
Sem saber começava a ser criado uma amizade entre os eles. Não apenas uma amizade profissional, mas um relacionamento mais íntimo e pessoal entre os quatro rapazes que tinham gostos e hábitos tão diferentes. Começaram a entender que não queriam que o U2 fosse apenas um grupo de rock. O U2 deveria ser algo maior, uma entidade que os guiasse e que representasse a personalidade e sonhos de seus membros. Os parâmetros estavam estabelecidos e os desafios eram grandes. Bono devia fornecer uma imagem, The Edge tentar traduzi-la em sua guitarra e Adam e Larry ajudar na construção da melodia. E todo esse processo foi lento, duro e sofrido. Bono, por exemplo, precisava percorrer uma distância de treze quilômetros a pé, todos os dias, para ir aos ensaios na casa de The Edge, já que seu pai cumprira a promessa de não ajudá-lo financeiramente.
Nesse meio tempo, McGuinness conseguiu outra apresentação no McGonagles para a banda, que iria abrir para o Revolver, um grupo com mais experiência e com alguns discos já gravados. A idéia do empresário era colocar a banda em quantas apresentações conseguisse, para que começassem a ganhar nome, e conseqüentemente dinheiro, vital para manter os integrantes e poder pagar o custo das sessões de gravação.

Nessa época o grupo ganhou um importante aliado, Dave Fanning. Fanning já era um importante radialista de Dublin e gostava muito do carisma do U2 em cima de um palco. Dave também trabalhava como DJ no McGonagles e acabou convidando não apenas o U2, mas todos os membros do The Lypton Village para seu programa.
Um dia, Bono convidou Adam para irem até Londres para assistirem um show do Thin Lizzy com o Horlisps, no Wembley Arena. As duas bandas estavam fazendo uma apresentação por um preço pequeno. Mas Bono e Adam não iriam gastar seu dinheiro com o show, iriam gastar procurando alguém que pudessem produzir sua primeiro demo. Bono tinha um nome na cabeça, Barry Devlin, integrante do Horslips. Barry se sentiu feliz com o convite e topou o desafio.
Um dia, McGuinness chegou com uma grande notícia: o U2 abriria para os Stranglers, uma das maiores e mais importantes bandas punks inglesas. Bono entrou no camarim e tentou convencer Hugh Cornwell, líder do grupo, a usar um broche com o nome “U2”, ao lado do que ele usava em sua jaqueta com o nome do seu novo disco.
Em seguida, o grupo partiu para uma apresentação na cidade de Cork, quando começaram a perceber que algo urgente precisaria ser provindeciado: bons equipamentos para apresentarem-se ao vivo. Agora, o U2 abria para o D. C. Nien e foram um grande sucesso, com a platéia aplaudindo calorosamente ao final da rápida apresentação. Enquanto a banda tocava, Paul foi atrás do responsável pela boa qualidade de som do local. Descobriu um sujeito baixinho, de barba e que era responsável pela empresa Stage Sound Systems, chamado Joe O'Herlihy. Mentalmente, McGuinness gravou esse nome.

No dia 1º de novembro o grupo entrou no Keystone Studios para gravar sua demo. Resolveram que três canções seriam trabalhadas: "Shadows and Tall Trees", "The Fool" e "Street Mission". Devlin adorou as composições e a originalidade da banda. Mas o que mais chamou a atenção do produtor foi a maneira peculiar de The Edge tocar. Devlin chegou para o guitarrista e deu algumas sugestões em algumas partes das músicas. Ele estava impressionado com a determinação dos quatro meninos dentro de um estúdio e nem acreditava que a idade deles variava entre 17 e 18 anos.

Ao final da sessão, Paul McGuinness correu em direção ao produtor, nervoso, perguntando sua opinião sobre o U2. "Fique tranqüilo Paul, eles são muito talentosos, divertidos e certamente farão um grande sucesso em pouco tempo. Tudo é uma questão de química e isso eles têm de sobra."
Paul ficou eufórico com a notícia, mas logo a alegria foi substituída por uma notícia terrível: a mãe de Larry, Maureen, morrera em um acidente automobilístico...