Bono, que escreveu um álbum inteiro como uma excursão "ao coração de uma criança" se despediu de uma infância emocionalmente problemática apenas para fazer 'October' virtualmente falando em línguas, enfurecendo-se por dias a fio no microfone dentro de uma cabine de isolamento erguida às pressas de ferro corrugado.
"Tendo meu caderno roubado em Seattle algumas semanas antes, eu não tinha nenhuma letra escrita. Então, eu apenas tentei tirar de mim mesmo o que realmente estava acontecendo nas músicas. As coisas com as quais você está mais profundamente preocupado, repousando lá em seu subconsciente, podem sair em lágrimas, ou temperamento, ou um ato de violência..."
Ou, no caso de Bono, em alguns meses vasculhando seu próprio coração e mente e derramando os resultados em fita. Steve Lillywhite, o jovem produtor que trabalhou em todos os três álbuns do U2, abriu espaço para o cantor. Das 24 faixas disponíveis, ele deixou oito abertas para o lamento resinoso de Bono ressoar.
"Gloria" foi cantada parcialmente em um tom monótono derivado das gravações de cantos gregorianos que Paul McGuinness havia fornecido; algumas letras saíram em latim, e quando Bono saiu correndo do estúdio para pegar um dicionário de latim para traduzir seus próprios desgostos, ele encontrou um amigo que havia estudado latim e o trouxe de volta para traduzir. As palavras em inglês são um uivo suplicante descrevendo a situação exata em que Bono se encontrava: "Eu tento cantar esta música/Eu tento me levantar/Mas não consigo encontrar meus pés..."
"William Butler Yeats", contou Bono, "disse que houve um período em que ele não tinha nada a dizer. Bem, dizer isso é em si uma declaração da verdade sobre sua situação, então diga isso. Eu tinha essa sensação de tudo esperando por mim, e eu estava nu, nada a oferecer. Então eu passei por esse processo de arrancar o que estava dentro de mim para fora de mim mesmo".
A música que o assombrava, Bono disse, é "Tomorrow". Ele originalmente pensou que as palavras, com suas imagens de um carro preto esperando na beira da estrada e uma batida temida na porta, tinham a ver com os assassinatos na Irlanda do Norte. Meses depois, ele percebeu que a música era sobre a morte de sua mãe, que aconteceu quando Bono tinha quatorze anos. "Eu percebi que o que eu exatamente estava falando era sobre a manhã do funeral dela, não querendo ir até aquele carro preto parado e fazer parte disso. As pessoas às vezes dizem que 'October' é um disco religioso, mas eu odeio ser colocado dessa forma".
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