PARA VOCÊ ENCONTRAR O QUE ESTÁ PROCURANDO

sábado, 30 de agosto de 2025

Premiado artista eletrônico irlandês Roger Doyle conta como teve single gravado por selo do U2 após ter sido professor de piano de Bono


O premiado artista eletrônico irlandês Roger Doyle é membro fundador da companhia de teatro experimental Operating Theatre.
A faixa foi lançada inicialmente pelo selo Mother Records, do U2, em 1986, depois que o Operating Theater foi convidado a gravar um single pelo selo por Bono, a quem Roger havia dado aulas de piano. "Bono era um ótimo aluno de piano, mas não queria fazer o exame". 
Sobre o single lançado pela Mother Records, Roger Doyle ao Irish Mirror: "A despesa foi toda do U2, porque era do selo Mother Records. 
E eles contrataram várias bandas, seis ou oito, para participar do selo, para divulgar a música irlandesa e conseguir gravar esse material de forma adequada. E presumivelmente, todos nós achávamos que o disco seria lançado de forma adequada, mas a segunda parte não aconteceu. Eles fizeram um lindo lado A e B, em 1985, que custava £ 1.000 por dia, que o U2 pagou com prazer. Ficamos emocionados, é claro. Não quero reclamar muito, mas eles nunca promoveram! Gastaram todo aquele dinheiro com isso — e não sou o único a dizer isso — outras bandas ficaram meio abandonadas. Estávamos em desvantagem porque não éramos uma banda em turnê, éramos uma banda de estúdio. Então, duvido que conseguiríamos fazer "Spring Is Coming" ao vivo.
Isso foi parte do nosso problema, mas a outra parte foi que não conseguimos uma única entrevista de rádio. Certamente não fui entrevistado por nenhuma revista, publicação, rádio ou qualquer coisa.
Com toda essa força por trás, essa influência, você realmente imaginava que talvez fosse estourar com esse super lado A e esse super lado B, que eram tão novos nos anos 1980, "Queen Of No Heart" e "Spring Is Coming"."
Em outras entrevistas, Roger deu mais detalhes: 

"Em 1984, Bono viu uma entrevista minha no jornal dizendo que eu conseguia reproduzir o som de uma orquestra a partir de um teclado de computador e me perguntou se eu lhe daria aulas de piano. Ele estava fundando a gravadora Mother Record para divulgar a música irlandesa para um público mais amplo.
Naturalmente, toquei para ele uma demo de "Spring Is Coming With A Strawberry In The Mouth". Ele imediatamente achou que tinha potencial e me convidou para gravá-la, junto com "Queen Of No Heart", no Windmill Lane Studios, em Dublin. Ele era um bom aluno e fez o dever de casa. Eu já estava trabalhando em algumas músicas com a cantora/letrista Eléna Lopez. Bono ficou muito impressionado com o canto de Eléna e produziu os dois lados do single de 7" e até tocou uma linha de guitarra em "Queen Of No Heart"."

"Eu costumava sair com o U2. Participei das gravações do 'The Unforgettable Fire'. Jantei com eles no estúdio e na casa do Bono. Estávamos no Windmill Lane Studios, que custava mil libras por dia. Lembro-me de Paul McGuinness me dizendo: "Você é o próximo". Isso me encheu de fantasias de "talvez eu possa fazer um grande sucesso aqui – não é emocionante?", sabe? Ele não deveria ter dito isso, na verdade. Nas palavras do Monty Python, "...e então nada aconteceu".
O consenso é que, em algum momento, isso estava custando muito dinheiro a eles e talvez pudessem usar isso como desconto em impostos, ou algo assim. Não fui só eu – muita gente disse isso na época. Não sei se é verdade. É apenas uma teoria, mas é uma espécie de explicação.
"Spring Is Coming" e "Queen Of No Heart" eram realmente novas em 1986. Eles realmente deveriam ter feito algo com elas. O U2 tinha marcado a reunião, então o que eu deveria ter dito a eles na época era: "Vocês me convidaram para vir aqui — eu não enviei nenhuma música. Vocês me convidaram". Enfim, não deu em nada". 

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Segredos Revelados: a versão ao vivo de "Bullet The Blue Sky" acelerada para o filme-concerto 'Rattle And Hum' do U2


Pelo músico, fã do U2 e colaborador Márcio Fernando:

Sempre achei a versão de "Bullet The Blue Sky", Assim como "Where The Streets Have No Name", "In God's Country", "With Or Without You", "Pride" e "Exit" do filme 'Rattle And Hum', de alguma forma, diferente das outras versões da mesma turnê, mas eu nunca pesquisei sobre, até estes tempos.
Vamos falar de tempo de música e de afinação.
Cada música tem seu BPM (batidas por minuto), ou seja, quanto mais BPM, mais rápida ela é e vice versa.
Um padrão mundial foi definido para cada nota de música, A (Lá), B (Si), C (Dó), D (Ré), E (Mi), F (Fá) e G (Sol).
Quando uma nota está entre outras 2 notas (meio tom), como Lá (A) e Si (B), é chamado de Bemol ou sustenido, no caso a nota que está entre A e B pode ser chamada de 2 formas, A# (lá sustenido) ou Bb (Si bemol).
As notas Si (B) e Dó (C) não tem notas entre elas, são diretas, coladas uma na outra, sem bemol ou sustenido.
A afinação padrão de um instrumento é em E (Mi), mas muitas bandas fazem músicas com afinações diferentes em suas guitarras, baixos e teclados, baixando a afinação para as notas não ficarem tão altas e difíceis de cantar para o vocalista, e o U2 ao longo dos anos têm feito isso.
Nos anos 80, poucas bandas usavam metrônomo ao vivo, um clique repetido em loop para o baterista e/ou a banda não saírem do tempo quando tem um loop (som pré gravado) para tocar ao vivo. 
Nos anos 80 o U2 usava em "Bad", "Streets", "Unforgettable Fire", "One Tree Hill", dentre outras poucas.
"Bullet The Blue Sky" também era uma delas. O tempo da música definido no metrônomo e esse tempo não muda na turnê, já vi tocarem am outros tempos mais acelerados ou devagar, mas em turnês diferentes.
Mas em "Bullet The Blue Sky" do filme 'Rattle And Hum', ela está mais rápida e com meio tom acima das outras versões da mesma turnê em que estava sendo tocada, mas por quê?


Antigamente para lidar com o áudio, era um sistema analógico e o funcionamento é simples de entender:
Para quem teve toca-discos, se você colocasse o dedo em cima do disco e girasse para ele ficar mais rápido, a música ficava mais rápida e a voz mais 'fina' (aguda), certo?
Se você colocasse o dedo no disco e tentasse retardar ou desacelerar,  a música ficava mais lenta e a voz mais 'grossa' (grave).
Assim é o analógico e assim fizeram também com "Bullet The Blue Sky" do filme 'Rattle And Hum', deram uma acelerada nela.
Aqui no vídeo abaixo eu desacelero a música do jeito analógico, onde a música ficará mais lenta e a voz mais grave.


No vídeo abaixo, mostro como é nos dias de hoje, e num mundo digital, onde tudo é possível, inclusive desacelerar a música e manter o tom da música intacto.


Por que só no filme 'Rattle And Hum', as apresentações de "Bullet The Blue Sky", "Where The Streets Have No Name", "In God's Country", "With Or Without You", "Exit" e "Pride" são assim?
Acredito que Phil Joanou tomou essas decisões de 'ir com tudo' nessas músicas, como, subir a adrenalina de quem estava assistindo.
No disco 'The Joshua Tree', Bono cantou "Bullet The Blue Sky" meio tom abaixo, 'Eb', diferente do tom que está no filme de 'Rattle And Hum', que está mais acelerada, pois no disco a música tem 152 BPM e ao vivo do 'Rattle' tem 156 BPM.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

O que a crítica escreveu sobre o filme-concerto 'Rattle And Hum' na época de seu lançamento


Roger Ebert criticou o filme-concerto 'Rattle And Hum' do U2 como uma "bagunça", dizendo que as filmagens do show eram mal iluminadas e não mostravam o público o suficiente, e que a banda sendo "deliberadamente inarticulada" em segmentos de entrevista "não era fofa". 
Seu parceiro de crítica Gene Siskel foi mais generoso, elogiando a performance do grupo com o coral gospel do Harlem como "poderosa e emocionante" e chamando as declarações de Bono durante "Sunday Bloody Sunday" de destaque do filme. 
Hal Hinson do The Washington Post chamou o filme de "um exercício de hagiografia do rock 'n' roll" e "um fanzine em celuloide", e disse que, apesar de seu "visual deslumbrante", o filme parecia "teatral e superproduzido". Ele disse que as "tentativas da banda de se colocar no continuum do rock são bastante extenuantes e mais do que um pouco presunçosas". 
Joyce Millman, do San Francisco Examiner, descreveu-o como um filme "tediosamente piedoso e presunçoso" que "capturou com sucesso tudo o que os fiéis amam, e nós, pagãos, detestamos, sobre a maior banda dos anos 80". Ela disse que o filme "não faz nada para perfurar a imprecisão da banda" e que eles foram ofuscados por B.B. King e o coral gospel do Harlem. Millman julgou que a "pomposidade gigantesca... talvez involuntariamente" da cinematografia personificou "a essência do U2". 
Gary Graff, do Detroit Free Press, chamou o filme de "uma bagunça conceitual que carece de foco e fluidez" e disse que ele não narra o sucesso da banda em 1987 adequadamente, nem oferece uma visão adicional sobre a banda. Ele disse que "muitos dos componentes individuais do filme são excelentes", mas que Phil Joanou não conseguiu conectá-los. 
Carrie Rickey do The Philadelphia Inquirer disse: "Auto-indulgente ao ponto do absurdo, 'Rattle And Hum' do U2 pode ser o filme de show mais bobo já feito". Ela disse que se compara desfavoravelmente a outros filmes de show devido à sua falta de narrativa, e que a reverência de Joanou pelo U2 beirava a "hilaridade não intencional", acrescentando: "Rob Reiner e companhia não conseguiriam fazer um Spinal Tap sobre isso; 'Rattle And Hum' já é uma paródia". O próprio Joanou chamou o filme de "pretensioso".
Michael MacCambridge, do Austin American-Statesman, discordou dos críticos do filme, chamando-o de um "filme de show muito bom e, às vezes, excelente", cuja "evitação estudada de cair na autoparódia" o distinguiu de seus antecessores e evitou comparações com 'This Is Spinal Tap'. MacCambridge gostou das filmagens em preto e branco da banda "no meio de se tornar uma lenda" e de suas cenas com King e o coral gospel do Harlem, mas achou que a mudança para filmagens coloridas interrompeu o "ritmo e a dinâmica" do filme. 
David Silverman, do Chicago Tribune, disse que Joanou "traz constantemente o espectador a um relacionamento com a banda e traz uma compreensão da nova música", ao mesmo tempo em que "fornece uma visão inovadora e acelerada" do U2. Silverman elogiou as cenas do documentário com os membros individuais da banda e as belas filmagens artísticas das apresentações, e disse que o diretor "conseguiu trazer o U2 para a tela em um filme criativo, introspectivo e emocionante que irá somar à lenda e preservar a integridade da contribuição mais influente da década para o rock". 
Barbara Jaeger, do The Record, chamou-o de um "olhar comovente e lindamente fotografado do grupo" que capturou adequadamente a energia de suas apresentações ao vivo. Ela disse: "Se houver um padrão pelo qual futuros filmes de rock serão julgados, 'Rattle And Hum' do U2 é esse". 
Mackie, do The Vancouver Sun, disse que, apesar do filme oferecer "poucos insights sobre os membros individuais, as filmagens ao vivo são nada menos que brilhantes". Ele descreveu o discurso de Bono durante "Sunday Bloody Sunday" como um "momento cru e emocional, uma explosão espontânea que cristaliza a poderosa mensagem de paz e amor que o U2 prega".
Michael Wilmington, do Los Angeles Times, disse que o filme "registra algumas performances ao vivo selvagemente envolventes" e oferece provas de por que "esta banda improvável... é frequentemente classificada pela crítica como a melhor do mundo". Ele considerou que, apesar de Joanou não ter definido o contexto adequado para o filme ou conduzido uma entrevista envolvente com o U2, "ele combina os sons apaixonados com visuais espetaculares".

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Segredo Guardado: 40 anos da apresentação surpresa do U2 em Cork


Faz 40 anos desde que o U2 surpreendeu Cork com um show no Lee Fields.
O público presente no Lark By The Lee de 1985, em Cork, tinha ido assistir a quatro atrações locais. Aqueles que ficaram até o final foram presenteados com uma apresentação surpresa do U2.
Já se passaram quarenta anos desde que Freddie White se aproximou de um microfone em um caminhão plataforma que dava para o Lee Fields e anunciou: "Uma banda promissora está chegando ao palco agora e tocando para vocês, eles se chamam...". O cantor e compositor de Cobh parou por uma fração de segundo e gritou: "U2!".
A histeria se instalou às margens do Lee.
Seis ou sete mil pessoas estavam presentes na inauguração do Lark By The Lee, e cada uma delas mal podia acreditar no que via quando o U2 subiu ao palco. Foi o segredo mais bem guardado de Leeside por meses.
O último show do U2 havia sido no Live Aid, no Estádio de Wembley. A apresentação foi descrita pela Rolling Stone como "um momento decisivo na carreira" da banda. Seis semanas depois, eles estavam em Cork em cima de um caminhão de 12 metros.
Lark By The Lee foi ideia de Ian Wilson, então produtor do programa de rádio noturno de Dave Fanning na RTÉ Radio 2.
Wilson sorri ao lembrar como o show secreto do U2 no Lark foi planejado: "A Radio 2, como era na época, estava realizando uma série de shows em Dublin chamada Lark In The Park. Eles foram um sucesso, uma fórmula simples, um show gratuito com um orçamento relativamente baixo. Com o Cork 800 chegando, sabíamos que teríamos o apoio da Prefeitura de Cork, e foi o que aconteceu, e eles nos apoiaram totalmente", continua Wilson.
"Havia um pouco de dinheiro disponível e muita boa vontade. Colocamos quatro bandas de Cork, o que era uma gama bem ampla do que estava acontecendo na época. Freddie White seria a atração principal e era um grande nome na Irlanda".
O correspondente de futebol da RTÉ, Tony O'Donoghue, era então jornalista freelancer. "Eu trabalhava para a Rádio Local de Cork fazendo um programa de música e também escrevia para a revista Hot Press", lembra O'Donoghue. "Ian Wilson me encarregou de ser o coordenador local".
"Era uma programação totalmente de Cork", lembra O'Donoghue. "A atração principal era Freddy White. O Porcelyn Tears era uma banda só de garotas que era muito boa. O Stargazers tocava jazz e folk, e o Cypress, Mine! era uma banda de guitarras promissora que eu era empresário na época. Obviamente, fiquei muito feliz por ter minha própria banda na programação. Havia algo para todos".
Poucos meses antes do Lark, o engenheiro de som do U2, Joe O'Herlihy, de Cork, abordou Ian Wilson. "A equipe do U2 era toda de Cork", lembra Wilson. "Eles pressionaram um pouco a equipe da banda sobre um show em Cork e me perguntaram se eles poderiam se aproveitar do Lark By The Lee e fazer de surpresa".
Wilson teve uma reunião com o empresário do U2: "Paul McGuinness me perguntou qual era o nosso orçamento. Eu disse a ele quanto tínhamos e ele disse que eles cobririam o orçamento deles para que isso acontecesse. Eles precisavam investir mais recursos, um sistema de som um pouco maior e mais segurança".
"Sem dúvida, a equipe do U2 teve um papel fundamental nisso", explica O'Donoghue. "Eles eram conhecidos como a Máfia de Cork. Joe O'Herilhy foi o cara que primeiro fez o som para o U2 no Arcadia. Joe também trouxe as pessoas que trabalhavam com ele no Arcadia".
"A Máfia de Cork era formada por Joe, Timmy Buckley, Tom Mullally e Sammy O'Sullivan. Steve Iredale era de Kiltimagh, no Condado de Mayo, mas se identificou como um corkiano como parte da Máfia de Cork, e essa equipe cresceu com o U2 desde os primeiros dias até se tornarem uma banda de estádio nos Estados Unidos".
"O U2 achou que era uma boa maneira de homenagear a cidade e a equipe de turnê que veio da cidade, porque Cork foi o primeiro lugar que realmente os acolheu e acolheu a banda".
Algumas semanas antes do Lark, Wilson contou o plano ao seu chefe na RTÉ. "Procurei Cathal McCabe, que era o chefe da Rádio 2 na época, e contei a história a ele. Levamos a história para Cork e nos encontramos com o administrador da cidade. Ele disse que teríamos a total cooperação da Câmara Municipal e que manteria tudo em segredo".
"Depois, fomos nos encontrar com o Superintendente da Garda local, e ele disse que teríamos tudo o que precisássemos. Então, apenas alguns executivos da Prefeitura e o Superintendente Chefe sabiam, e pronto. Estávamos determinados a manter tudo em segredo porque queríamos que fosse uma surpresa genuína. Se a notícia se espalhasse, poderia virar um desastre que não poderíamos controlar". Os planos avançaram, mas a produção estava muito longe dos shows ao ar livre de hoje. "Era um show básico, não tínhamos um palco pronto, então trouxemos dois trailers de 12 metros", diz Wilson.
"Pegamos uma empilhadeira emprestada e as barreiras de controle de multidão vieram dos guardas em Union Quay, pegamos algumas caravans como camarins e tiramos a energia de um poste da ESB", diz O'Donoghue, rindo. "Não era um gerador que você levaria para um show ou uma transmissão externa hoje em dia. Eu estava envolvido na produção do show e nem eu sabia da existência do U2 até muito tarde na noite anterior". "Não tínhamos orçamento, então passei a noite em uma das caravans como segurança para cuidar do palco. O Ian me deu um celular", diz O'Donoghue, sorrindo. "Foi um dos primeiros que eu já vi, era como um bloco de concreto".
Arthur e o jornalista Dave Hannigan eram adolescentes fãs de música e foram ao Lee Fields para ver uma de suas bandas locais favoritas. "Sendo de Togher, Cypress, Mine! eram nossos heróis locais", lembra Hannigan. "O guitarrista deles, Ian Olney, era um garoto de Togher. Dava para vê-los andando por Glasheen".
Hannigan diz que a falta de outras atrações em Cork ajudou a garantir que shows como o Lark se tornassem naturalmente eventos de grande porte.
"A maioria de nós estava no Lark naquele dia porque pouca coisa acontecia em Cork em meados dos anos 80", lembra Hannigan.
"Quem não estava lá jamais conseguiria compreender o quão sombria e pouco promissora Cork era para os adolescentes dos anos 1980. Shows gratuitos como o Lark eram imperdíveis, pois eram momentos raros do que se passava por glamour em nossas vidas monótonas".
Até mesmo as bandas de Cork na programação foram mantidas no escuro sobre o U2. "Ninguém sabia, nem nós sabíamos. Ian Wilson comandava o show e tinha um embargo para que todos soubessem", lembra Mark Healy, baterista do Cypress, Mine!.
Ciarán Ó Tuama, vocalista do Cypress, Mine!, concorda com Healy: "Na manhã do show, eu estava no nosso jardim, que ficava do outro lado do rio, e ouvi o som reconhecível da bateria de Larry Mullen. Depois, percebi que tinha sido Sammy O'Sullivan fazendo o soundcheck da bateria de Mullen".
Cypress, Mine! e as outras bandas tocaram e, quando Freddie White terminou seu show, Dave Fanning subiu ao palco. "Dave disse à plateia que, se eles ficassem por ali, poderia haver algo mais acontecendo, que o show ainda não tinha terminado", lembra Wilson.
"Eram quase 18h. Houve um intervalo de uns bons 30 minutos depois que Freddie terminou seu show, então muitas pessoas começaram a se afastar em direção à cidade", diz Wilson.
"O U2 estava no pub Angler's Rest esperando o chamado. A Carrigrohane Road estava fechada e, de repente, vimos luzes piscando na longa reta. Dava para ouvir sirenes e ver dois motociclistas da Guarda parando na rua com um ônibus atrás deles. Uma onda de pessoas voltou correndo. Foi uma entrada e tanto, e eles saíram correndo".
Dave Hannigan ainda se lembra claramente: "Boatos começaram a se espalhar pela multidão. Mas, vamos lá, o U2 tinha acabado de tocar no Live Aid e meio que tinha roubado a cena, a ideia de que eles iriam subir na caçamba de um caminhão em Lee Fields para tocar para nós, de graça, era absurda".
"Quando aconteceu, todos nós passamos de tentar ser descolados demais para ficar na frente, estando parados no fundo, a correr imediatamente para chegar perto do palco como fãs de boy band enlouquecidos", diz Hannigan. "Éramos jovens demais para ir a Dublin para shows, então ver sua banda favorita te surpreender era como um presente pessoal".
O'Donoghue se ilumina ao descrever a cena: "O caminhão estava na estrada e Bono estava de frente para o rio, e o  Our Lady’s Hospital estava lá no alto, na outra margem. Era o U2 em cima de um caminhão às margens do Lee. Foi simplesmente extraordinário". "As pessoas estavam sentadas, tendo uma tarde agradável e relaxante, e no minuto seguinte a maior banda do mundo apareceu", ri Healy. "O lugar inteiro enlouqueceu".
O U2 começou com o single "11 O'Clock Tick Tock" antes de Bono dizer à plateia: "800 anos para vocês, 8 anos para nós, Cork é a verdadeira capital". As pessoas desmaiaram e foram retiradas da plateia.
"I Will Follow" veio em seguida. "Este campo parece o Arcadia Ballroom", disse Bono.
"Vamos fazer dançar como o Arcadia", gritou ele.
"Sunday Bloody Sunday", "Pride (In The Name Of Love)", "October", "New Year's Day" e "Gloria" foram tocadas antes de Freddie White retornar para um dueto com Bono em um cover de "Knockin' On Heaven's Door". Durante a música, Bono pediu que uma faixa antiapartheid fosse hasteada no palco, na plateia. Eles encerraram com a favorita ao vivo, "40", e enquanto a plateia cantava o refrão "How long will we sing this song?", a banda deixou o palco e foi embora.
Dois anos depois, o U2 retornou a Cork, trazendo sua turnê arrebatadora 'The Joshua Tree' para o Páirc Uí Chaoimh. Em seu programa de rádio, na noite anterior ao show, Dave Fanning disse: "Nos meus sete ou oito anos trabalhando com a Radio 2, não havia dúvidas sobre isso, mas o momento mais emocionante que tive foi na hora do chá no domingo, 25 de agosto de 1985, quando estou realmente convencido de que 75 a 90% do público não tinha a mínima ideia de que o U2 iria tocar de graça no Lark".
Naquela noite, ele foi acompanhado pela Máfia de Cork. Joe O'Herlihy falou sobre o Lark. "Na verdade, foi ótimo para a banda voltar de repente e, sem sombra de dúvida, se comprometer a fazer isso", disse O'Herlihy.
"Foi uma sensação incrível que a banda tenha chegado, sem compromisso, e simplesmente entrado na traseira de um caminhão." O'Donoghue reflete sobre o dia: "O U2 não precisava fazer isso naquele momento da carreira. Foi um agradecimento a Dave Fanning e Ian Wilson, certamente, mas também foi um agradecimento ao povo de Cork, a Joe e à Máfia de Cork".
Ian Wilson resume o dia. "O público estava em ótima forma e todas as bandas de Cork fizeram o seu trabalho. Freddie se saiu muito bem", diz Wilson.
Ele sorri: "O U2 era grande e estava prestes a dar o salto de grande para enorme. Eles estavam prestes a se tornar uma banda enorme. Era a hora de colocá-los em prática".

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O que está sendo falado sobre 'U2 - 19&20/12/1987 Sun Devil Stadium, Tempe (35mm Master Source HD)'


Com o título 'U2 - 19&20/12/1987 Sun Devil Stadium, Tempe (35mm Master Source HD)', um vídeo foi compartilhado trazendo imagens em alta definição de uma digitalização da fita master original de 35 mm das gravações dos shows do U2 dos dias 19 e 20 de Dezembro de 1987 realizados no Sun Devil Stadium em Tempe no Arizona, durante a terceira etapa da 'The Joshua Tree Tour', registrados para 'Rattle And Hum'.
O diretor Phil Joanou alegou que o vídeo foi roubado de seus arquivos, e pediu a remoção quando a cópia apareceu no YouTube.
A alegação de roubo é falsa. O próprio Phil Joanou fez um upload do vídeo em sua conta no Vimeo, mas deixou a visualização pública, em vez de privada. 
O vídeo foi publicado no YouTube um mês depois, após ser divulgado em um site chinês.
Os fãs tiveram acesso e puderam comentar em fóruns sobre a banda ou sobre o assunto. Confira:

Não era 4K no YouTube ou Vimeo, a maior resolução disponível era de 1080p. O arquivo tinha 4.5G de tamanho.

A versão de "With Or Without You" parece a mesma filmagem do lançamento oficial, mas não é. Para a versão final de 'Rattle And Hum', a edição da performance aconteceu de dias diferentes.

 

Em momentos de "Exit" e "Bad" aparece na tela "shot missing". Isso significa que, na redigitalização do filme de 35 mm, aquele take específico não pôde ser incluído porque o elemento do filme não estava disponível, estava muito danificado ou ainda não havia sido localizado. É um espaço reservado do telecine inicial de Phil Joanou para a fita na época (daí a qualidade) para indicar uma lacuna, não um erro na transferência.


Está faltando "Gloria" nessa master.

O diretor Phil Joanou está dizendo que "não está terminado" como o motivo pelo qual pediu para ser removido. Isso parece implicar que está sendo trabalhado para algum lançamento. Você simplesmente não pode colocar um trabalho em andamento como este perto de um site público. Embora ele tenha experiência.

Muitas pessoas simpatizam com o Phil e isso pode ser um pouco impopular. No entanto, se você está trabalhando em um projeto secreto, como ele afirma, não se usa, em hipótese alguma, sites públicos para compartilhar/colaborar com outras pessoas. Ou isso vazou intencionalmente ou ele agiu de forma completamente negligente.

Ele não pretendia que isso fosse tornado público. Era para ser compartilhado privadamente com alguém, e ele errou as configurações. Semelhante ao que aconteceu em 2018. Isso está sendo discutido em toda a organização do U2.

Ele errou e tentou se proteger, alegando que foi hackeado.

Foi vazado deliberadamente para gerar um pouco de publicidade, o U2 é mestre em criar expectativa para um lançamento futuro.

Não se fala mais nada sobre 'On Gaza', que dividiu os fãs. Teria sido este vazamento uma cortina de fumaça?

A banda cuja base de fãs mais velha/dedicada reclama há anos por querer mais lançamentos como este. Se este é um trabalho ainda em andamento, se espera que não seja arquivado agora. A filmagem é muito mais emocionante do que qualquer material recente de 'Songs Of', o que talvez reflita o estado atual da banda, infelizmente.

Pelos comentários do Phil, não parece que este seja um projeto aprovado pela banda para ser lançado.

Mesmo inacabado, é um ótimo filme de show!
A iluminação é muito diferente dos shows de hoje. No começo, parece muito escuro e até irritante, já que de vez em quando você fica ofuscado por algumas luzes. Mas quanto mais se assiste, mais se sente que acrescenta à atmosfera.
Há uma tradição de a voz de Bono não ser a mais potente em shows importantes (aqueles que são filmados, por exemplo, mas é claro que há exceções). Mas, impressionantemente, Bono não se contém, ele está dando tudo de si, correndo o risco de estragar tudo ao perder a voz completamente para a lembrança do show. Ele se esforça, mas depois se recupera, sua voz volta. Isso é ótimo de ver – e ouvir.
O cenário (câmeras, trilhos etc.) é incomum e desconfortável. Dá para ver que Bono não está confortável no início, mas ele trabalha com o público e se aproxima. Ele não é o único. Adam também trabalha bastante com o público.
E a banda parece se divertir bastante na segunda metade do show.
A edição mostra que Phil realmente tem sensibilidade para a música. Os takes são longos o suficiente para absorver o que acontece na tela/palco. Não é a edição estilo TDAH que algumas produções mais recentes sofreram.
As câmeras estão muito próximas. Dá para vê-los tocar de perto. Dá para ver e sentir a banda trabalhar no palco, trabalhar com o público e tocar JUNTOS.
E eles são o mais unidos possível.

Na nova masterização de 35 mm do Sun Devil Stadium eles mixaram sutilmente o mix do público, depois retiram um pouco e depois mixaram de volta para tornar a música mais fácil de se ouvir. Isso fica melhor em "Where The Streets Have No Name", no início em que The Edge toca a introdução. Nas gravações soundboard, os fãs gritam durante toda a música. 
Eles também usaram um som diferente com uma imagem de acompanhamento diferente. Em "Where The Streets Have No Name", se ouve isso, mesmo que Bono não estivesse cantando no microfone. São de dias diferentes.

Bono de repente está usando um colete diferente em "With Or Without You". Ele também está de repente sem usar a camisa preta longa. Bono também está usando uma camiseta cinza por baixo, que ele não tinha antes. Note também Adam Clayton em "40". No começo, ele está usando uma camiseta cinza sem mangas, então, mais adiante na música, ele está lá de peito nu, sem a camiseta cinza. 

Foi uma espera de décadas para ter um lançamento com essa qualidade, e nem é do próprio U2, é material vazado.
Se a banda tivesse agido com o coração em vez de jogar jogos de estratégia corporativa, eles poderiam ter lançado esses shows com a devida qualidade e oferecido aos fãs o melhor serviço de fãs, eles têm a capacidade necessária.
Em vez disso, aqui estamos em 2025: os membros da banda estão chegando aos 70 anos, já faz 8 anos sem um novo disco, mas agora celebrando esta maravilhosa preciosidade de vazamento.

É um material cru, sem mixagem, com muitas covers sendo tocadas. O lançamento disso só agradaria mesmo os mais fanáticos pelo U2. O produto final que está em 'Rattle And Hum' é muito superior.

Ver todos os cinegrafistas ao fundo, dá uma ideia do quão grandiosa foi essa produção. Há algumas imperfeições no som, como em "New Year's Day", quando a guitarra do Edge está tão alta na mixagem que mal dá para ouvir o Bono cantar. Este vídeo é absolutamente fantástico.

Adam Clayton na guitarra e The Edge no baixo em "40".

O fã que tocou guitarra em "People Get Ready" é um cara chamado Tom Whitlock.

Houve um artigo interessante na Rolling Stone no início de 1988 sobre as filmagens em Tempe.
O show começou um tanto fraco e tenso. A banda tentou descontrair tocando uma música animada espontaneamente. "Out Of Control" não estava no setlist e a equipe de produção, muito maior (e pouco familiarizada com festas), entrou em pânico quando essa música rápida foi tocada em vez da lenta "MLK" sob luz fraca...
Se consegue ver as cruzes giratórias ao lado do palco, que foram planejadas para "MLK".

Causou muita confusão quando o "moinho de vento" sendo girado na música errada foi mencionado na descrição do show de Tempe no livro 'U2 Live - A Concert Documentary', de Pimm Jal De La Parra, de 1995.
Um moinho de vento? Por que eles teriam um moinho de vento no palco? Isso não fazia o menor sentido, mas este vídeo finalmente esclareceu esse mistério quando eles tocam "Out Of Control". E é realmente muito louco que, em 1987, a única maneira de criar um efeito de iluminação minimamente interessante para uma música fosse trazer uma coisa enorme em forma de moinho de vento para o palco e girá-la com uma luz atrás.


Ambas as noites de Denver e Tempe existem. Phil Joanou e U2 têm posse das filmagens. O vazamento foi de uma apresentação completa da combinação das duas noites em Tempe, restaurada em alta definição.

Esse vídeo e as cenas que Phil tinha no Vimeo alguns anos atrás do show de Denver, ele tem sido bom para nós, fãs. 

Qual o sentido de ter tesouros tão escondidos nos cofres sem ninguém ver? Num futuro não tão próximo, quando a geração de fãs do U2 estiver em declínio, ninguém vai se importar, então divulgue isso agora.

É uma loucura que a banda continue acumulando esse tipo de conteúdo. Não há nada de novo para oferecer.

"Bullet The Blue Sky" soa muito melhor sem aquele fake stereo estúpido que eles colocaram no DVD de 'Rattle And Hum'.

O grande mistério da humanidade: "Streets" e "With Or Without You", de 'Rattle And Hum', foram filmadas nos shows, ou foram filmadas em um estádio vazio?

Entre todas as grandes bandas, o U2 é provavelmente a pior em manter seus fãs felizes. Todos os lançamentos repetem muitas faixas, sem demos desconhecidas ou músicas realmente inéditas. Relançamentos de álbuns repetem as mesmas músicas paralelas repetidamente.

O U2 não lançou essas filmagens porque não é o U2 em pleno vigor. Obviamente, há momentos de ouro ali que entraram em 'Rattle and Hum'. Algumas das filmagens são de ouro, o áudio não é ótimo, mas pode ser trabalhado e reforçado, mas, no final das contas, a performance não é "ótima". Se lançassem, seriam as filmagens ao vivo mais fracas do U2.

MUITOS fãs estão cansados de "remasterizações" sem graça que incluem muito pouco material novo ou algo substancial. Eles poderiam criar seu próprio serviço de streaming do U2 com vídeo e áudio on demand que pudesse ser assistido a qualquer hora. Um dos maiores problemas, porém, é que, como o Bono usa trechos/letras de músicas de vários artistas quando canta, isso provavelmente é um GRANDE problema de direitos autorais, o que causa grandes dores de cabeça.

Mostrou quantas câmeras realmente havia. Se eu estivesse na plateia, não teria gostado desse aspecto. Este é o U2 dos anos 80 em mais alta definição que já se viu, e dava para ver bem as pessoas na plateia.

Os áudios que não foram usados em 'Rattle And Hum' claramente não foram mixados corretamente. Mas para as músicas de 'Rattle And Hum', parece que eles colocaram o áudio do filme por cima do vídeo.

Eu adoro essa banda, mas a incapacidade deles de se organizarem e lançarem gravações ao vivo de alta qualidade é uma das suas maiores falhas.

Engraçado como esse show tem imagens melhores que as do ZooTV, Popmart e 360° juntos, mesmo 38 anos depois.

Queria que o U2.COM fosse o lugar para conseguir algo assim. Remasterizar os shows antigos, aprimorar os vídeos antigos e oferecer aos fãs de forma consistente. Eu pagaria com prazer pela assinatura se eles oferecessem benefícios e valor tangíveis. Isso abriria outra fonte de receita e seria um investimento que valeria a pena para todos os envolvidos. Que pena que isso é um sonho.

O fato de o U2 nunca ter ido atrás de piratas, eles claramente ignoram todo o áudio e as filmagens que são facilmente encontrados em torrents. Eles revisam e retrabalham constantemente lançamentos anteriores, como "Re-Assemble", por exemplo. Eles fazem muitos lançamentos interessantes para fã-clubes, como 'Live At The Apollo'.

Lançar 5 músicas de Dublin 93? Vergonhoso, para ser sincero...

O pedido pessoal de Phil faz com que pareça um erro genuíno. Joanou pode ser processado pela administração do U2 por esse vazamento? Phil não será popular entre a equipe do U2. 

O Vimeo é usado por muitos criativos para compartilhar vídeos com clientes / incorporar coisas em outros lugares / compartilhar coisas de forma privada. Ele tem muitas configurações que permitem isso. Cerca de seis semanas atrás, Joanou estava compartilhando esse vídeo com alguém e, portanto, o tinha em seu "site privado", como ele descreve. Mas as configurações foram definidas para que ele pudesse ser visualizado publicamente. E por um curto período no início de julho, se podia ver o vídeo através de sua conta no Vimeo.
Assim que o problema foi identificado, o vídeo foi tornado privado novamente. Não foi feita nenhuma menção a isso.




segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Vídeo de gravações para 'Rattle And Hum' do U2 não foi roubado, e sim postado de forma pública em plataforma de vídeo por um período curto pelo próprio Phil Joanou


Em 2022, o U2 em um upgrade, concluiu a digitalização de todas as filmagens brutas do filme-concerto 'Rattle And Hum' de 1988, em resolução 4K.
Phil Joanou, o diretor, revelou: "A Paramount inicialmente comprou 'Rattle And Hum' e manteve os direitos por cerca de 20 anos ou algo assim. Depois disso, todos os direitos do filme foram revertidos para a banda. Então eles possuem tudo associado com 'Rattle And Hum', eles apenas não decidiram ainda o que querem fazer com isso. Espero que, em algum momento, tudo o que filmamos durante a turnê seja disponibilizado. Parece haver muito desejo do público por isso".
No podcast Projectionbooth, Joanou declarou: "Eu diria que os caras do U2 já deram uma olhada. Vamos ver se algo interessante vai sair dos cofres profundos de 'Rattle And Hum', talvez ainda este ano".
Alguns dias atrás, o canal Kennerad0 do YouTube trouxe 2 horas de imagens em alta definição de uma digitalização da fita master original de 35 mm das gravações dos shows do U2 dos dias 19 e 20 de Dezembro de 1987 realizados no Sun Devil Stadium em Tempe no Arizona, durante a terceira etapa da 'The Joshua Tree Tour', registrados para 'Rattle And Hum'.
Os áudios em "Where The Streets Have No Name" e "Exit" parecem ter vocais diferentes, mas de qualquer forma, o vídeo não foi modificado ou editado ao ser disponibilizado.
O canal escreveu: "As pessoas vão perguntar "de onde veio isso?". Acredite ou não, do próprio Phil Joanou".
Phil Joanou então solicitou que este conteúdo fosse removido do YouTube, com o diretor escrevendo nas postagens. 
Era um vídeo protegido por direitos autorais e sua remoção foi solicitada pelo diretor à plataforma.
Phil Joanou escreveu em suas redes sociais: "Esta edição foi roubada de meu site privado. Trabalhei durante anos para conseguir algo para os fãs. Isso agora está colocando tudo em risco. Estou implorando às pessoas, aos verdadeiros fãs, que removam isso. Sei como é loucura perseguir links como este, mas preciso".
Depois, fez outra postagem: "A todos os fãs do U2 que me ajudaram a remover o filme roubado do U2 — MUITO OBRIGADO... Os fãs do U2 são os melhores! Sintam-se à vontade para entrar em contato comigo se virem mais alguma coisa por aí... e obrigado novamente! P.S.: mais por vir".
O canal Kennerad0 do YouTube se defendeu: "Só mais uma vez para esclarecer. Phil postou isso em sua página PÚBLICA do Vimeo por um período muito curto, ninguém "roubou" como ele alega. Aparentemente, ele errou e está inventando coisas. Foi baixado quando estava disponível publicamente. Ele já "vazou" coisas antes, então isso não é novidade".
Phil Joanou compartilhou no passado, algumas versões masterizadas de outtakes de 'Rattle And Hum', pelo Vimeo, principalmente das filmagens de Denver.
Esses vídeos de materiais foram removidos por ele.
Existe um mito antigo sobre o "lendário" cofre do U2, onde todas as suas gravações profissionais de shows supostamente são armazenadas.
A opinião de muitos é que este vazamento prestou um serviço mais genuíno aos fãs do que o próprio U2 conseguiu nos últimos 20 anos.

Novo administrador do Slane Castle revela que o U2 está entre os vários artistas com quem ele está conversando para um show no local em 2026


O U2 é o favorito das casas de apostas para ser a atração principal de um mega show no Slane Castle em 2026, no ano em que a banda completa 50 anos de existência.
Alex Conyngham, novo administrador do Slane, admitiu que o U2 seria uma de suas principais escolhas.
Ele fez seus comentários no podcast Fields Of Dream sobre música irlandesa do jornal Irish Sun.
O U2 têm uma longa história com o Slane, tendo aberto o show do Thin Lizzy no primeiro show em 1981 e também sido a atração principal do local há 25 anos por dois fins de semana consecutivos durante sua turnê Elevation em 2001.
Eles também gravaram o álbum 'The Unforgettable Fire' no Slane Castle e Adam Clayton e o falecido pai de Alex, Lord Henry Mountcharles, eram grandes amigos.
Adam fez uma das leituras no funeral de Henry no mês passado.
O porta-voz Cal Gildart disse: "O U2 é o favorito para aterrisar em Meath novamente e comemorar 25 anos desde sua última apresentação no icônico local. Faz muito tempo que eles não tocam na Irlanda e esta seria uma bela maneira de retornar".
O novo dono do Slane, Alex, disse ao Irish Sun que o U2 está no topo de sua lista de desejos para o próximo ano, já que é o 25º aniversário de sua última apresentação e eles estão entre os vários artistas com quem ele está conversando.
Ele disse: "O Slane sempre será importante para o U2 e o U2 sempre será importante para o Slane. É um relacionamento profundo que remonta ao primeiro show em 1981, e eu adoraria encontrar uma maneira de reacender esse relacionamento, se possível. Estamos torcendo, nada que eu possa confirmar, mas o que posso confirmar é o nosso desejo de fazer isso".

sábado, 23 de agosto de 2025

The Edge: "Muito raramente eu deixaria um engenheiro de som ter um som de guitarra limpo"


Em 1985, foi perguntado para The Edge se ele adicionava efeitos durante a mixagem de uma música do U2:

"Não. Eu realmente detesto esse trabalho de engenheiro de som – sabe, "A gente conserta na mixagem. A gente coloca o delay de volta depois". 
Eu não uso o delay como um efeito que é aplicado em cima de uma peça de guitarra já construída; na verdade, ele é parte integrante da própria figura da guitarra. 
Eu sempre gravo com meus delays; eles vão direto para a fita com a guitarra. Muito raramente eu deixaria um engenheiro de som ter um som de guitarra limpo. 
O tratamento é tão parte do som quanto a execução ou o timbre da guitarra em si. Para mim, quando você está sendo criativo no estúdio ou compondo, o mais importante é se inspirar no seu equipamento".

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Phil Joanou diz que vídeo vazado do U2 das gravações para 'Rattle And Hum' foi roubado


Em 2022, o U2 em um upgrade, concluiu a digitalização de todas as filmagens brutas do filme-concerto 'Rattle And Hum' de 1988, em resolução 4K.
Phil Joanou, o diretor, revelou: "A Paramount inicialmente comprou 'Rattle And Hum' e manteve os direitos por cerca de 20 anos ou algo assim. Depois disso, todos os direitos do filme foram revertidos para a banda. Então eles possuem tudo associado com 'Rattle And Hum', eles apenas não decidiram ainda o que querem fazer com isso. Espero que, em algum momento, tudo o que filmamos durante a turnê seja disponibilizado. Parece haver muito desejo do público por isso".
No podcast Projectionbooth, Joanou declarou: "Eu diria que os caras do U2 já deram uma olhada. Vamos ver se algo interessante vai sair dos cofres profundos de 'Rattle And Hum', talvez ainda este ano".
O canal Kennerad0 do YouTube há dois dias trouxe 2 horas de imagens em alta definição de uma digitalização da fita master original de 35 mm das gravações dos shows do U2 dos dias 19 e 20 de Dezembro de 1987 realizados no Sun Devil Stadium em Tempe no Arizona, durante a terceira etapa da 'The Joshua Tree Tour', registrados para 'Rattle And Hum'.
Os áudios em "Where The Streets Have No Name" e "Exit" parecem ter vocais diferentes, mas de qualquer forma, o vídeo não foi modificado ou editado ao ser disponibilizado.
O canal escreveu: "As pessoas vão perguntar "de onde veio isso?". Acredite ou não, do próprio Phil Joanou".
Phil Joanou então se manifestou: "Esta edição foi roubada de meu site privado. Trabalhei durante anos para conseguir algo para os fãs. Isso agora está colocando tudo em risco. Estou implorando às pessoas, aos verdadeiros fãs, que removam isso. Sei como é loucura perseguir links como este, mas preciso".
Este "roubo" que Phil Joanou alega, aconteceu através de um upload do vídeo feito por ele próprio para sua conta do Vimeo, mas que não foi colocado como privado. O vídeo foi publicado, de forma pública.
Naturalmente, alguém visualizou e copiou o vídeo.
Phil Joanou tomou conhecimento, adotou medidas para remoção do material que os fãs estavam tendo acesso, e escreveu no Twitter: "A todos os fãs do U2 que me ajudaram a remover o filme roubado do U2 — MUITO OBRIGADO... Os fãs do U2 são os melhores! Sintam-se à vontade para entrar em contato comigo se virem mais alguma coisa por aí... e obrigado novamente! P.S.: mais por vir".

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Segredos Revelados: a versão ao vivo de "Where The Streets Have No Name" acelerada para o filme-concerto 'Rattle And Hum' do U2


Pelo músico, fã do U2 e colaborador Márcio Fernando:

Sempre achei a versão de "Where The Streets Have No Name", assim como "In God's Country", "With Or Without You", "Pride" e "Exit" do filme 'Rattle And Hum', de alguma forma, diferente das outras versões da mesma turnê, mas eu nunca pesquisei sobre, até estes tempos.
Vamos falar de tempo de música e de afinação.
Cada música tem seu BPM (batidas por minuto), ou seja, quanto mais BPM, mais rápida ela é e vice versa.
Um padrão mundial foi definido para cada nota de música, A (Lá), B (Si), C (Dó), D (Ré), E (Mi), F (Fá) e G (Sol).
Quando uma nota está entre outras 2 notas (meio tom), como Lá (A) e Si (B), é chamado de Bemol ou sustenido, no caso a nota que está entre A e B pode ser chamada de 2 formas, A# (lá sustenido) ou Bb (Si bemol).
As notas Si (B) e Dó (C) não tem notas entre elas, são diretas, coladas uma na outra, sem bemol ou sustenido.
A afinação padrão de um instrumento é em E (Mi), mas muitas bandas fazem músicas com afinações diferentes em suas guitarras, baixos e teclados, baixando a afinação para as notas não ficarem tão altas e difíceis de cantar para o vocalista, e o U2 ao longo dos anos têm feito isso.
Nos anos 80, poucas bandas usavam metrônomo ao vivo, um clique repetido em loop para o baterista e/ou a banda não saírem do tempo quando tem um loop (som pré gravado) para tocar ao vivo. 
Nos anos 80 o U2 usava em "Bad", "Streets", "Unforgettable Fire", "One Tree Hill", dentre outras poucas.
"Where The Streets Have No Name" também era uma delas. O tempo da música definido no metrônomo e esse tempo não muda na turnê, já vi tocarem am outros tempos mais acelarados ou devagar, mas em turnês diferentes.
Mas em "In God's Country" do filme 'Rattle And Hum', ela está mais rápida e com meio tom acima das outras versões da mesma turnê em que estava sendo tocada, mas por quê?


Antigamente para lidar com o áudio, era um sistema analógico e o funcionamento é simples de entender:
Para quem teve toca-discos, se você colocasse o dedo em cima do disco e girasse para ele ficar mais rápido, a música ficava mais rápida e a voz mais 'fina' (aguda), certo?
Se você colocasse o dedo no disco e tentasse retardar ou desacelerar,  a música ficava mais lenta e a voz mais 'grossa' (grave).
Assim é o analógico e assim fizeram também com "Where The Streets Have No Name" do filme 'Rattle And Hum', deram uma acelerada nela.
Aqui no vídeo abaixo eu desacelero a música do jeito analógico, onde a música ficará mais lenta e a voz mais grave.


No vídeo abaixo, mostro como é nos dias de hoje, e num mundo digital, onde tudo é possível, inclusive desacelerar a música e manter o tom da música intacto.


Por que só no filme 'Rattle And Hum', as apresentações de "Where The Streets Have No Name", "In God's Country", "With Or Without You", "Exit" e "Pride" são assim?
Acredito que Phil Joanou tomou essas decisões de 'ir com tudo' nessas músicas, como, subir a adrenalina de quem estava assistindo.
Nem no disco 'The Joshua Tree', Bono cantou "Where The Streets Have No Name" no tom padrão, 'E' no mesmo tom que está no filme de 'Rattle And Hum', mas bem mais acelerada, pois no disco a música tem 126 BPM e ao vivo do 'Rattle' tem 138 BPM.

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Diretor Phil Joanou disponibiliza 2 horas de imagens em alta definição da fita master original de 35mm das gravações de shows do U2 para 'Rattle And Hum'


Em 2022, o U2 em um upgrade, concluiu a digitalização de todas as filmagens brutas do filme-concerto 'Rattle And Hum' de 1988, em resolução 4K.
Phil Joanou, o diretor, revelou: "A Paramount inicialmente comprou 'Rattle And Hum' e manteve os direitos por cerca de 20 anos ou algo assim. Depois disso, todos os direitos do filme foram revertidos para a banda. Então eles possuem tudo associado com 'Rattle And Hum', eles apenas não decidiram ainda o que querem fazer com isso. Espero que, em algum momento, tudo o que filmamos durante a turnê seja disponibilizado. Parece haver muito desejo do público por isso".
O canal Kennerad0 do YouTube agora traz 2 horas de imagens em alta definição de uma digitalização da fita master original de 35 mm das gravações dos shows do U2 dos dias 19 e 20 de Dezembro de 1987 realizados no Sun Devil Stadium em Tempe no Arizona, durante a terceira etapa da 'The Joshua Tree Tour', registrados para 'Rattle And Hum'.
Os áudios em "Where The Streets Have No Name" e "Exit" parecem ter vocais diferentes, mas de qualquer forma, o vídeo não foi modificado ou editado ao ser disponibilizado.
O canal escreve: "As pessoas vão perguntar "de onde veio isso?". Acredite ou não, do próprio Phil Joanou".

 

00:00 - Where The Streets Have No Name
06:32 - I Will Follow
10:43 - Trip Through Your Wires
14:20 -  I Still Haven't Found What I'm Looking For
20:09 - Out Of Control
25:11 - MLK
27:15 - One Tree Hill
32:30 - Exit
36:34 - In God's Country
39:41 - Helter Skelter
42:48 - Help
43:59 - Bad
52:41 - Bullet The Blue Sky
58:19 - Running To Stand Still
1:02:47 - Sunday Bloody Sunday
1:08:32 - New Years Day
1:13:24 - Pride (In The Name Of Love)
1:19:32 - With Or Without You
1:25:29 - Rehearsal with audience (El Pueblo Vencera)
1:26:44 - Mothers Of The Disappeared
1:35:32 - People Get Ready
1:41:11 - Christmas (Baby Please Come Home)
1:44:39 - "40"

The Edge recorda de seu Electro-Harmonix Memory Man Deluxe


No início de sua carreira, The Edge usou um Electro-Harmonix Memory Man Deluxe para os efeitos de delay.
Há 40 anos, durante a fase de 'The Unforgettable Fire', ele revelou: "Ele foi descartado neste momento. Estava ficando tão velho e desgastado que nosso gerente de palco tinha que desmontá-lo todas as noites para tentar fazê-lo funcionar. 
Estava em um sistema de suporte de vida, o coitado, quando paramos de usá-lo. Agora eu tenho dois delays digitais Korg SDD-3000. Eles têm os mesmos recursos do Electro-Harmonix, mas com clareza digital. No começo, não consegui me acostumar com o digital porque é muito limpo. Havia todas essas frequências que eu não ouvia há anos saindo do meu amplificador. E a definição das repetições era tão clara que era desanimadora.
O que era uma coisa atmosférica do antigo analógico de repente se tornou uma repetição muito científica e precisa. Nunca me pego usando todo o potencial de delay do Korg. Costumo me manter na faixa intermediária, entre os parâmetros de 50 e 400 milissegundos. Comecei a usar o Korg no início da turnê 'War' para algumas partes, mas eu trouxe o velho Electro-Harmonix para algumas das sessões de gravação. 
O melhor daquele aparelho antigo é que ele emite um apito, que sobe e desce em frequência de acordo com a posição em que você está no botão de delay. Então, se você tiver um delay muito longo, ouve um apito grave que lembra o zumbido de uma TV. Isso costumava assustar muito o nosso engenheiro; ele ouvia a guitarra e de repente emitia um "oooooh" agudo. Não é uma maneira de se aproximar de um engenheiro de estúdio".

Declaração do U2 sobre Gaza está sendo chamada de pacifismo bilionário


(MEMO) se descreve como uma instituição independente de pesquisa de mídia fundada para promover uma cobertura justa e precisa das questões do Oriente Médio.
Eles escreveram em seu site:

A enormemente popular banda irlandesa U2 emitiu uma extensa declaração sobre a guerra de extermínio travada por Israel contra a Faixa de Gaza, em 10 de agosto, domingo, mas que resultou somente em críticas generalizadas nas redes sociais, que caracterizaram a retórica como "pacifismo bilionário".
Em nota, todos os quatro membros da banda compartilharam pontos de vista individuais sobre a situação em Gaza, ao tratar de diversos temas, como a fome no enclave, o embargo humanitário e a potencial tomada militar do território palestino.
A declaração parte de uma sentença de relações públicas: "Não somos especialistas na política da região, mas queremos que nosso público saiba como pensa cada um de nós".
Os comentários do vocalista Bono devaneiam desde fake news como "estupros, assassinatos e sequestros de cidadãos israelenses no festival de música Nova" a sua interpretação de que "o Hamas não é o povo palestino". A nota ecoa ostensivamente a tese israelense de "autodefesa", bem como propaganda de guerra há muito desmentida, de que o Hamas usaria civis como escudos humanos.
Todavia, insiste: "Benjamin Netanyahu [primeiro-ministro de Israel] merece, hoje, nossa condenação categórica e inequívoca".
Para muitos usuários, não passa de uma "sopa de letrinhas".

"A declaração do U2 sobre Gaza é pacifismo bilionário, chorando em seu champanhe enquanto desconta cheques de um genocídio. Sua "clareza moral" pára onde começa sua carteira. Bono e outros... até você abandonar a Live Nation e denunciar seus doadores, você estará apenas lavando dinheiro sujo através de um microfone".

Ativistas criticaram desde a primeira sentença, de que não seriam "especialistas na política da região", dado que a banda fizera comentários sobre a Ucrânia, em não mais que dois meses de invasão russa.

"Dois anos após o genocídio em Gaza: "Não somos especialistas na política da região". Mas dois meses após a invasão da Ucrânia pela Rússia: "Bono e The Edge, do U2, se apresentam em estação de metrô na Ucrânia. Dois membros do grupo de rock irlandês elogiam os ucranianos por "lutarem por todos nós que amamos a liberdade"."

O U2 divulgou seu comunicado no mesmo dia em que o exército da ocupação israelense assassinou os correspondentes da rede internacional Al Jazeera Anas al-Sharif e Mohammed Qreiqeh, em um ataque a uma tenda de imprensa nos arredores do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza. Morreram ainda Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, da Al Jazeera, além do jornalista freelance Mohammed al-Khalidi.
Após a declaração de Bono, possivelmente a mais criticada dentre a banda, segue somente as falas de Larry Mullen Jr., baterista. Para ele, "após os ataques de 7 de outubro, Israel e seus aliados pediram a total obliteração do Hamas, o que era esperado".

"Larry, me diz você o que o Hamas esperava? Bem, o que Israel esperava que acontecesse depois do bloqueio a Gaza desde 2007? Israel controla todas as fronteiras terrestres, o céu e o mar. Já bombardeou Gaza várias vezes e assassinou milhares desde 2007, sufocando a vida em Gaza!"

Pessoas não deixaram de se indignar, ao reiterar que a guerra israelense contra os palestinos de Gaza, bem como da totalidade dos territórios ocupados, antecede em muito os acontecimento de outubro de 2023. Usuários online questionaram ainda por que Larry Mullen sentiu tamanha necessidade em ressaltar este ponto de vista.
O sentimento geral foi de repúdio, com muitos dizendo que a banda, sobretudo Bono, seria uma "fraude", ao "se abster da política quando lhe convém".

"Eu não dou a mínima para porra nenhuma que o U2 tem a dizer sobre Gaza. Esses fantoches estão investindo em dinheiro sujo israelense desde o início. O Bono consegue "ficar fora da política" quando lhe convém, enquanto enche os bolsos. Ele é um impostor covarde e uma fraude".

Edge, guitarrista da banda, chegou a mencionar o plano do partido Likud, de Netanyahu, de conduzir limpeza étnica contra os palestinos na Cisjordânia e Gaza, para abrir caminho a sua "Grande Israel". Caso se confirme, afirmou a nota, "não é paz, é expropriação, limpeza étnica e — segundo muitos juristas e especialistas — genocídio colonial".
Usuários reconheceram que Edge foi o único a tratar aberta e diretamente das agressões israelenses contra os palestinos sob ocupação, que muitos países, bem como organizações e peritos internacionais, classificam como crime de guerra e contra a humanidade, incluindo genocídio.
Neste entremeio, mais de 62 mil palestinos foram mortos por Israel, além de dois milhões de desabrigados sob cerco e fome, desde outubro de 2023. As vítimas são, em maioria, mulheres e crianças.
Algumas pessoas reafirmaram crescer ouvindo U2, no entanto, disseram não conseguir mais escutar as músicas, por conta de um persistente e conveniente histórico de capitulação ou omissão frente a "imperialistas e criminosos de guerra".

terça-feira, 19 de agosto de 2025

A entrega de 'Zooropa' pelo U2 pegou a PolyGram de surpresa, pois eles não esperavam um novo álbum da banda por vários anos


Gravado em intervalos da turnê ZOOTV em suporte ao álbum 'Achtung Baby', o disco 'Zooropa' cumpriu a obrigação contratual do U2 com a Island Records e com a PolyGram, a multinacional que comprou a Island em 1989.
Embora o grupo estivesse livre para assinar um novo contrato em outro lugar, seu forte relacionamento com a gravadora e seu fundador Chris Blackwell levou a banda a permanecer com a Island/Polygram assinando um contrato de longo prazo de seis álbuns em junho de 1993. 
O Los Angeles Times estimou que o acordo renderia US$ 60 milhões para o U2, tornando-os o grupo de rock mais bem pago de todos os tempos.
Na época, o grupo estava ciente de várias tecnologias emergentes que potencialmente impactariam a entrega e transmissão de música aos consumidores nos anos seguintes. O autor Bill Flanagan especulou: "As lojas de discos podem se tornar obsoletas à medida que a música é entregue por cabo, fios telefônicos ou transmissões via satélite diretamente para as casas dos consumidores". 
Com a incerteza sobre o futuro dessas tecnologias e as implicações da fusão entre empresas de entretenimento e telecomunicações, a banda negociou com a Island que a divisão de seus lucros com os futuros sistemas de transmissão seria flexível e decidida em um momento oportuno. 
O U2 cogitou a ideia de lançar Zooropa como uma apresentação interativa de áudio e vídeo em vez dos formatos físicos convencionais, mas o prazo imposto pela Zoo TV Tour impediu a banda de concretizar essa ideia.
A entrega de 'Zooropa' pelo U2 no final de maio de 1993 pegou a PolyGram de surpresa, pois eles não esperavam um novo álbum do grupo por vários anos.
Com 'Achtung Baby', a PolyGram teve aproximadamente seis meses para comercializar o disco e planejar sua estratégia de lançamento, mas a conclusão repentina de 'Zooropa' exigiu um plano promocional mais apressado. 
O presidente/CEO da PolyGram, Rick Dobbis, explicou: "Para o último, nos preparamos por seis meses. Foi como uma maratona. Mas este é como uma corrida de velocidade, e esse é o espírito com que foi feito. A banda estava tão animada com isso, que correu para terminar o álbum antes da turnê. Queremos trazê-lo para as ruas com o mesmo espírito". 
O marketing da Island/PolyGram e do U2 para 'Zooropa' pretendia focar menos em singles e mais no disco como um todo, e, no final das contas, apenas três singles foram lançados, em comparação com os cinco singles de 'Achtung Baby'. 
O primeiro single, "Numb", foi lançado em junho de 1993 exclusivamente em VHS como um "Video Single".
'Zooropa' foi lançado em 5 de julho de 1993, durante a etapa Zooropa da Zoo TV Tour. Uma remessa inicial de 1,6 milhão de cópias foi disponibilizada nas lojas na época do lançamento.

Segredos Revelados: a versão ao vivo de "In God's Country" acelerada para o filme-concerto 'Rattle And Hum' do U2


Pelo músico, fã do U2 e colaborador Márcio Fernando:

Sempre achei a versão de "In God's Country", assim como "With Or Without You", "Pride" e "Exit" do filme 'Rattle And Hum', de alguma forma, diferente das outras versões da mesma turnê, mas eu nunca pesquisei sobre, até estes tempos.
Vamos falar de tempo de música e de afinação.
Cada música tem seu BPM (batidas por minuto), ou seja, quanto mais BPM, mais rápida ela é e vice versa.
Um padrão mundial foi definido para cada nota de música, A (Lá), B (Si), C (Dó), D (Ré), E (Mi), F (Fá) e G (Sol).
Quando uma nota está entre outras 2 notas (meio tom), como Lá (A) e Si (B), é chamado de Bemol ou sustenido, no caso a nota que está entre A e B pode ser chamada de 2 formas, A# (lá sustenido) ou Bb (Si bemol).
As notas Si (B) e Dó (C) não tem notas entre elas, são diretas, coladas uma na outra, sem bemol ou sustenido.
A afinação padrão de um instrumento é em E (Mi), mas muitas bandas fazem músicas com afinações diferentes em suas guitarras, baixos e teclados, baixando a afinação para as notas não ficarem tão altas e difíceis de cantar para o vocalista, e o U2 ao longo dos anos têm feito isso.
Nos anos 80, poucas bandas usavam metrônomo ao vivo, um clique repetido em loop para o baterista e/ou a banda não saírem do tempo quando tem um loop (som pré gravado) para tocar ao vivo. 
Nos anos 80 o U2 usava em "Bad", "Streets", "Unforgettable Fire", "One Tree Hill", dentre outras poucas.
"In God's Country" também era uma delas. O tempo da música definido no metrônomo e esse tempo não muda na turnê, já vi tocarem am outros tempos mais acelarados ou devagar, mas em turnês diferentes.
Mas em "In God's Country" do filme 'Rattle And Hum', ela está mais rápida e com meio tom acima das outras versões da mesma turnê em que estava sendo tocada, mas por quê?


Antigamente para lidar com o áudio, era um sistema analógico e o funcionamento é simples de entender:
Para quem teve toca-discos, se você colocasse o dedo em cima do disco e girasse para ele ficar mais rápido, a música ficava mais rápida e a voz mais 'fina' (aguda), certo?
Se você colocasse o dedo no disco e tentasse retardar ou desacelerar,  a música ficava mais lenta e a voz mais 'grossa' (grave).
Assim é o analógico e assim fizeram também com "In God's Country" do filme 'Rattle And Hum', deram uma acelerada nela.
Aqui no vídeo abaixo eu desacelero a música do jeito analógico, onde a música ficará mais lenta e a voz mais grave.


No vídeo abaixo, mostro como é nos dias de hoje, e num mundo digital, onde tudo é possível, inclusive desacelerar a música e manter o tom da música intacto.


Por que só no filme 'Rattle And Hum', as apresentações de "In God's Country", "With Or Without You", "Exit" e "Pride" são assim?
Acredito que Phil Joanou tomou essas decisões de 'ir com tudo' nessas músicas, como, subir a adrenalina de quem estava assistindo.
Nem no disco 'The Joshua Tree', Bono cantou "In God's Country" no tom padrão, 'E' no mesmo tom que está no filme de 'Rattle And Hum', mas bem mais acelerada, pois no disco a música tem 126 BPM e ao vivo do 'Rattle' tem 138 BPM.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Irish Examiner: a resposta de Bono a Gaza gerou reações ferozes, mas suas décadas de ativismo contra a Aids e a pobreza contam uma história mais complexa


Mick Clifford - Irish Examiner

Bono criticou duramente Gaza — mas será que seu silêncio foi, na verdade, uma escolha moral?
A resposta de Bono a Gaza gerou reações ferozes, mas suas décadas de ativismo contra a Aids e a pobreza contam uma história mais complexa.
Aqui está uma frase que provavelmente irá suscitar certo desprezo: Talvez Bono tenha o direito de ser um pouco mais tolerante.
Na semana passada, o cantor e seus companheiros de banda do U2 divulgaram declarações individuais sobre o genocídio em Gaza.
Uma banda de rock envelhecida se pronunciando coletivamente sobre tal assunto neste momento é altamente questionável. O fato de os quatro membros terem divulgado suas próprias declarações individuais beira o ridículo.
Apesar disso, a reação a Bono em particular tem sido extremamente negativa.
Nas redes sociais, os comentários sobre a declaração do cantor foram viscerais e, aqui e ali, até carregados de algum tipo de ódio.
Toda essa confusão falou muito, não apenas sobre a imagem de Bono em alguns setores deste país, mas também sobre como os comentários em torno do ataque a Gaza evoluíram.
Algumas questões precisam ser esclarecidas antes de darmos uma folga ao cantor. A primeira é que as únicas pessoas que importam em qualquer discussão sobre Gaza são aquelas que estão sendo assassinadas e mortas de fome nas ruínas criadas pelas Forças de Defesa de Israel.
A segunda questão digna de nota é que tudo pode acabar amanhã se os EUA — e não apenas Donald Trump — deixarem de fornecer os meios para perpetrar o genocídio.
Em décadas anteriores, em vários lugares do mundo, os EUA intervieram para impedir o massacre de inocentes. Aqui, estão permitindo esse massacre.
Isso nos traz de volta a Bono.
Independentemente do que se pense sobre o cantor, sua música ou suas reflexões, há um fato incontestável sobre o trabalho que ele realizou em relação à Aids, à fome e ao alívio da dívida nos países em desenvolvimento: um número incontável de pessoas que, de outra forma, estariam mortas, estão vivas hoje graças aos seus esforços.
Esse reconhecimento também se aplica a milhares de trabalhadores em campo ao redor do mundo, mas Bono traz uma habilidade e um status particulares ao seu trabalho.
Aqueles que se beneficiaram vivem nos postos avançados mais pobres da África e da Ásia e provavelmente estão tão preocupados em tentar sobreviver e sustentar suas famílias que não têm a mínima ideia de quem ele é. Mas suas vidas importam tanto quanto qualquer vida em Tel Aviv ou Gaza, na Irlanda ou nos EUA.
Houve críticas ao seu trabalho, particularmente no sentido de que ele representa um homem branco interferindo na vida de pessoas negras, tornando-as dependentes em vez de cuidar da própria vida. Muitas dessas críticas são embasadas por uma ideologia que dita ser preferível deixar as pessoas morrerem hoje para contribuir para alguma forma abstrata de justiça amanhã.
Sugerir, de alguma forma, que o trabalho e o foco de Bono foram criticados é inteiramente justificado.
Inferir que ele não deveria ter feito absolutamente nada nessa área é totalmente equivocado — para dizer da forma mais caridosa.
Quando ocorreu o massacre de israelenses inocentes pelo Hamas em 7 de outubro, o U2 estava se apresentando em Las Vegas. Na noite seguinte, durante "Pride", a música da banda sobre Martin Luther King, Bono reservou um momento para prestar homenagem "àquelas crianças lindas naquele festival de música". Foi uma intervenção apropriada e em consonância com o ethos de longa data da banda.
Meses depois, o vídeo circulou nas redes sociais. Àquela altura, a resposta desproporcional e assassina de Israel ao Hamas já estava em andamento.
A Faixa de Gaza estava sendo devastada, com inocentes mortos aos milhares. Qualquer simpatia inicial pelos israelenses estava sendo minada pelo bombardeio implacável de todo um povo, como se todos fossem coletivamente culpados pelos crimes do Hamas.
Nesse momento de crescente raiva contra o governo israelense e suas forças de defesa, o U2 — e Bono em particular — foi visto vendo tudo através das lentes do opressor.
Foi, como tantas outras coisas nas redes sociais, uma distorção grosseira e, provavelmente, altamente eficaz em seu objetivo.
Desde então, à medida que o genocídio se desenvolvia e a fome forçada começava a matar, o silêncio de Bono tem sido usado como um castigo para agredi-lo. A base dos motivos — principalmente a preocupação com seu dinheiro e sua fama — tem sido atribuída a ele como se o principal objetivo de sua vida fosse a aquisição material.
Foi divulgada a tão esperada declaração condenando Israel e, além disso, Bono escreveu um artigo de opinião para a revista Atlantic.
Em ambos, ele fez referência ao trabalho que vem realizando nos últimos 30 anos.
"Como cofundador da One Campaign, que combate a Aids e a pobreza extrema na África, senti que minha experiência deveria se concentrar nas catástrofes enfrentadas por esse trabalho e por essa parte do mundo", escreveu ele.
"A perda de vidas humanas no Sudão ou na Etiópia dificilmente chega aos noticiários. Só a guerra civil no Sudão é incompreensível, deixando 150.000 mortos e 2 milhões de pessoas enfrentando a fome".
Certamente ele tem razão.
Se for assim, seu silêncio até o momento faz todo o sentido. Junto com Bob Geldof, ele teve um papel crucial em fazer com que os EUA interviessem na crise da Aids e da dívida na África há 20 anos.
Isso fez a diferença na vida de africanos anônimos que vivem longe de qualquer foco da mídia.
Em janeiro passado, Trump começou a desmantelar a ajuda externa ao mundo em desenvolvimento, fechando a agência nacional, a USAid. Um estudo publicado na revista The Lancet em junho estimou que a USAid salvou 90 milhões de vidas nos últimos 20 anos.
A pesquisa também concluiu que, se a abordagem atual de ajuda do governo Trump continuar, 14 milhões de pessoas morrerão até 2030.
Diante de um cenário tão febril, Bono poderia muito bem ter concluído que seria melhor, para o bem do trabalho em que se envolveu, manter sua própria opinião em vez de irritar o governo Trump. O atual presidente dos EUA tem um histórico de atacar aqueles que o irritam ou que tem raiva dele, e haveria toda a possibilidade de que ele pudesse fazer o mesmo contra qualquer um dos projetos aos quais Bono se associou.
Qualquer intervenção de alto nível de sua parte não teria efeito sobre a facilitação do genocídio de Gaza pelos EUA, mas poderia muito bem ter tido repercussões na vida de outros que lutam contra os estragos da fome e da guerra.
Com base nisso, seu silêncio não foi apenas compreensível, mas também moralmente sensato.
A realidade é que a autoridade moral dos EUA no mundo em geral foi severamente prejudicada por uma combinação das políticas de Trump e da capitulação completa dos centros de poder do país a um criminoso de guerra como Benjamin Netanyahu. Todos os tipos de líderes em outros países, nos negócios, nas artes e no trabalho de desenvolvimento estão lutando para se adaptar à atual situação global.
Certamente parece que Bono teve algumas dificuldades nesse sentido. Para aqueles que se deleitam em retratá-lo como alguém que se preocupa apenas com seu próprio bem-estar, tais dificuldades tiveram muito pouco a ver com considerações pelos desprivilegiados.
Uma visão mais sutil poderia admitir que seu histórico sugere que ele tem tanta consciência social, se não muito mais, do que muitos de seus críticos.

sábado, 16 de agosto de 2025

Entertainment Weekly coloca 'Zooropa' do U2 como um dos 10 melhores álbuns dos anos 90


Entertainment Weekly

A década de 1990 foi marcada pela abundância de artistas e álbuns musicais diversos e marcantes da cultura pop.
A década marcou o surgimento do grunge (graças à inspiração fashion com jeans rasgados e camisas de flanelas, Pearl Jam, Nirvana, Smashing Pumpkins e Soundgarden). Ficamos impressionados com as divas que dominaram as rádios pop, incluindo Whitney, Mariah e Celine — a VH1 chegou a dedicar uma série de shows a elas.
A música country atingiu novos patamares e o mainstream — e Garth Brooks realizou o maior show já realizado no Central Park de Nova York, com um público estimado de um milhão de pessoas. E artistas de hip-hop e R&B, incluindo Biggie, Snoop, Dr. Dre e TLC, dominaram as rádios e a MTV (sem mencionar as manchetes, já que as batalhas de rap tomaram um rumo fatal).
Mas em uma década definida pelas vendas reais de álbuns, antes do Spotify e do Apple Music, quem a EW escolheu como o melhor álbum de cada ano dos anos 90? Relembre os LPs que os críticos musicais consideraram os melhores dos melhores.

1990: Sinead O'Connor — I Do Not Want What I Haven't Got

1991: Nirvana — Nevermind

1992: Sonic Youth — Dirty

1993: U2 — Zooropa

Você certamente fará um barulho metálico e dissonante quando estiver tropeçando no escuro e tateando em busca de uma direção. E se esses sons fossem gravados para a posteridade, poderiam se assemelhar a esse magnífico bipe e rangido que atravessa as cabeças da banda de arena mais introspectiva do pop. Com Bono controlando seu grito nas Falésias de Dover, 'Zooropa' reduz o lado apostólico do U2. Em seu lugar, há grunhidos eletrônicos, mantras e melodias que, à primeira audição, parecem inacabadas. Por baixo da superfície, porém, essas músicas sombrias e acidentadas se debruçam obsessivamente sobre a desconexão entre as pessoas — e, em grande parte, sobre o papel obscuro do rock & roll em um ano em que roqueiros clássicos e grungesters proporcionaram entretenimento em bailes inaugurais. Onde se encaixa o conceito de quatro homens com guitarras? E eles deveriam se dar ao trabalho? O U2 não responde a essas perguntas, mas sua tentativa de dar sentido ao seu lugar no pop e no mundo em geral é absolutamente heróica. — David Browne

1994: Beck — Mellow Gold

1995: Joan Osborne — Relish

1996: Various British Artists

1997: Radiohead — OK Computer

1998: Lauryn Hill — The Miseducation Of Lauryn Hill

1999: Robbie Williams — The Ego Has Landed

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

The Edge explica "4th Of July"


The Edge

"Sem que eu e Adam soubéssemos – estávamos tocando lá dentro, apenas improvisando um pouco – Brian Eno estava na sala ao lado gravando o que estávamos fazendo através de uma série de tratamentos que ele havia preparado para os vocais da música anterior. 
Ele achou tão bom que nem se deu ao trabalho de colocar em multi-track. Ele colocou direto em 1/4" e pronto, o produto final. Simplesmente cortamos uma seção de três minutos que achamos a melhor e a colocamos na frente do lado dois.
Não me lembro de todos os detalhes. Eu estava um pouco cansado de tocar instrumentos dedilhados comuns, então usei um bottleneck. Provavelmente estava trabalhando com um delay em triplets com o que o Adam estava tocando, e ele estava em uma fórmula de compasso bem incomum – algo como 13/8. O Adam acha 4/4 não só chato, mas extremamente difícil de manter. Ele se move nesses ritmos naturais que para todos os outros parecem totalmente estranhos e experimentais.
Tocando contra essa fórmula de compasso, comecei a trabalhar com o bottleneck e alguns harmônicos. Posso ter desafinado uma das cordas, mas é algo meio instintivo. Imediatamente quando o Adam começou a tocar sua linha, eu soube que havia algo ali com que poderíamos trabalhar. Tudo aconteceu naquela fração de segundo. É uma mistura de serendipidade e intuição".

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

The Edge explica o porquê o U2 queria fazer 'The Unforgettable Fire' o mais ao vivo possível


No ano de 1985, The Edge contou como eram criadas as backing tracks do U2:

"Para os três discos de estúdio anteriores a 'The Unforgettable Fire', trabalhamos com uma abordagem em camadas, porque as estruturas das músicas, em alguns casos, não eram fixas. 
Gravamos a bateria para manter, e o baixo também. Tentamos obter o máximo de isolamento possível e usar apenas as guitarras guia. 
No final das contas, se você precisasse perder tudo, exceto a bateria, isso era possível. Então, assumimos a parte do estúdio com o melhor som e tocamos cada instrumento por vez. Mas para 'The Unforgettable Fire', queríamos criar uma certa sensação que você sente falta com esse tipo de sobreposição. É intangível, talvez, mas quando você toca junto, você se inclina musicalmente um para o outro.
Em música puramente baseada em sentimento, tenho certeza de que isso seria muito mais evidente do que seria com o nosso material. 
Mas a vibe do que fizemos ao vivo meio que ofuscou o que tínhamos feito em disco. É por isso que queríamos fazer 'The Unforgettable Fire' o mais ao vivo possível. Então, alugamos alguns equipamentos móveis e fomos a um antigo castelo ao norte de Dublin para gravar todas as nossas faixas básicas. A maior parte do álbum tem takes ao vivo. Aliás, algumas músicas não tinham estrutura até começarmos a tocar; nós as improvisamos enquanto trabalhávamos. "Bad" é um exemplo"."

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Neil McCormick escreveu um livro com retrato afetuoso de um de seus colegas que mais tarde se tornaria a maior estrela de todos, Bono

Neil McCormick sabia desde cedo que estava destinado ao estrelato. Talvez esse tipo de ambição em jovens seja mais comum do que imaginamos. 
"Acho que a fama é a grande obsessão do nosso tempo. A TV é uma ferramenta poderosa, transmitindo sua mensagem ao coração da família. Desde o surgimento da mídia de massa, os jovens querem ter seus egos validados sendo reconhecidos por estranhos, tendo sua foto no jornal, aparecendo na TV. É quase como se não fôssemos reais até que isso aconteça. É vazio e sem sentido, mas é a obsessão do nosso tempo. É uma vergonha para mim agora, esse comportamento covarde de um jovem egoísta buscando a aprovação de estranhos. A única coisa que posso dizer a meu favor é que eu tinha foco na música: eu não estava preparado para fazer nada só para ser famoso, e essa é a única parte disso que me foi útil".
Certamente, a Mount Temple Comprehensive, em Dublin, teve sua parcela disso. Tornou-se famosa por ser o lugar onde Bono, The Edge, Larry Mullen e Adam Clayton estudaram, mas havia outros alunos igualmente fervorosos em sua busca por fama e fortuna. 
Um deles era Neil. Aos 16 anos, ele estava "otimista quanto ao seu futuro... Se algum viajante do tempo vindo do futuro tivesse me dito que um dia a Mount Temple se tornaria uma instituição lendária nos anais do show business irlandês, eu não teria ficado nem um pouco surpreso. E se tivessem me informado que, entre essa geração de estudantes, havia quatro indivíduos que se tornariam as exportações irlandesas mais famosas desde a Guinness? Ora, eu teria dado de ombros timidamente antes de olhar para meus colegas de escola para tentar descobrir quem eram os outros três.
Em 'I Was Bono's Doppelganger', Neil McCormick escreveu um livro muito engraçado sobre adolescência, ambição e fama, e um retrato afetuoso de um de seus colegas – que mais tarde se tornaria a maior estrela de todos, Bono.
"Eu queria escrever um bom livro, um que fosse divertido e fizesse as pessoas rirem. Eu tinha certas ideias e teorias que queria explorar. Queria que tivesse uma narrativa anti-heroica, então pensei bastante sobre quais incidentes incluir. Também queria que fosse sobre a fama no século XX e como ela é uma obsessão tão onipresente. E observar como tantos são chamados, mas tão poucos são escolhidos – qual o critério pelo qual alguns alcançam o estrelato? Por fim, eu queria incluir um retrato de Bono, talvez mais completo do que alguns que já vi, e incluir algumas das ideias sobre Deus e mitologia, assuntos sobre os quais conversei com Bono por mais de 25 anos. Espero que o resultado seja uma história engraçada sobre uma banda de rock and roll em declínio, mas também um pouco mais do que isso.
Ele fez coisas incríveis – usou a fama como um meio para um fim maior. As pessoas costumam me dizer: Não acredito que você estudou com o Bono. Geralmente, o que querem dizer é: Não acredito que o Bono já foi um garoto normal de 16 anos de idade! Mas o que eu penso é: Não acredito que estudei com um cara que realmente mudou o mundo! Sua campanha incessante pelo alívio da dívida tem sido eficaz, ele usou todos os seus recursos para fazer a diferença. Ele a levou de porta em porta, venceu a discussão e provocou mudanças reais e positivas. É uma conquista incrível, e há pouquíssimas pessoas no mundo que podem igualá-la.
No livro, escrevo sobre uma viagem a Roma com ele e como acabamos em uma boate – e lá estamos nós, cercados por garotas, champanhe e charutos – e, mesmo assim, ele continua falando sobre coisas importantes e debatendo para onde ir em seguida. Ele se dedica tanto a isso. Ele é incrivelmente bem informado e dedica tanta energia que se esgota, mas está sempre se preparando para a próxima batalha. Eu acho isso incrível e... coisa heróica que ele faz.
Parece que ninguém está satisfeito com sua vida! Mas não, não; eu realmente não acho que Bono queira ser Nelson Mandela – ele gosta de ser um astro do rock e encontrou maneiras de usar isso de forma positiva, para preencher sua vida e fazer a diferença. Ele sabe que está em uma posição única por causa de sua música. Há coisas que impulsionam Bono, ele é um indivíduo muito motivado, e essas coisas são forças bastante obscuras, emocional e psicologicamente. Se eu fosse ele, ficaria na cama até tarde; mas ele não conseguiu fazer isso".
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...