
Mas na verdade, o que mais queriam era organizar a vida e fazer um balanço do ano. “Nos últimos 12 meses, nossa organização virou um hospício. Os telefones berravam o dia inteiro, Paul (McGuinness) gritava pelo quatro cantos e fomos duramente criticados. Estamos sendo taxados de arrogantes, por convidarmos Dylan e B.B. King a gravarem conosco e por termos feito músicas no estúdio Sun. Alguns dizem que nós queremos ser tão importantes quanto Elvis ou próprio Dylan. Ora, isso é ridículo. Apenas por gravarmos lá e com ele? É claro que eu gostaria que o U2 fosse tão grande como eles, mas isso não quer dizer que uma coisa tem a ver com outra”, afirmou Bono.
Na verdade, uma das críticas mais ácidas acontecia quando tocavam “Bullet the Blue Sky” ao vivo, já que a canção se iniciava com uma gravação de Jimi Hendrix executando “Star Spangled Banner”, em Woodstock, tendo fogos de artifício explodindo acima de uma imagem da bandeira americana.

“Acho que nosso maior problema é que atingimos um nível tão alto para a Irlanda que ficamos sem um rival à altura e de repente tudo que falamos ou fizermos ganham contornos ridículos. Essa é a nossa maior preocupação, mas sinto que o público nos entende e que está descobrindo novas experiências na música junto conosco, porque nós estamos descobrindo muita coisa e queremos progredir ainda mais”, contou The Edge.

Em março ainda sai um novo single do The Joshua Tree, editado especialmente na Nova Zelândia, país de Greg Carroll, One Tree Hill. A foto era a mesma utilizada no single In God’s Country.

Joanou resolveu aproveitar os vários momentos da excursão do grupo dentro da América, mostrando o grupo gravando “Angel of Harlem”, no Sun Studio, uma apresentação ao lado de B.B.King e a visita do grupo em Graceland, a mítica mansão de Elvis Presley. Elvis era o grande ídolo de Larry, que protagoniza dois momentos tocantes: sentando em uma motocicleta Harley Davidson e uma rápida entrevista, onde confessa sua paixão pelo cantor desde quando era menino.

“Escrever novas canções é um ato de sobrevivência para nós. Nós pensamos da seguinte maneira: se não conseguimos tocar as antigas músicas, então escreveremos novas e as tocaremos. Se os fãs gostarão ou não, é outro assunto, mas o fato é que nós precisamos disso. Não há como ficar preso no passado. A evolução é uma conseqüência natural”, segundo Bono.

O grande medo da banda era simplesmente a falta de competidores, principalmente dentro da Irlanda. Para Adam, a pressão em cima do U2 era simples de ser explicada: não havia alguém com quem pudessem dividir os holofotes.
“A pressão em cima de nós está sendo cruel até certo ponto, porque não temos nenhum outro artista irlandês que faça sucesso como nós. Se isso é bom em alguns aspectos, causa um estresse porque temos nossos passos vigiados. Eu sinto falta de Phil (Lynott, líder do Thin Lizzy, que morreu no começo de 1986) porque ele era uma pessoa que tinha os mesmos problemas que enfrentamos hoje e seria alguém com quem poderíamos conversar. Sei que parece ridículo reclamar, pois parecemos mimados, mas a verdade é que toda a mídia da Irlanda fez do U2 seu maior combustível. Existe uma diferença entre a Europa e a América. Lá você é um astro, as pessoas têm menor contato e uma imagem diferente. Eu não abro mão de viver em Dublin, porque amo essa cidade e porque ela nos proporciona um conforto e uma tranqüilidade que não teríamos em outra parte do planeta, mas reconheço que os problemas estão crescendo.”
A falta de Lynott era sentida também por Bono. “A coisa que mais me lembro dele é quando aluguei uma casa na mesma rua em que ele morava. Era algo estranho, pois você nunca o encontrava em sua residência, apenas na rua. Nós nos cumprimentávamos e ele me chamava para ir até sua casa para um almoço e eu retribuía o convite para que também me visitasse. Só que os convites acabavam ali mesmo. Phil era um cara bacana, uma pessoa com quem conversei algumas vezes e que sentia a pressão da mídia. Infelizmente ele foi embora cedo demais.”