seguinte, mostrando não só a banda, mas a baixa de Las Vegas para o mundo.
"Naqueles dias, esse vídeo foi a sua versão do viral, e é o que colocou o centro da cidade de volta para o mapa, absolutamente", diz o Presidente e CEO Patrick Hughes da Fremont Street Experience, nativo de Dublin, Irlanda, que credita ao clipe a tomada do sonho de um dia viver em Las Vegas. "Caí na indústria dos Cassinos em 1988 e viajei ao redor do mundo com a intenção de vir para cá por causa desse vídeo. Ele mostrou a liberdade deste país."
Às vésperas do 30º aniversário da gravação do vídeo, ele continua a ser um snapshot duradouro de uma banda, de uma parte de Las Vegas, que em breve seria irrevogavelmente mudada.
E tudo foi feito em um take, registrado em menos de três horas com uma equipe reduzida e um elenco desavisado de extras, alguns sentados em máquinas caça-níqueis, outros só de passagem.
Nada foi ensaiado; cada interação foi espontânea.
"Tudo o que aconteceu no vídeo", conta o diretor Barry Devlin, "realmente aconteceu".
O Conceito
É uma das canções da banda com mais sentimento, tão vulnerável quanto ela é emocionante, uma busca por aquele pedaço indescritível, se perdendo em um quebra-cabeça de saudade e desejo.
"A canção "I Still Haven’t Found What I’m Looking For" é uma confissão muito aberta do jeito que alguém sente como sua vida está indo", diz Devlin de sua nativa Dublin, Irlanda. "E eu pensei: 'Tudo bem, vamos gravar a canção mais sincera que eles já escreveram, na cidade menos sincera que já tocaram.' Havia um contraponto irônico para a canção, de certa forma, gravando-a em Las Vegas."
Devlin ter tido a oportunidade de fazer o vídeo foi o resultado um pouco de um tempo bom: um associado de longa data da banda que gravou sua primeira demo no final dos anos 70, ele estava na estrada com o grupo para filmar um documentário sobre o que viria a revelar-se depois um avanço da turnê americana do U2.
Inicialmente, não havia planos para sequer fazer um clipe para a canção em questão.
"Isso foi apenas um trabalho de lado que surgiu de última hora, porque eles estavam sob pressão para entregar um vídeo, então nós dissemos, 'Certo, nós faremos isso'", diz Declan Quinn, diretor de fotografia para o referido documentário. "De maneira inocente, nós não conseguimos nos comprometer na pré-produção normal e planejamento para a gravação de um vídeo para uma grande banda."
Eles tinham pouco dinheiro para a produção e ainda menos tempo para gravá-la.
É aí que Las Vegas entrou: além do óbvio gancho temático de filmar um videoclipe sobre a busca de algo para preencher um vazio dentro de si mesmo em uma cidade onde milhares vêm para fazer apenas isso, Vegas em si serviu como um estúdio natural para uma sessão de gravação sem muito dinheiro.
"Eu só tinha duas luzes, realmente", Devlin recorda de seu equipamento limitado, "mas Las Vegas tem o maior montante de iluminação em todo o mundo."
E então Devlin convenceu a banda a lhe fornecer algum tempo depois de seu show no Thomas & Mack, mas havia apenas um problema: levar o grupo do local do show para o centro de Las Vegas, sem milhares de fãs se amontoando em volta e interrompendo as filmagens.
"Se o público soubesse que estávamos filmando na Fremont Street, nós teríamos sido esmagados", diz Devlin. "Eu era um grande fã dos Beatles, e eu tinha visto ' A Hard Days Night', então eu fiz uma coisa que sempre quis fazer: coloquei quatro sósias vestidos como os caras do U2 indo para casa nas limusines, e a multidão os seguiu. Então a banda desceu para Fremont Street em uma van da lavanderia."
Algumas pessoas ligadas ao U2 não ficaram felizes com isto.
"Quando a banda saltou fora da van da lavandaria, o empresário Paul McGuinness chegou e disse: 'Vamos deixar para lá esta filmagem. Isto é uma loucura'", diz Devlin. "E eu disse: 'Ah Paul, este é meu sonho'. E ele: 'Tudo bem, você tem duas horas e meia'."
Do site: Las Vegas Review-Journal
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